Moradores de Bauru (SP) vivenciaram uma experiência única e passaram a
enxergar as situações cotidianas de uma maneira diferente e entender
como é viver sem enxergar.
Uma entidade da cidade convidou um grupo de
80 pessoas para participar de um jantar às escuras, em que cada uma das
pessoas deixou de enxergar o mundo por algumas horas e sentiu como é a
vivência de cegos.
“Não poder enxergar nada, de saber o que eu vou fazer, o que vai estar na minha frente, não saber o que vai ser esperado do próprio caminho, a questão física, mental, que a pessoa pode sofrer algum tipo de acidente, é difícil”, afirma o empresário Paulo Amigo.
Todos
os convidados tiveram os olhos vendados e foram levados para seus
lugares. As dificuldades são muitas.
A primeira é entender o que tem na
mesa e o medo de errar deixa todos os movimentos lentos, mesmo o contato
com os talheres, as taças. Até o contato com o parceiro de jantar é
difícil.
“Eu acredito que a partir de agora acabou aquele preconceito, vivendo realmente essa experiência de como é pra eles, é uma sensação de compreensão com os cegos”, diz a assistente comercial Sandra Nassula.
Na cozinha, o chefe Rafael Esteves também trabalha com a ideia de que
tão importante quanto o visual de um prato é a sensação que ele vai
trazer para o paladar.
“A nossa preocupação foi justamente poder trabalhar o alimento com todos os sentidos, então a gente fez a mistura da crocância, trabalhamos com texturas no alimento e sabores. Então, a gente tentou trabalhar os sentidos dos quais eles poderiam estar pegando.”
A comida é servida e então vem a principal dificuldade, conseguir
comer. Entre os convidados para o jantar estavam alguns deficientes
visuais. O músico Estevan Rogério da Silva mostrou o quanto tem
habilidade comparado as pessoas que estavam vivendo aquela situação pela
primeira vez.
“A principal dificuldade é as pessoas nos entenderem e nos darem condição para isso. Eu falo que a pior barreira não é a barreira arquitetônica, mas é a barreira do preconceito das pessoas enquanto lidar com a deficiência visual.”
O jantar durou duas horas e a consultora de Recursos Humanos Tatiane
Souza mudou seu conceito para contratação do próximo funcionário com
deficiência visual.
“Eu acho que talvez é questão de estudar mais, de ler mais a respeito dessas necessidades para a gente poder realmente dar a segurança que é necessária.”
A arquiteta Bruna Prado diz que nunca mais vai desenvolver um projeto
antes de pensar nessa experiência.
“Todo esse espaço urbano, espaço arquitetônico, é difícil tudo isso. A gente tem que pensar para todo mundo, a inclusão social é um fator muito importante na sociedade.”
Fontes: G1 / Vida Mais Livre
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