O aplicativo Bus Alert, que informa por áudio a distância e os horários dos transporte coletivo, será testado em três ônibus da linha Norte/Sul de Joinville.
A ferramenta foi apresentada na 4ª Caminhada Cívica da Acessibilidade na manhã de nesta terça-feira, na rua Santa Catarina, no bairro Floresta.
O objetivo foi chamar a atenção das autoridades sobre as dificuldades
que as pessoas com deficiência enfrentam por causa das irregularidades
das calçadas e falar sobre a importância da implantação do aplicativo no
transporte coletivo.
O Bus Alert irá beneficiar, principalmente, pessoas cegas ou com dificuldade de locomoção,
mas será útil para toda a população.
O aplicativo permite que os
usuários consultem a distância em que o ônibus se encontra do ponto em
que ele está, ao informar o número da linha que deseja pegar.
O sistema
foi testado pelo presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa
com Deficiência (Comde), Paulo Sérgio Suldoski, no Terminal Sul.
Ele já tinha feito o download no celular e digitou o número da linha
Norte/Sul. Como é cego, o aplicativo informou, por áudio, quanto tempo
faltava para o ônibus parar no ponto dele.
A grande novidade é que
quando o ônibus parou na plataforma em que estava, o motorista chamou
Paulo pelo nome. Isso ocorreu porque o Bus Alert também contempla um
aparelho no veículo, que informa quando há um usuário com deficiência
esperando.
— Esta ferramenta irá humanizar o transporte coletivo e será uma
revolução para as pessoas cegas ou cadeirantes que dependem dos ônibus —
destaca Paulo.
Para o especialista em acessibilidade e assessor do Comde, Mario Cezar
da Silveira, a ferramenta é de fundamental importância para os usuários.
Além disso, destaca a importância de se rever a falta de acessibilidade
das calçadas, pois 23% da população de Joinville têm algum tipo de
perda funcional.
O objetivo do Comde é de que o aplicativo seja
implantado no transporte coletivo de Joinville na licitação ou na
prorrogação do contrato do serviço.
Seis vereadores e representantes de instituições públicas da cidade
também fizeram o trajeto que pessoas cegas costumam fazer ao sair do
Terminal Sul até chegar à sede da Associação Joinvilense para Integração
do Deficiente Visual (Ajidev).
Eles participaram da caminhada usando ou
empurrando uma cadeira de rodas, com muletas, de olhos vendados e
guiados por cegos e com pesos nas pernas para simular a perda muscular
dos idosos.
Cadeirante tomba no percurso
Durante a caminhada na rua Santa Catarina, uma cadeirante se
desequilibrou e caiu ao descer a rampa de uma calçada. Por causa da
inclinação, bastante acentuada, Clarice do Carmo Freitas, 37 anos,
tombou em cima de uma boca de lobo. Apesar do susto, não se machucou.
— Se a gente não pedir ajuda, não tem como descer das calçadas. A minha
coluna já está prejudicada por causa da falta de acessibilidade das
calçadas e ruas de Joinville — reclama.
Clarice contou com a ajuda de amigos para se levantar e continuar o
percurso.
Ela ficou paraplégica há 14 anos, em um acidente de trabalho.
Hoje, Clarice tem uma rotina com várias atividades. Superou a depressão
por meio do esporte e agora é bailarina, cursa faculdade de dança e é
professora.