Cansado de encontrar as vagas destinadas à deficientes e idosos
ocupadas por veículos sem autorização em Rio Branco, o empresário Emir
Mendonça, de 48 anos, que é deficiente físico passou a marcá-los com
tinta.
"Esse vaga não é sua" é a frase que ele pinta nos veículos. O
protesto começou há, aproximadamente, um ano.
Mesmo sendo credenciado, Mendonça conta que resolveu reivindicar o
próprio direito, depois de inúmeras vezes precisar parar o carro longe
da vaga destinada, por lei, a portadores de deficiência.
Em 2014, devido à diabetes, o empresário precisou amputar o pé direito e quatro dedos do esquerdo.
"Eu sou PNE [Portador de Necessidades Especiais] e o pessoal não tem respeito nenhum. Lei não se discute, se cumpre. Além de não tirarem o documento para ficarem credenciadas para usar a vaga, as pessoas estacionam sabendo que alguém pode precisar. Fui me estressando e pego a 'Nugget' e escrevo", diz.
Apesar de ter convicção que luta para garantir respeito, o acreano diz
que não encontrou apoio da família, que teme que ele sofra algum tipo de
agressão de algum motorista contrariado. Entretanto, para ele, muito se
reclama sobre corrupção, mas é comum, nas pequenas coisas, cometer esse
tipo de erros.
"Meu pai, meu irmão e minha esposa já me pediram para parar. Sofro bullying dentro de casa por estar reivindicando o que é correto. É lei, tem que cumprir. O pessoal fala que político é corrupto, mas o próprio ser humano está sendo corrupto. A educação vai de dentro de casa para rua", ressalta.
Aos infratores, Mendonça pede três coisas: "respeito, educação e
consideração". Ele defende que os motoristas que não possuem deficiência
deveriam se colocar no lugar dos que têm, para perceber a importância
do protesto.
"Hoje em dia, estamos aceitando tudo muito fácil. Na placa não está dizendo que está liberado nem por um minuto. Se fosse uma placa de enfeite, tudo bem, mas qualquer lugar que eu tenho meu direito, vou brigar por ele. Que os motoristas avaliem que poderiam ser o filho ou mãe deles", acrescenta.
O empresário fala ainda que, diversas vezes, ao encontrar a vaga
preenchida por um carro sem a autorização, chegou a ligar para o serviço
190, da Polícia Militar, mas que nunca foi atendido.
"Tem vários
protocolos meus no 190, eu ligo, mas não adianta. Nunca tive uma
resposta. Por isso, tomei a decisão de escrever no carro e postar nas
redes sociais".
O fotógrafo Junior Aguiar registrou o momento em que Mendonça, por não
conseguir estacionar na vaga prioritária, marcava um carro no
estacionamento de um supermercado da capital acreana, na quarta-feira
(8). Ao G1, ele afirma que a atitude do deficiente o fez refletir.
"Ele chegou me perguntando se o carro era meu, eu disse que não. Ele me falou que tinha dificuldade de locomoção e que a vaga estava preenchida. Vendo aquilo, me senti um pouco envergonhado, porque algumas vezes já estacionei nas vagas de idosos e deficientes. Aquela cena me fez refletir que, às vezes, a gente não se coloca lugar deles", diz.
Infração grave
A partir desde mês, estacionar em vagas destinadas a idosos e
portadores de necessidade especial passou de infração leve para grave,
ou seja, cinco pontos na carteira de habilitação.
Em decorrência disso, o
valor da multa também sofreu alteração, passando de R$ 53,20 para R$
127,69.
Fonte: G1 / Vida Mais Livre
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