12 de jun. de 2016

Tratamento de alto risco pode controlar esclerose múltipla



Um grupo de médicos assegura ter encontrado uma maneira de conter a esclerose múltipla, mas trata-se de um tratamento de alto risco, que não pode ser generalizado, afirma um estudo publicado nesta sexta-feira.
 

24 pacientes entre 18 e 50 anos foram tratados no Canadá de esclerose múltipla mediante uma potente quimioterapia, destinada a destruir o sistema imunológico antes de um transplante de células-tronco fabricadas pela medula óssea.


O tratamento freou o desenvolvimento de novas lesões cerebrais nesses pacientes sem que fosse necessário tomar medicamentos, segundo o estudo publicado na revista médica britânica The Lancet.

"Oito dos pacientes observaram uma melhoria estável sete anos e meio depois do tratamento", afirma o texto.

Um dos pacientes faleceu por complicações hepáticas e infecciosas causadas pela quimioterapia agressiva utilizada.


"Trata-se do primeiro tratamento capaz de produzir este nível de controle da doença ou de recuperação neurológica, mas os riscos próprios do tratamento limitam seu uso em grande escala", enfatiza a revista.

A esclerose múltipla afeta mais de 2 milhões de pessoas no mundo todo, 400.000 apenas na Europa.



Nesta doença, mais ou menos severa, o sistema imunológico da pessoa sofre transtornos e ataca elementos de seu próprio sistema nervoso.



 

Os sintomas resultantes são variados: enfraquecimento muscular, transtornos do equilíbrio, da visão, da linguagem e inclusive paralisias, que podem ser recuperáveis.


Em mais ou menos longo prazo, estes transtornos podem progredir para uma condição irreversível.


Os tratamentos atuais não permitem a cura da enfermidade e apenas podem frear sua progressão.


Estudos precedentes haviam descrito tentativas com este tipo de tratamento com poucos pacientes, resultados modestos e recurso a uma quimioterapia muito mais leve antes do transplante de células-tronco hematopoiéticas (AHSCT) provenientes de suas próprias medulas ósseas.

 
Estas células são a origem de diferentes células do sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas).


No caso do estudo canadense, foi administrada uma quimioterapia mais forte nos pacientes para a "destruição completa" do sistema imunológico com o objetivo de deter a autoagressão.


Todos os pacientes sofriam de uma forma agressiva da doença, com sequelas que iam de "moderadas" à incapacidade de caminhar 100 metros sem ajuda.

 
Entre os 23 que sobreviveram ao tratamento, não foi observada nenhuma recaída durante o período de estudo, entre quatro e treze anos.

 
Os exames IRM (por imagens por ressonância magnética) não detectaram nenhuma atividade nova da doença e depois do tratamento foi detectada apenas uma nova lesão em 327 exames.

 
Depois de três anos, seis pacientes estiveram em condições de voltar ao trabalho ou à escola.

 
Testes clínicos em mais pacientes deverão confirmar os resultados, admite Mark Freedman (Ottawa), coautor do estudo, reconhecendo que as "vantagens potenciais" do tratamento "devem ser ponderadas pelo risco de complicações graves".

 
Em um comunicado sobre o estudo, Jan Dorr, do centro de pesquisa clínica NeuroCure de Berlim, considera os resultados impressionantes.

 
Mas estima que o estudo provavelmente não mudará o protocolo do tratamento da esclerose múltipla no curto prazo porque o índice de mortalidade será considerado muito alto.




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