28 de mai. de 2016

Grupo tem ‘jantar às escuras’ para simular vivência de cegos



Moradores de Bauru (SP) vivenciaram uma experiência única e passaram a enxergar as situações cotidianas de uma maneira diferente e entender como é viver sem enxergar. 


Uma entidade da cidade convidou um grupo de 80 pessoas para participar de um jantar às escuras, em que cada uma das pessoas deixou de enxergar o mundo por algumas horas e sentiu como é a vivência de cegos.


“Não poder enxergar nada, de saber o que eu vou fazer, o que vai estar na minha frente, não saber o que vai ser esperado do próprio caminho, a questão física, mental, que a pessoa pode sofrer algum tipo de acidente, é difícil”, afirma o empresário Paulo Amigo.


Todos os convidados tiveram os olhos vendados e foram levados para seus lugares. As dificuldades são muitas. 


A primeira é entender o que tem na mesa e o medo de errar deixa todos os movimentos lentos, mesmo o contato com os talheres, as taças. Até o contato com o parceiro de jantar é difícil. 


“Eu acredito que a partir de agora acabou aquele preconceito, vivendo realmente essa experiência de como é pra eles, é uma sensação de compreensão com os cegos”, diz a assistente comercial Sandra Nassula.


Na cozinha, o chefe Rafael Esteves também trabalha com a ideia de que tão importante quanto o visual de um prato é a sensação que ele vai trazer para o paladar. 


“A nossa preocupação foi justamente poder trabalhar o alimento com todos os sentidos, então a gente fez a mistura da crocância, trabalhamos com texturas no alimento e sabores. Então, a gente tentou trabalhar os sentidos dos quais eles poderiam estar pegando.”


A comida é servida e então vem a principal dificuldade, conseguir comer. Entre os convidados para o jantar estavam alguns deficientes visuais. O músico Estevan Rogério da Silva mostrou o quanto tem habilidade comparado as pessoas que estavam vivendo aquela situação pela primeira vez. 


“A principal dificuldade é as pessoas nos entenderem e nos darem condição para isso. Eu falo que a pior barreira não é a barreira arquitetônica, mas é a barreira do preconceito das pessoas enquanto lidar com a deficiência visual.”


O jantar durou duas horas e a consultora de Recursos Humanos Tatiane Souza mudou seu conceito para contratação do próximo funcionário com deficiência visual. 


“Eu acho que talvez é questão de estudar mais, de ler mais a respeito dessas necessidades para a gente poder realmente dar a segurança que é necessária.”


A arquiteta Bruna Prado diz que nunca mais vai desenvolver um projeto antes de pensar nessa experiência. 


“Todo esse espaço urbano, espaço arquitetônico, é difícil tudo isso. A gente tem que pensar para todo mundo, a inclusão social é um fator muito importante na sociedade.”

 
 
Fontes: G1 / Vida Mais Livre
 
 
 

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