Uma pesquisa internacional descobriu uma nova doença
minoritária, uma alteração genética que provoca o mal de Parkinson, uma
doença neurológica grave, em indivíduos em idade infantil.
O
estudo, que foi publicado na revista "Nature Communications", foi
codirigido pelos médicos Guillem Pintos e Wifredo Coroleu, do Serviço de
Pediatria do Hospital Germans Trias, em Badalona, no nordeste da
Espanha, e liderado pelos departamentos de Genetics and Genomic Medicine
e de Cell and Developmental Biology da University College of London.
A
nova doença é uma mutação genética que afeta o funcionamento de um
transportador de manganês que provoca transtorno neurológico
degenerativo grave parecido com o Parkinson em crianças.
Os pediatras espanhóis descreveram um dos oito casos que até o momento são conhecidos no mundo.
Segundo
o Hospital Germans Trias, o transportador chave neste estudo é o
chamado 'SLC39A14', que tem uma função primordial no transporte e no
equilíbrio do manganês no ser humano e também em outros vertebrados.
O
acúmulo de manganês produz mudanças importantes na regulação
neuromuscular que determina um transtorno de movimento (distonia), um
processo que o estudo comprovou no peixe-zebra.
É por isso que os médicos batizaram a patologia com o nome de 'distonia-parkinsonismo de início infantil com hipermanganesemia'.
Este
trabalho faz parte da linha de pesquisa clínica em doenças genéticas
minoritárias (metabólicas e neuromusculares) que é realizada no Serviço
de Pediatria do Hospital e no Instituto de Pesquisa Germans Trias.
Esta
nova doença descrita apresenta mudanças na ressonância magnética
cerebral, e alterações neurodegenerativas que foram demonstradas nas
amostras de tecido cerebral obtidas de um paciente do Germans Trias.
A
descoberta da origem dessa alteração genética permitiu encontrar um
tratamento eficaz baseado na utilização do edetato dissódico de cálcio,
uma substância que atua eliminando o excesso de manganês do sangue e dos
tecidos.
A
deterioração neurológica progressiva pode ser contida, e inclusive
revertida, através desse tratamento, que garante uma melhor qualidade de
vida.
Segundo
o hospital, o paciente do Germans Trias foi atendido no centro médico
antes da descoberta da origem genética dessa doença, e de seu
consequente tratamento, por isso não pôde se beneficiar a tempo dos
resultados da pesquisa.
No
momento da publicação do estudo, três das oito crianças já tinham
morrido, mas, no caso do paciente do Germans Trias, a causa foi um
processo agudo não relacionado diretamente com a doença de base.
A
família da criança morta em Badalona deu seu consentimento para a
utilização dos dados de seu histórico clínico e de amostras biológicas
de seu filho para a pesquisa, o que, segundo os médicos, "contribuiu de
maneira definitiva para o descobrimento da nova doença".
As
doenças minoritárias são a causa de 35% das mortes de crianças com
menos de um ano de idade e de 10% das mortes das com entre 1 e 5 anos.
Os
especialistas calculam que entre 6% e 8% da população estaria
suscetível a alguma das mais de 8 mil doenças minoritárias existentes.
Fonte: Yahoo Notícias
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