Um dos maiores clássicos da literatura, "Alice no País das Maravilhas"
comemora 150 anos de publicação em 2015 e ganha uma adaptação teatral
rara.
Com um elenco composto por atores surdos, a peça será apresentada
em Língua Brasileira de Sinais (Libras) pelo Signatores - único grupo
profissional de atores surdos na região sul do país.
O espetáculo fica
em cartaz no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa
(Independência, 75), em Porto Alegre, até o dia 25 de outubro, sempre às
20h, e tem entrada franca (com distribuição de senhas uma hora antes da
peça).
A montagem é destinada a todos os públicos – até mesmo aqueles que não
sabem Libras – pois haverá o acompanhamento de dois atores, que farão a
narração dos acontecimentos e das falas.
Não se trata de uma dublagem,
com sincronia do movimento labial e a substituição de um idioma por
outro. Trata-se de uma adaptação que torna a cena completa para aqueles
que precisam dela.
“Queremos promover uma peça de teatro onde as duas línguas dividem o mesmo espaço, pois temos na plateia os dois públicos: surdos e ouvintes”, explica a diretora Adriana de Moura Somacal.
"Alice no País das Maravilhas" inverte a lógica de montagens para
ouvintes com acessibilidade para surdos.
Desta vez, o espetáculo é feito
para surdos, com acessibilidade para ouvintes, criando um espaço de
plateia compartilhada, onde a inclusão deixa de ser um conceito teórico
para se transformar em prática.
O objetivo é mostrar a Língua Brasileira de Sinais e torná-la visível.
“E junto com esse movimento, estamos aqui para proporcionar ao público surdo uma das poucas situações onde o protagonista é surdo, onde ele está em evidência e, quem sabe, fazer com que ele, da plateia, consiga perceber a própria força e potencial”, completa Adriana.
A peça transita por um universo fantástico, em que os personagens
saltam das páginas dos livros para o palco.
Os cenários e figurinos são
compostos por gigantescas dobraduras de papel (origamis) que se
transformam constantemente diante do público.
Quem dá vida a Alice é a atriz negra Brenda Artigas.
“Apresentamos uma nova Alice, sem a reprodução de um imaginário Disney ou até mesmo das ilustrações originais do Tenniel, que transformou a menina Alice de cabelos curtos e castanhos em uma personagem de cabelos compridos e loiros. Queremos promover um reencontro da plateia com o imaginário do País das Maravilhas. E provocar o público a pensar que existem muitas ‘Alices’, e que dentro de cada um de nós, somos todos "Alice", adianta a diretora.
Fonte: Correio do Povo / Vida Mais Livre
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