Tudo bem que pode ser um pouco mais complicado explicar para um rapaz
ou a uma moça cega sobre o uso da camisinha , mas é claro que eles
precisam aprender.
Não pensar nisso é uma lógica que desacompanha as
demais conquistas, além de reforçar preconceitos.
Se houve avanços
consideráveis no mercado de trabalho, mobilidade e opções de lazer,
temas como relacionamentos, namoro e sexo precisam ser encarados. Mas,
ainda tabu em parte da sociedade, a sexualidade ganha outros contornos
quando envolve jovens nessa condição.
É o que diz a doutora em Ciências
da Saúde e professora na Universidade Estadual de Feira de Santana, na
Bahia, Dalva França, autora da tese:
"Sexualidade da pessoa com cegueira: uma questão de Inclusão Social".
Ela analisou como pessoas com cegueira congênita percebem o direito à
sexualidade.
Entre os resultados, aponta, estão a consciência e a
necessidade de buscar pelos direitos. Mas também a constatação de
políticas públicas escassas ou não acessíveis às pessoas com cegueira.
Confira a entrevista
Apesar dos avanços, a sociedade ainda trata o cego como um ser assexuado?
Sim, avançamos nas leis em um processo de inclusão social das pessoas
com deficiência, porém na prática a sociedade ainda os vê como
assexuados, como revela essa fala de uma pessoa cega. As pessoas acham
que cego não deve casar, acham que por ter a deficiência eles tem
necessidade sexual.
Isso é restritivo aos cegos?
Não. Entendemos que esse pensamento da sociedade, de que os cegos são
assexuados, não se restringe a esse grupo de pessoas, pois as pessoas
com deficiência de maneira geral são vistos pela sociedade como seres
assexuados, desinteressantes, incapazes e outras denominações
preconceituosas.
E a pessoa com essa limitação, como se coloca frente a essa questão (sexualidade)?
As pessoas com cegueira têm percepção positiva da sexualidade,
compreendendo-a como manifestação natural do ser humano, algo importante
que envolve doação, intimidade, afirmação de ser homem ou mulher,
podendo propiciar situações positivas nas suas vidas.
Quais as dificuldades que eles encontram?
Enfrentam obstáculos ao expressar sua sexualidade, entre eles o
preconceito e a falta de informação sobre a sexualidade da pessoa com
cegueira.
Famílias com pessoas cegas encontram mais dificuldades para
falar de sexualidade com seus filhos do que outras que não enfrentam a
limitação?
Geralmente falar de sexualidade com os filhos já é uma dificuldade e
quando há uma situação de deficiência isso se agrava, pois nossa cultura
ainda acredita que a sexualidade é propriedade apenas dos ditos
¿normais¿. Porém observamos que já existe algum movimento dos pais na
busca de orientação para lidar com a sexualidade de seus filhos cegos,
pois falta-lhes ainda informação.
O que a senhora acha da análise de que o erotismo veiculado pela mídia privilegia quase que exclusivamente a visão?
Não só a mídia, assim como todas as dimensões da sociedade, como a
educação, os museus, os monumentos, os parques, os teatros e os cinemas
são destinados a quem enxerga. Porém algumas iniciativas começam a
aparecer no sentido de contemplar os cegos com a utilização de
audiodescrição.
Fonte: DC / Vida Mais Livre
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