A Paralisia Cerebral (PC) é uma doença
pouco conhecida pela população brasileira, sendo resultado de uma lesão
no sistema nervoso central em desenvolvimento, que pode ocorrer
intra-útero, durante o parto ou nos dois a três primeiros anos de vida.
O
termo PC traz uma falsa impressão de que o cérebro está paralisado, que
não haverá nenhum tipo de desenvolvimento motor ou intelectual. Mas, na
realidade, a lesão cerebral não é progressiva. Além disso, com as
terapias atuais, podem-se observar pacientes com boas aquisições motoras
e cognitivas.
Recentemente, com a epidemia de infecção
congênita pelo vírus Zika (microcefalia associada ao vírus Zika),
estima-se que haja um aumento relevante na incidência de paralisia
cerebral, visto que o dano cerebral causado pelo vírus é extenso.
O
tratamento envolve um trabalho multiprofissional, com a intervenção de
uma equipe médica formada por neuropediatra, pediatra e demais
especialidades além dos profissionais das áreas de enfermagem,
fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, odontologia,
nutrição, psicologia e serviço social.
As intervenções visam corrigir e
prevenir deformidades motoras por meio das terapias e, muitas vezes,
associa-se o uso de medicamentos. Vale ressaltar o trabalho importante
frente aos agravos respiratórios, presentes em muitos pacientes.
Torna-se fundamental aprofundar as
discussões e as reflexões sobre a necessidade da conscientização dos
profissionais da área da saúde, mostrando a eles que nem sempre é
possível alcançar a reabilitação plena ou a cura.
Quando se deparam com
casos como os pacientes com paralisia cerebral grave, eles encontram
muitas dificuldades na adaptação dessa mudança de expectativa.
É preciso realizar um trabalho para
desenvolver nesses profissionais a sensibilidade e a percepção da
diferença entre o desejo de fazer e o que é possível realizar pelo
paciente. Exemplo disso está no trabalho promovido pela Associação Cruz Verde (www.cruzverde.org.br),instituição
filantrópica que atende bebês, crianças, jovens e adultos com paralisia
cerebral grave.
A entidade mantém um hospital com 204 leitos, sendo que
a maioria dos pacientes, cerca de 60%, é vítima de abandono, 70% são
tetraplégicos e 30% fazem uso de dieta enteral. Conta também com duas
unidades para pacientes externos, realizando aproximadamente 1.800
atendimentos por mês.
A equipe é multiprofissional e a maioria
dos profissionais chega ao hospital sem nunca ter vivenciado a
oportunidade de conhecer ou ter acompanhado um caso de paralisia
cerebral em suas formações.
Por conta disso, necessitam de um trabalho
de integração e aprimoramento no que se refere aos cuidados que um
paciente com esse diagnóstico requer, além das outras demandas do ponto
de vista assistencial, terapêutico e afetivo.
Uma coisa é certa: aqueles que realmente
querem trabalhar com pacientes em condições graves, crônicas e
complexas, desenvolvem um forte sentimento de compaixão, e esse
sentimento passa a nortear os cuidados, as intervenções e todo o
relacionamento deles com esses pacientes.
São pessoas que aprendem a
valorizar o mínimo e, a partir daí, buscam conseguir o máximo.
Precisamos de mais profissionais com este perfil.
Fonte: Revista Incluir
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