A locomoção de pessoas com deficiência visual ou baixa visão foi
reduzida nos pisos táteis de Belo Horizonte por conta de
irregularidades.
As guias, diferenciadas por cor em destaque e textura
distinta, foram instaladas de forma irregular em pelo menos três locais
na Região Centro-Sul da capital mineira. Ao invés de orientar, há placas
de sinalização, bancas de jornal e árvores no caminho.
Na Rua Dias Adorno, 347, no bairro Santo Agostinho, o deficiente que
precisar se orientar para andar pelo piso tátil colocado em frente ao
Ministério Público de Minas Gerais corre grande risco de se chocar em
uma placa de sinalização de “carga e descarga”, e também de cair dentro
do canteiro de duas árvores que estão plantadas no passeio.
Na Avenida do Contorno, 8.000, no bairro Lourdes, próximo à
trincheira da Avenida Raja Gabaglia, o piso tátil leva o deficiente a
uma banca de jornal, onde a condução é interrompida. A pessoa que tentar
se orientar vai dar de cara, literalmente, com a banca.
Perto dali, na Rua Curitiba, 2.081, também no Lourdes, o piso tátil
encaminha o deficiente para dentro do canteiro de uma árvore frondosa.
Regras
De acordo com a professora do curso de arquitetura e urbanismo do
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) Taís Tavares
Mascarenhas, a questão da acessibilidade é estabelecida pela norma
brasileira (NBR) 9050/2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), que estabelece critérios e parâmetros técnicos aplicáveis a
projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade, e que
passou por uma revisão em 2015.
Taís explica que existem dois tipos de pisos táteis: o de alerta, com
bolinhas, e o de sentido, com barrinhas sequenciais. A arquiteta disse
que eles não são somente usados em espaços públicos e abertos, mas
também em edificações fechadas como agências bancárias.
“Nas calçadas devem existir sempre quando não tem uma guia onde a pessoa possa pôr a mão, mas existe uma padronização de calçadas para regulamentar o desenho urbano”, explicou a urbanista.
No caso do piso tátil no trecho mostrado pela reportagem na Avenida
do Contorno, Taís disse que 40 centímetros antes de o piso chegar à
banca, é preciso que um desvio com piso de alerta estivesse no local
para orientar o deficiente.
Já nas ruas Dias Adorno e Curitiba como têm calçada portuguesa e
ficam dentro do perímetro da Avenida do Contorno, os passeios são
considerados patrimônios porque são originários desde a criação de Belo
Horizonte.
Contudo, Taís ressaltou que a segurança das pessoas nas
calçadas, independentemente se deficientes ou não, tem que ser
garantida.
“Quando tem calçada portuguesa existe um conflito de preservação. Por isso, o piso tátil é colocado próximo ao meio-fio e isso pode coincidir com o mobiliário urbano como bancas de jornal, placas de sinalização, postes, pontos de ônibus”.
Segundo a arquiteta, o poder público tenta
resolver como garantir a história da cidade, sem descaracterizá-la.
Prefeitura
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, por meio da Regional
Centro-Sul, que a fiscalização constatou as irregularidades no local e
que está averiguando quem são os responsáveis e que eles deverão
regularizar o passeio no prazo de 30 dias após a notificação.
Segundo a nota encaminhada pela administração municipal, a princípio,
constatou-se que o poste e a banca foram instalados após a sinalização
tátil, sem que as readequações necessárias fossem feitas.
Ainda de acordo com o comunicado, bancas de revistas, postes de
sinalização e quadrados ecológicos precisam ser contornados pela
sinalização tátil conforme o padrão de cada via.
Fonte: G1 / Vida Mais Livre
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