A ex-aluna de escola pública, Kelly Lemos, é um exemplo de superação:
é a primeira pedagoga com deficiência auditiva do Piauí.
Recém-aprovada
com 9,5 no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ela agora aguarda
ansiosa o diploma, que sai em outubro.
Ex-aluna da Unidade Escolar Paulo Ferraz e professora do Centro de
Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas
Surdas (CAS) há dez anos, ela ingressou no ensino superior graças ao
Programa Universidade para Todos (Prouni).
Kelly é exemplo para os
demais alunos da rede estadual, que também são surdos e sonham em fazer
um curso superior.
Aos 35 anos, Kelly, que tem surdez total, se comunica por meio da
Língua Brasileira de Sinais (Libras). Durante o curso, a aluna contou
com uma intérprete em Libras em uma sala de apoio à tarde.
À noite, ela
assistia as aulas com os demais alunos, uma rotina muito cansativa,
segundo a mesma.
Ela nasceu ouvindo, mas aos seis meses perdeu a audição por conta de
efeito colateral de um medicamento. Mesmo assim, nunca deixou de lutar
pelos seus sonhos.
“Lutei muito e passei por dificuldades, que todos passam, mas que eram agravadas por falta de um intérprete no primeiro momento. Sou prova de que uma pessoa surda pode conquistar seus objetivos, como os ouvintes, pois somos capazes de servir à sociedade e ter empregos que requerem mais qualificação. Para isso, necessitamos apenas de oportunidade”, relata a pedagoga.
O TCC de Kelly aborda o bilinguismo como proposta educacional, bem
como discute a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da
Língua Portuguesa (Língua escrita) na escola bilíngue e nas classes
bilíngues para surdos.
O sonho dela é ser aprovada em um concurso
público, ser professora e coordenadora pedagógica.
A coordenadora pedagógica do CAS, Elizabeth Coelho, é só elogios à
Kelly, tanto profissional com pessoalmente.
“Ela contribui de maneira exemplar na parte pedagógica e na prática. Nós acreditamos tanto nela que a designamos para o curso de Libras avançado, foi um sucesso”, conta Elizabeth.
Seduc prioriza o atendimento às pessoas com deficiência na escola pública
A inclusão das pessoas com deficiência começa ainda na escola e a
Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tem trabalhado para que os
jovens consigam ingressar em um curso superior e se inserir no mercado
de trabalho.
Na rede estadual, o aluno com deficiência auditiva, por exemplo, tem
direito a duas matrículas, uma na escola regular e no contraturno ele
deve ser inscrito nas salas de Atendimento Educacional Especializado
(AEE), que são encontradas em diversas unidades.
Já, no Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS-PI) são
trabalhados tanto os cursos de formação, quanto o atendimento
educacional especializado de pessoas com deficiência auditiva.
Os cursos
são oferecidos para profissionais, assim como para a comunidade. Hoje, o
centro recebe 300 pessoas por semestre nos cursos de formação.
Outro destaque inclusivo são as revisões realizadas pela Seduc para o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Os alunos agora contam com uma
intérprete de libras, para realizar a tradução simultânea do conteúdo
trabalhado pelos professores.
Também são dadas oportunidades de ingresso no mercado de trabalho
desses cidadãos, por meio dos concursos e testes seletivos que
direcionam vagas para intérprete de libras, braile e outras
deficiências.
A secretária de Estado da Educação, Rejane Dias, observa que esse
trabalho é um reflexo do que pode ser visto na rede estadual de
educação.
“Cada vez mais as pessoas com deficiência auditiva são integradas aos demais estudantes, graças ao trabalho feito pelos técnicos e professores que acompanham esses alunos. E isso é muito importante para a inclusão deles na sociedade”, destaca a gestora.
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