26 de out. de 2016

Procura-se profissionais para cuidar de pacientes com paralisia cerebral



A Paralisia Cerebral (PC) é uma doença pouco conhecida pela população brasileira, sendo resultado de uma lesão no sistema nervoso central em desenvolvimento, que pode ocorrer intra-útero, durante o parto ou nos dois a três primeiros anos de vida. 


O termo PC traz uma falsa impressão de que o cérebro está paralisado, que não haverá nenhum tipo de desenvolvimento motor ou intelectual. Mas, na realidade, a lesão cerebral não é progressiva. Além disso, com as terapias atuais, podem-se observar pacientes com boas aquisições motoras e cognitivas.


Recentemente, com a epidemia de infecção congênita pelo vírus Zika (microcefalia associada ao vírus Zika), estima-se que haja um aumento relevante na incidência de paralisia cerebral, visto que o dano cerebral causado pelo vírus é extenso. 


O tratamento envolve um trabalho multiprofissional, com a intervenção de uma equipe médica formada por neuropediatra, pediatra e demais especialidades além dos profissionais das áreas de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, odontologia, nutrição, psicologia e serviço social. 


As intervenções visam corrigir e prevenir deformidades motoras por meio das terapias e, muitas vezes, associa-se o uso de medicamentos. Vale ressaltar o trabalho importante frente aos agravos respiratórios, presentes em muitos pacientes.


Torna-se fundamental aprofundar as discussões e as reflexões sobre a necessidade da conscientização dos profissionais da área da saúde, mostrando a eles que nem sempre é possível alcançar a reabilitação plena ou a cura. 


Quando se deparam com casos como os pacientes com paralisia cerebral grave, eles encontram muitas dificuldades na adaptação dessa mudança de expectativa.
 

É preciso realizar um trabalho para desenvolver nesses profissionais a sensibilidade e a percepção da diferença entre o desejo de fazer e o que é possível realizar pelo paciente. Exemplo disso está no trabalho promovido pela Associação Cruz Verde (www.cruzverde.org.br),instituição filantrópica que atende bebês, crianças, jovens e adultos com paralisia cerebral grave. 


A entidade mantém um hospital com 204 leitos, sendo que a maioria dos pacientes, cerca de 60%, é vítima de abandono, 70% são tetraplégicos e 30% fazem uso de dieta enteral. Conta também com duas unidades para pacientes externos, realizando aproximadamente 1.800 atendimentos por mês.


A equipe é multiprofissional e a maioria dos profissionais chega ao hospital sem nunca ter vivenciado a oportunidade de conhecer ou ter acompanhado um caso de paralisia cerebral em suas formações. 


Por conta disso, necessitam de um trabalho de integração e aprimoramento no que se refere aos cuidados que um paciente com esse diagnóstico requer, além das outras demandas do ponto de vista assistencial, terapêutico e afetivo.


Uma coisa é certa: aqueles que realmente querem trabalhar com pacientes em condições graves, crônicas e complexas, desenvolvem um forte sentimento de compaixão, e esse sentimento passa a nortear os cuidados, as intervenções e todo o relacionamento deles com esses pacientes. 


São pessoas que aprendem a valorizar o mínimo e, a partir daí, buscam conseguir o máximo. Precisamos de mais profissionais com este perfil.







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