30 de abr. de 2016

“Para mim é um grito de liberdade”, diz homem com deficiência visual ao defender cães-guias




Quem esteve na avenida Paulista na última quarta-feira (27), em São Paulo, pode ter se deparado – e ficado encantado – com a “Cãominhada”, um ato simbólico que chama a atenção para a inclusão das pessoas com deficiência visual na sociedade e pede mais direitos e respeito à legislação que garante o livre acesso de cães-guias a estabelecimentos, meios de transporte e locais públicos.


Com nove cães-guias e seus respectivos condutores, o evento fez sucesso. Algumas pessoas chegavam a recusar, de cara fechada, os panfletos da manifestação, mas mudavam de humor ao ver os cães.


Só que para quem pensa que o grupo não tem motivo para protestar, o atual cenário brasileiro mostra que há razões sim. 


O país possui 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, 582 mil cegos e 6 milhões com baixa visão, de acordo com o Censo 2010 conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 


E dentro deste número, apenas 100 cães-guias servem à população que sofre com a deficiência visual, de acordo com o instituto IRIS (Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social), que organizou o evento.


O grande déficit se dá em parte por conta do custo e da dificuldade em se treinar o cão-guia. 


Segundo Thays Martinez, presidente da IRIS, a capacitação dos cães da instituição é feita em parceria com profissionais norte-americanos e, por conta disso, é um processo demorado. 


“A formação requer investimento, cuidados especiais e é um trabalho que só pode ser executado por profissionais especializados”, afirma.


A própria Thays tem deficiência visual e conta que a transformação que o cão-guia traz é impressionante. 


“O que um cão-guia promove na vida de um cego é incrível. Tanto que costumo dizer que divido minha vida em antes e depois do Boris, meu primeiro cão-guia. Eles nos permitem caminhar com muito mais segurança, liberdade e autonomia. Hoje, estou com meu segundo cão-guia, o Diesel, e não consigo me imaginar ficando sem o auxílio e a companhia desses seres iluminados”, explica.

União inexplicável



Aos 34 anos, Rafael Braz, instrutor no Senai-SP, é uma dessas pessoas com deficiência visual que contam com o auxílio de um cão-guia, no caso, o Ozzy, que tem 5 anos e 3 meses, mas está com ele há quase três anos. 


“Ele é mais do que meus olhos. É minha vida, meu companheiro, meu amigo, pai, filho. Ele é tudo.”, conta sem economizar nos elogios.


A relação deles mostra a importância do animal na vida de Rafael. “São dois que se formam um”, diz ele, explicando que o perfil do condutor, dono do cão, é muito compatível com a personalidade do animal. 


“Um depende do outro. Um precisa do outro para comer, para andar, etc. É o encaixe perfeito de uma necessidade em comum. Eu só tive a sensação do vento batendo em meu rosto, quando saí, livre, com o Ozzy. Um amigo para conversar na caminhada, não ficar solitário”.


E foi pensando no Ozzy que Rafael participou da “Cãominhada”.Para ele, é a população reivindicando os direitos de seus cães. 


“Para mim é um grito de liberdade. Um pedido de direito para os cães-guia. Ainda existem descriminação com o cão guia, eles precisam trabalhar em paz. Ainda há lugares em que o cão não pode entrar em paz, sem ser barrado, mas não deveria existir. Principalmente, táxis, ubers e ônibus”.

Campanha


Além da “Cãominhada”, a instituto IRIS também montou uma campanha de arrecadação online para ampliar o número de pessoas que precisam de cães-guias no país.


O projeto permitirá a doação de cães-guias a brasileiros cegos, além de custear o treinamento dos animais, que chega a R$ 35 mil por cachorro. 


Ambos precisam viajar para os Estados Unidos para um período de treinamento conjunto.


“São 26 dias de capacitação de condutores com os novos cães-guia, um treinamento que tem o objetivo de adaptar ambos a uma nova rotina. Nesse período, um instrutor brasileiro ministra aulas, em português, que incluem conhecimentos sobre cuidados diários com os cães, trajetos (em cidades e zona rural) e condução”, conta Thays.

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Campanha: Quanto vale o seu olhar?



Organizador: Instituto IRIS (Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social)

Causa:
Treinar e doar cães-guias para pessoas com deficiências visuais
 
Como contribuir: Doando a partir de R$ 20 pelo site da campanha no Kickante
 

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Mateus Solano dubla pessoas com deficiência intelectual





Mateus Solano foge ao perfil de Rubião em “Liberdade, Liberdade”, novela das 23h da Globo, e aproveitou seu sucesso e fama para fazer o bem.


Apesar da agenda lotada, o ator foi o locutor da campanha #IrProMundo, uma das ações em comemoração aos 55 anos da APAE de São Paulo, cujo objetivo principal é divulgar boa parte do trabalho da instituição, principalmente quando se trata do desenvolvimento de pessoas com deficiência intelectual.


Enquanto o artista fala seu texto, são mostradas, no vídeo, imagens dos vários ambientes da Organização completamente vazios, enquanto os indivíduos que recebem a assistência da APAE já estão inseridos nos diversos âmbitos da sociedade.


“Queríamos mostrar que, tal como cada um de nós, a pessoa com Deficiência Intelectual só será plena se puder conquistar seu espaço”, diz Cláudia Vassallo, CEO da CDI Comunicação Corporativa, uma das responsáveis pelo vídeo da campanha, que, aliás, já está no YouTube e nas redes sociais.


Confira abaixo:






Fontes: O Fuxico / Vida Mais Livre



28 de abr. de 2016

Braille Bricks: a acessibilidade na educação infantil



A alfabetização é um dos momentos mais importantes na vida das crianças. Há muitos desafios no processo, e eles aumentam quando há uma deficiência visual – de nascença ou desenvolvida – no caminho.


Pensando nisso, a Fundação Dorina Nowill Para Cegos Site externo anunciou um projeto para  auxiliar na alfabetização dessas crianças serem: blocos de montar, no maior estilo Lego, mas em Braile.


Em conjunto com a agência Lew’Lara\TBWA, a Fundação lançou a campanha Braille Bricks que transforma os blocos de montar em um alfabeto completo em braille. 


A ferramenta busca estimular a criatividade e auxiliar na alfabetização de crianças com deficiência visual.


O brinquedo já está em uso por cerca de 300 crianças na Fundação Dorina Nowill, e em outras instituições. 


Mas há também o desafio comercial: convencer os fabricantes de brinquedos a produzirem os blocos para crianças do mundo inteiro com a campanha #BrailleBricksForAll.


Para apoiar, basta acessar o site do projeto e enviar sua mensagem pelas redes sociais. 


Você também pode acompanhar todas as novidades sobre o assunto através do Twitter e do Facebook da campanha.


 

Pai vira herói ao ajudar filho com deficiência a jogar futebol

Três imagens diferentes mostram o pai em pé, com o filho preso ao seu corpo e sorrindo.


Um pai mostrou a maneira prática que encontrou para que seu filho, que sofre de uma deficiência que o impede andar, conseguisse jogar futebol. Ele ‘amarrou’ o garoto ao seu corpo e a atitude conquistou corações na internet.


A filmagem foi postada pelo usuário do site Imgur vitoparry’, com a legenda “‘DADingLevel Raised, yet again” – algo parecido com “O nível de PAIzice subiu mais uma vez”. 


O clipe, filmado pela família em Portugal, já foi visto mais de 2,8 milhões de vezes, e o pai foi muito elogiado nos comentários. 


A alegria no rosto da criança não tem preço”, disse um usuário. “Essa criança é tão sortuda por ter um pai assim”, comentou outro.


O aparelho utilizado se chama ‘Upsee’, e é comercializado por 295 libras (R$ 1.525). Ele inclui um cinto e os equipamentos para ‘acoplar’ a criança.



Confira o vídeo original: http://imgur.com/gallery/apd8YzD






Exposição CAOS ON CANVAS II traz obras de cegos



A Laramara (Associação Brasileira à Pessoa com Deficiência Visual) promove exposição sobre o universo do surf que conta com duas obras artistas cegos. A mostra CAOS ON CANVAS II acontece de 29 de abril a 6 de maio, no Hotel Unique, em São Paulo.



Com curadoria de Didu Losso, a exibição das obras integra projeto de intervenção em fotografia, promovendo a disruptura da arte por meio de uma forma diversificada de estilos, exercitando um novo olhar de seus expectadores, com 33 quadros.


A temática aborda um novo olhar sobre o surf, modalidade esportiva que conquista cada vez mais fãs no Brasil graças ao sucesso dos atletas nacionais no circuito mundial. Dois dos quadros foram pintados a partir de imagens selecionadas do fotógrafo Ricardo Borghi.


Cada obra une cor e textura à sensibilidade dos artistas com deficiência visual, além de ter o objetivo de promover a inclusão social em exposições de arte. 


Na obra “Jaqueira,” os pintores criaram a paisagem com tons de ocre, vermelho, amarelo e pontilhados em diversas tonalidades de marrom. 


Já o quadro “Profundo Olhar” ganhou intervenção por meio de colagens e pintura para retratar o fundo dos oceanos onde existem grandes ilhas de lixo que os olhos não veem.


A mostra CAOS ON CANVAS II, que possui 33 quadros e contou com a colaboração de Adriano Ricardi, Alê Jordão, Rene Machado, Revolue, Sarah Chofakian, Tim Armstrong e Tul Jutargate. 


Em maio, a iniciativa também chega em Los Angeles, EUA, na Galeria Vinícius de Moraes, em parceria com o Consulado Geral do Brasil


Todas as obras estarão eternizadas em um livro homônimo ao da exposição, à venda na ocasião da abertura e também no site do projeto. Após o período, a publicação chega às livrarias do país.



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Exposição CAOS ON CANVAS

 

Quando: de 29 de abril a 6 de maio de 2

Horário: das 10h às 17h
 
Onde: Lobby do Hotel Unique

Endereço: Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 4.700, Cerqueira Cesar, São Paulo – SP  

Quanto: entrada gratuita  

Obs.: a classificação indicativa é de 14 anos (desacompanhados). Menores que 14 anos, somente acompanhados dos pais ou responsáveis


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Fonte: Vida Mais Livre



26 de abr. de 2016

Educação Inclusiva é o tema do próximo Debate Aberto




28 de abril é o Dia Mundial da Educação. A data marca a realização do Fórum Mundial de Educação, no ano 2000, na cidade de Dakar, no Senegal. 


Na ocasião, representantes de 180 países se comprometeram a não poupar esforços para garantir o direito de todas e todos a um ensino de qualidade. 


Para comemorar a data, na próxima quinta-feira (28/04), às 19h, o site do projeto Diversidade na Rua da Mercur realizará um debate online sobre a Educação Inclusiva nas escolas.


Um dos pontos centrais do debate é desmistificar se é possível atender um estudante com deficiência na escola regular. 


Desde 2011, o projeto DIVERSA tem viajado para diferentes regiões do mundo para pesquisar escolas que atendem com qualidade crianças e adolescentes com deficiência em salas de aulas comuns. 


Além disso, a plataforma desenvolvida pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM) recebe relatos de educadores que oferecem respostas positivas a essa questão. 


O objetivo do projeto é transformar essas práticas em fonte de referências para pessoas comprometidas com o desafio da educação inclusiva.


A conversa será comandada pelo superintendente do IRM, Rodrigo Hübner Mendes. Rodrigo é graduado em Administração de Empresas e mestre em Gestão da Diversidade Humana pela Fundação Getúlio Vargas, onde atua como professor. 


“Temas complexos, como a educação inclusiva, requerem espaços que estimulem e valorizem o diálogo entre as diversas esferas sociais envolvidas com o tema”, destaca o superintendente.


Por ser aberto ao público, qualquer pessoa que tenha interesse no tema pode participar do Debate Aberto acessando o site (www.diversidadenarua.cc/debate). 


O formato é como o de um fórum: as questões são lançadas pelos participantes e todas as respostas podem ser replicadas. Para interagir é preciso fazer um cadastro rápido e simples. 


Sobre Rodrigo Hübner Mendes e o IRM:



Rodrigo foi aluno do curso de Liderança e Políticas Públicas para o século XXI na Kennedy School of Government, em Harvard e é membro do Young Global Leaders (World Economic Forum) e empreendedor social Ashoka.


Desde 2004, dirige o Instituto Rodrigo Mendes (IRM), organização sem fins lucrativos fundada por ele em 1994. 


O Instituto desenvolve programas de pesquisa, formação continuada e controle social na área da educação inclusiva


O objetivo da organização é contribuir com a transformação do sistema público de ensino brasileiro em um modelo inclusivo, capaz de acolher a diversidade humana em sua plenitude.


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Instituto Rodrigo Mendes na Web:


Site : www.rm.org.br
 
Twitter: @projetodiversa
 


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Pernambuco ganha primeiro laboratório para treinamento de cão-guia

 



Começou a funcionar na Região Metropolitana do Recife, nesta segunda-feira (25/04), o primeiro laboratório de treinamento de cães-guia em todo o país


Localizado no Kennel Club de Pernambuco, no município de Paulista, o espaço é inaugurado no Dia Internacional do Cão-Guia e tem como objetivo potencializar o treinamento de animais que ajudam a promover a inclusão social e a mobilidade de pessoas com deficiência visual.

O Laboratório Acessível para Formação de Cão-Guia conta com semáforos de veículos e pedestres, lixeiras, rampas, meio-fio, orelhões, placas indicativas, árvores, calçadas, piso tátil, declives e demais obstáculos que dificultam a mobilidade de cegos em ruas e calçadas. 


“Como é um espaço que reproduz as dificuldades encontradas no espaço urbano, o laboratório facilita e potencializa o treinamento, pois reunimos as situações mais usuais para testar o cão-guia”, destaca o presidente do Kennel Club de Pernambuco, Luiz Alexandre.

Geralmente das raças Golden Retriever ou Labrador Retriever, os cães são selecionados ainda na ninhada através de técnicas de avaliação de comportamento, como em situações de ruídos intensos, por exemplo. 


O treinamento, que dura dois anos, começa entre o cão-guia e seu treinador, que o ensina a desviar de obstáculos e obedecer comandos de voz. Nos últimos três meses, a pessoa com deficiência visual que receberá o cão participa da formação junto com o animal.


“O laboratório vai avaliar constantemente o comportamento do cão-guia diante dos elementos urbanos que vai enfrentar ao se deslocar com o seu acompanhante. O treinamento com ele é importante para que o animal se acostume à voz da pessoa com quem vai conviver durante os próximos oito anos. Isso é essencial porque o cão é um animal de matilha e precisa ter uma liderança”, ressalta Luiz Alexandre.

Situado na única entidade das regiões Norte e Nordeste a formar cães-guias, o laboratório foi construído com recursos privados, a partir do financiamento realizado por parceiros como a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). 


“No Brasil todo, existem apenas 100 cães-guias, sendo entregues, em média, cinco deles por ano. Atualmente, há em Pernambuco sete cães-guias e nosso laboratório tem condições de entregar até cinco cães-guias treinados por ano. Agora em 2016 entregaremos dois”, explica Luiz Alexandre.

Os dois cães-guias treinados atualmente no espaço serão doados ainda neste ano a duas pessoas com deficiência visual que foram selecionadas pelo projeto. 


Para se inscrever, é necessário entrar em contato com o Kennel Club de Pernambuco através do número (81) 3438-5015. O endereço do local é a BR-101, Km 15,5, no bairro de Jardim Paulista.



Fonte: G1 / Vida Mais Livre


25 de abr. de 2016

Mitos na hora de contratar pessoas com deficiência




Contratar e integrar pessoas com deficiência ainda é uma grande dificuldade na maioria das empresas. Dessa forma, muitas acabam perdendo oportunidades de gerar receita e melhorar a eficiência.


Mesmo com as cotas que obrigam a contratação, esse é um dos públicos menos engajados nas companhias, segundo a consultoria Santo Caos.


“Se a empresa conseguir integrar essas pessoas, elas serão mais produtivas e pró-ativas, gerando lucro”, afirma Guilherme Françolin, sócio da consultoria.


Em uma pesquisa com 461 entrevistados e mais de 40 horas de filmagens, a consultoria conversou tanto com esse público quanto com gestores e pessoas de recursos humanos e levantou 6 mitos sobre a contratação de pessoas com deficiência.


1 – Falta gente



Empresas com mais de mil funcionários precisam ter 5% do quadro de funcionários preenchido com pessoas com deficiência. No entanto, apenas 8% das companhias brasileiras cumprem essa meta.


Em alguns casos, gestores imaginam que não há pessoas com deficiência o suficiente para cumprir as cotas previstas por lei.


No entanto, há 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, ou cerca de 23,9% da população total, segundo o IBGE. Desses, 66% são pessoas economicamente ativas e 21% têm ensino médio completo.


A cota abarcaria apenas 2% de todas as pessoas com deficiência no país. Mesmo assim, ela não é preenchida: apenas 1% de todo esse público é contratado pela cota.


2 – Qualificação



Em segundo lugar, há uma crença de que essas pessoas não seriam qualificadas o suficiente para preencher os requisitos.


No entanto, segundo a consultoria, uma em cada quatro pessoas têm ensino médio completo


7% têm ainda superior completono resto da população, essa faixa é de 10%. Além disso, muitas pessoas adquirem deficiências no decorrer da vida, já formadas.


"Por causa desse engano, a pessoa com deficiência às vezes é contratada apenas para cumprir a cota”, diz Françolin.


Ele explica que muitas vezes essa pessoa não tem um cargo, funções ou tarefas definidas, ficando desmotivada. 


Dessa forma, ela acaba saindo da empresa – o turn over, troca de emprego em um ano, desse público é de 90%.


3 – Preferem os benefícios



Acredita-se, também, que há pessoas com deficiência que prefiram receber o benefício do governo a trabalhar, por isso seria difícil contratá-las. Contudo, apenas 3,2% recebe essa bolsa.


Além de enfrentar burocracia para garantir o benefício, o valor recebido é baixo e não paga todas as despesas.


4 – Custa caro



De acordo com a consultoria, muitos gestores deixam de contratar pessoas com esse perfil porque acreditam que os custos para tornar o ambiente acessível seriam muito altos. Essa preocupação acaba se tornando mais um obstáculo para a inclusão.


Porém, segundo o diretor, as equipes de recursos humanos deveriam dar mais foco a integração de pessoas com deficiência, para que elas se sintam parte da empresa.


“A maior dificuldade para essas pessoas é o preconceito, não a falta de acessibilidade. Elas já vivem todo dia em um mundo que não é acessível e conseguem se virar”, afirma Françolin.


5 – Não há vantagens


Algumas empresas percebem apenas os custos atrelados às contratações, sem enxergar as melhorias que a inclusão poderia trazer.


"O primeiro benefício é bem perceptível no bolso.A multa para o não cumprimento da cota é bastante alta. Porém, as empresas não são fiscalizadas porque essa política é recente. Elas só vão pensar nessa questão com mais afinco quando doer no bolso”, diz o diretor.


Há vantagens menos visíveis sobre a inclusão desse grupo.


“As pessoas com deficiência são um quarto da população. Se você as ignora na sua equipe, também vai ignorar um quarto dos seus clientes potenciais”, diz o diretor da consultoria.


Além disso, ao tornar o ambiente na empresa mais inclusivo, os funcionários passam a participar mais, sugerindo ideias inovadoras e mudando processos antigos, afirma a consultoria.


6 – Produtividade



Por fim, outro mito mencionado pelos entrevistados foi que essas pessoas teriam dificuldades de exercerem suas funções.


Segundo a pesquisa, a opinião dos gestores mudou depois de trabalhar com pessoas com deficiência. Eles acreditam que esse público produz até mais que uma pessoa sem esse tipo de obstáculo.


“Essas pessoas querem provar para si mesmas que elas conseguem dar conta das tarefas e vencer os desafios que lhe são impostos”, diz Françolin.



 
 
 

22 de abr. de 2016

Pai cria app para filha com paralisia cerebral se comunicar

 



Publicada pela Folha de S. Paulo, a reportagem de Patrícia Pamplona conta a história de Carlos Pereira, analista de sistemas que desenvolveu um app voltado às pessoas com deficiência.


Graças ao conhecimento em programação, Pereira conseguiu desenvolver instrumento que permitiu a sua filha Clara, com paralisia cerebral, comunicar-se. 


Mais do que isso, ele também busca a disseminação da ferramenta para uso de pessoas com outros tipos de deficiência. 

 

Confira o texto completo abaixo:



O analista de sistemas Carlos Pereira, 37, trabalhava com informática até sua vida sofrer uma reviravolta. 


A alegria do nascimento da filha veio acompanhada de um desafio a mais: por causa de um erro médico durante o parto, Clara veio ao mundo com paralisia cerebral.


A partir daí, o que poderia ser uma história triste virou superação. “Quando a pessoa enfrenta o luto, uma grande perda, ela percorre alguns passos. O primeiro é negação, depois raiva e termina com aceitação. Passamos por essas fases também”, conta Pereira.


“Foi quando criei o Livox”, conta Pereira sobre o aplicativo para tablete criado por ele para ser “o melhor do mundo”.


O reconhecimento veio com prêmios do BID, da ONU e, mais recentemente, ganhou quase R$ 2 milhões do Desafio de Impacto Social do Google para pessoas com deficiência.


Carlos sabia que seu aplicativo teria tamanho efeito, somando 15 mil usuários e 25 idiomas, desde que o criou, pois sua maior inspiração estava dentro de casa.


“Essas pessoas com deficiência na fala são prisioneiras em seus próprios corpos. Às vezes, não conseguem andar, usar as mãos, mas entendem tudo que se passa ao seu redor.”


Como braço da empresa, há um ano o analista de sistema criou a Inclusion Without Borders, para poder distribuir licenças do aplicativo e tablets para pessoas que precisam, mas não têm como pagar pela tecnologia.


Leia seu depoimento à Folha:


Trabalhava com informática para grandes empresas. No nascimento da Clara, ocorreu um erro médico durante o parto e faltou oxigenação, o que causou uma paralisia cerebral.


Saber do diagnóstico, realmente, não foi fácil. Nem sabia o que era paralisia cerebral antes da minha filha nascer.


Quando a pessoa enfrenta o luto, uma grande perda, ela percorre alguns passos. O primeiro é negação, depois raiva e termina com aceitação. Passamos por essas fases também.


Ela não anda e não fala, embora tenha a inteligência de uma criança da idade dela, de oito anos.


Depois do nascimento dela, a mudança foi radical. Mudou minha profissão, minhas prioridades. A gente saiu fazendo de tudo para tentar melhorar a qualidade dela.


Adaptamos o banheiro, compramos um carro em que coubesse uma cadeira de rodas. Nosso cotidiano é totalmente adaptado para a realidade dela.


Em 2011, investidores estrangeiros entraram em contato comigo e consegui trazer para o Recife uma clínica de reabilitação, com fonoaudiólogos.


Um ano depois, vi que minha filha queria se comunicar. Falei que ia fazer alguma coisa em relação a isso. Foi quando eu criei o Livox.


Quando estava desenvolvendo o aplicativo, falei que não ia fazer só mais um software de comunicação alternativa, mas sim o melhor do mundo.


O que torna ele único são os algoritmos de inteligência que fazem o aplicativo se ajustar de acordo com a deficiência da pessoa. Não importa se é motora, cognitiva, visual, ele se adapta.


Antes, a Clara se comunicava por gestos, figuras. Eu imprimia algumas coisas para ela apontar com a mão o que queria. 


Na sala de aula, ficava excluída. Simplesmente pelo fato de não se comunicar, as outras crianças também não tinham interesse em interagir com ela.


Essas pessoas com deficiência na fala são prisioneiras em seus próprios corpos. Às vezes, não conseguem andar, usar as mãos, mas entendem tudo que se passa ao seu redor.


É muito complicado. Vejo isso diariamente com minha filha. Infelizmente, a gente não conhece as necessidades das pessoas com deficiência. 


Tem muitos que olham para a Clara e se referem como ‘a doida’, acham que tem uma deficiência mental e até falam isso perto dela.


Hoje em dia, não quer dizer que não fique mais triste com isso, mas tem que se andar para frente. 


O Brasil tem uma legislação de primeiro mundo para pessoas com deficiência, mas condições africanas.


Fui conversar com a diretora de um colégio sobre a lei de inclusão, que já existia há muito tempo. Hoje em dia, não incluir pessoas com deficiência em escola é crime.


A diretora falou que a lei era nova e expliquei que não, que já é antiga, o que diferencia agora é que, se a pessoa com deficiência não for incluída, isso é um crime. Ela disse que isso era uma palavra muito forte. Mas não sou eu que estou falando, está na lei.


Foi quando ela me disse algo muito interessante: ‘Vamos ver se essa lei vai pegar’. Respondi que lei não é gripe para pegar ou não. Lei se cumpre.


Na minha opinião, o maior problema da realidade das pessoas com deficiência no Brasil, além da questão de preconceito por falta de educação, são essas leis que culturalmente não se respeita.


Mudanças



O impacto do Livox, no caso da minha filha, foi gigantesco. Ela conseguiu se alfabetizar, interagir com os colegas na escola. Não tem mais aquele conceito de coitadinha. Ela brinca, conversa.



A ferramenta ajudou as pessoas de fora a verem que minha filha tem potencial, que ali mora uma pessoa. Hoje em dia meus pais, que já são bem de idade, conversam com minha filha por meio do software, interagem com ela.


As pessoas perguntam: ‘Você sabia que ia ter esse impacto todo na vida dessas pessoas?’ Digo que sim, porque desde o começo eu via o resultado na vida da minha filha.


Depois do Livox, descobri muita coisa sobre ela. Uma vez, estava assistindo a um programa sobre dinossauros. Não achei que ela estava prestando atenção, mas ela assistiu e sabia tudo, que estavam extintos.


Descobri as preferências de comida também. Soube que ela não gosta de mamão, mas gosta de hambúrguer.


Ela escreveu uma história publicada em um livro, com textos de crianças de seis e sete anos. 


Era uma tarefa da escola e ela também tinha que escrever, mas como? Com o Livox, a Clara escreveu letra por letra a história “A Boneca”. É curtinha, mas começa: ‘Eu sou a boneca que sabe falar e escrever’.


A Clara gosta muito de brincar, como toda criança. Comprei uma bola e um tipo de roupa que eu visto e amarro ela em mim. Cada passada que eu dou, ela dá também. É legal porque ela fica em pé. Domingo de manhã, fica louca, é a primeira coisa que quer fazer.


Quero continuar fazendo minha parte com relação à tecnologia. Estou desenvolvendo uma nova, com a ajuda do Google. Isso vai fazer com que ela se comunique de 10 a 20 vezes mais rápido.



O conceito de inclusão é fornecer condições iguais para pessoas diferentes. É isso que vou fazer. Dar oportunidade para ela viver uma vida mais significativa, para ela poder competir igual aos outros. Ela já falou que quer ser veterinária.