A Baixada Santista registrou 1.311 casos de violência contra pessoas
com deficiência, entre maio de 2014 a agosto deste ano, segundo dados da
Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São
Paulo.
Santos foi a cidade com mais ocorrências do tipo na região, totalizando
310. Na sequência, no ranking regional, aparecem Praia Grande (233
casos), Itanhaém (200), São Vicente (156), Cubatão (74), Mongaguá (73),
Peruíbe (55) e Bertioga (37).
Segundo o presidente interino do Conselho dos Direitos da Pessoa com
Deficiência (Condefi) de Santos‚ Luciano Marques, os casos de violência
ocorrem com frequência, mas muitos não são oficializados.
"No Condefi eventualmente aparecem denúncias, mas que acabam não sendo formalizadas. Muitos casos envolvem familiares ou pessoas próximas e por isso quem presencia uma agressão ou abuso acaba não passando muitas informações para não se envolver", relata.
Apesar do Condefi não ter um balanço oficial, Marques, que trabalha
como conselheiro no órgão há 24 anos, afirma que a maioria dos casos
envolve abandono, abuso e agressão física.
"Os mais vulneráveis (a estes tipos de agressões), pelo o que vemos e que ficamos sabendo, são os deficientes auditivos, intelectuais e mentais. O surdo já tem dificuldade para relatar acontecimentos do cotidiano, imagina para relatar um abuso ou agressão. Já quem tem o cognitivo prejudicado muitas vezes não entende o que está acontecendo, o que também dificulta na hora de denunciar", afirma.
Além da falta ou dificuldade de comunicação, o representante do órgão
aponta ainda o medo que muitos deficientes têm de ficar desamparados.
"Nós, seres humanos, somos vulneráveis (a atos de violência e agressão). A pessoa com deficiência (é) mais ainda e às vezes eles não denunciam o que ocorre de errado com medo de perder um suposto amparo que tem dos parentes", relata.
Baixada e ABC
Segundo informações da pasta, ainda no mesmo período, as ocorrências
nos nove municípios da Baixada Santista e sete cidades do Grande ABC
totalizam 2.445 casos, ou seja, 11,28% dos registros do Estado.
Nessas
duas regiões, a cidade que lidera no número de ocorrências é São
Bernardo do Campo (348). O número de casos é maior se forem detalhados
os tipos de crime relacionados a cada um dos registros.
Entre os tipos de violência, encabeçam o estudo os crimes contra
patrimônio (1.015) e pessoa (951).
Ações que infringem o Estatuto do
Idoso (136) e Lei Maria da Penha (143) também são citadas no balanço,
que totaliza 3.083 ocorrências em 22 categorias.
Perfil
No balanço da secretaria, que engloba Baixada Santista e Grande ABC, a
maioria dos registros de violência ocorre contra os deficientes físicos
(46,93%), seguido das pessoas com alguma deficiência intelectual
(19,51%), visual (14,45%), auditiva (13,2%) e múltipla (5,86%). A
incidência, quando dividida por sexo, é maior entre os homens (54%).
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