A lei que permite a produção e distribuição da "pílula do câncer" foi
suspensa.
Por seis votos a quatro, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu nesta quinta-feira (19/05/16) suspender a eficácia da Lei Federal
13.269/2016, que autoriza o uso da fosfoetanolamina sintética por
pacientes diagnosticados com neoplasia maligna.
Os ministros acataram
medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5501.
A fosfoetanolamina foi liberada para uso no Brasil em abril, após a
sanção da lei que autorizava pacientes com câncer a usarem a substância
antes de seu registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
O texto exige que o paciente apresentasse laudo médico
comprovando o diagnóstico de câncer e assinasse termo de consentimento e
responsabilidade.
A lei autorizou ainda a produção, importação, prescrição, posse ou
uso da substância independentemente de registro sanitário, em caráter
excepcional, enquanto estiverem em curso estudos clínicos acerca do
produto.
Eficácia
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a suspensão da lei já era
esperada, já que no Brasil há uma legislação bastante rigorosa para
comercialização de medicamentos, que precisam ser submetidos a vários
tipos de testes demonstrando sua eficácia e sua incapacidade de trazer
problemas à saúde dos pacientes.
— O Congresso aprovou, mas todos nós sabíamos que haveria uma decisão
do Supremo nesse sentido. Agora tem de continuar os testes sobre a
droga. Já foram feitos testes que comprovaram que ela não traz
malefícios à saúde, mas é preciso que haja testes que demonstrem que
realmente ela tem efeitos conforme aquilo que tem sido descrito —
argumentou.
Já o senador Acir Gurgacz (PDT-RO), que relatou a matéria na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), lamentou a suspensão da lei.
— É um prejuízo muito grande para a população que necessita da
fosfoetanolamina. Mas uma determinação do STF tem que cumprir, não
adianta a gente ficar reclamando. A gente tem de tentar reverter. É um
trabalho que deve ser feito na próxima semana — afirmou.
O líder do PT, Paulo Rocha (PA), criticou a decisão do STF, que
classificou como “invasão de Poderes”. Rocha ponderou, entretanto, que a
questão é polêmica e não compete ao Senado ou ao Supremo discutir o
mérito do efeito do remédio.
— Eu sou da Amazônia e a gente usa muito remédio caseiro, que traz
efeitos importantes, a partir da natureza, da medicina tradicional usada
pela própria população. Acho que é um equivoco do Supremo barrar essa
lei. Aqueles que têm fé e acreditam no remédio, têm o direito de usar,
mal ele não vai fazer — defendeu.
Pesquisas
A fosfoetanolamina é uma substância que imita um composto que existe
no organismo e que, supostamente, identifica as células doentes e
permite que o sistema imunológico as reconheça e as remova.
Pesquisas
sobre o medicamento vêm sendo feitas pelo Instituto de Química de São
Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), há cerca de 20 anos. O órgão
fazia sua distribuição de forma gratuita.
Em 2014, a droga parou de ser entregue, depois de uma portaria da USP
determinar que substâncias experimentais deveriam ter todos os
registros antes de serem liberadas à população.
Sem a licença, pacientes
passaram a conseguir a liberação na Justiça, por meio de liminares.
Em
razão da polêmica, os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia
decidiram financiar estudos para avaliar a segurança e a eficácia do
composto.
Fonte: Agência Senado
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