A Ford do Brasil recebeu nova multa, desta vez de R$ 4 milhões, em razão do processo de contratação irregular de 280 funcionários, supostamente deficientes, na unidade de Tatuí (SP).
Em fevereiro, a empresa já havia sido multada em R$ 400 milhões pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15.ª Região.
Outra penalidade, no mesmo valor, foi aplicada à Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape).
Ambas ainda podem ter de pagar indenização superior a R$ 4 milhões cada uma caso entrem com recursos contra a decisão.
Após a sentença que estabeleceu a primeira multa, a Ford entrou com
embargo de declaração pedindo explicações de pontos que considerava
obscuros na decisão do juiz Marcus Menezes Barberino.
O juiz entendeu
que houve má-fé por parte da montadora ao questionar pontos que estariam
claros na sentença. Também que houve intenção da Ford de protelar o
andamento do processo. Além de não acatar o embargo, ele determinou a
multa extra em decisão publicada no dia 24 de maio.
Barberino teve interpretação similar ao julgar o embargo apresentado
pela Avape, também multada em R$ 4 milhões no último dia 3, conforme
consta do processo do TRT.
O representante da Ford foi procurado ontem, mas não comentou o
assunto. A montadora tem fábricas de veículos em São Bernardo do Campo
(SP) e em Camaçari (BA) e unidade de motores em Taubaté (SP).
A Avape, por meio de uma nota, informou que "considera controversa as
últimas decisões judiciais envolvendo o referido processo, e que tal
posicionamento consta em recurso apresentado ao Tribunal Regional do
Trabalho; recurso este que a instituição espera que seja acolhido pelo
TRT."
A multa inicial de R$ 400 milhões foi aplicada após conclusão da
Justiça de que a Ford contratou irregularmente funcionários
terceirizados, supostamente deficientes, para a filial de Tatuí, onde
mantém um centro de desenvolvimento e pista de teste de automóveis.
Benefícios: A Avape, responsável pelos serviços de terceirização da
montadora, era beneficiada com isenção de tributos federais por ter como
atividade a inserção no mercado de pessoas deficientes. Contudo, nenhum
dos funcionários do grupo que trabalhava na Ford tinha necessidades
especiais.
A denúncia das contratações irregulares foi feita pelo Ministério Público do Trabalho de Tatuí em 2011.
A decisão da Justiça também estabelecia a recontratação, de forma
direta, dos 280 funcionários antes terceirizados e que foram afastados
no início da ação. Como o processo está em andamento, não há informações
se a montadora já os recontratou.
Ao usar esse tipo de mão de obra terceirizada, a Ford estava isenta de
recolher direitos trabalhistas previdenciários e, segundo o Ministério
Público, agiu de má-fé, além de pagar salário inferior ao dos
contratados diretos, disse na época o procurador Bruno Ament. Eles
trabalhavam como montadores, mecânicos e motoristas de testes.
A sentença do juiz Barberino estabelece que o valor da multa (agora de
R$ 408 milhões somando Ford e Avape) seja revertido à comunidade de
Tatuí para ser aplicado em políticas de inserção de pessoas com
deficiência, ao Fundo Estadual de Direitos Difusos e ao Fundo Nacional
de Promoção aos Direitos Difusos e Coletivos.
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