Se comparado há alguns anos, Maceió já está bem acessível -
pelo menos nos calçadões das praias de Jatiúca, Ponta Verde, Pajuçara e
Francês, onde há ciclovias e passeios com calçamento e rebaixamento nas
travessias.
Porém, ainda existe muito por se fazer para garantir a
mobilidade de todos.
Esta observação é da professora e doutora Dolores Fortes, que é cadeirante.
Morando em Maceió há três meses, ela reclama que ainda não consegue
circular pelas calçadas dos bairros, mesmo dos mais nobres.
“Quando circulo com minha cadeira de rodas pelos bairros como Ponta
Verde, Jatiúca e Cidade Universitária, dificilmente consigo fazer os
percursos somente pelas calçadas e, quando há uma guia com rebaixamento,
normalmente tem um carro ou moto bloqueando o acesso”, diz.
Outra constatação feita por Dolores é com relação à acessibilidade no
litoral. A professora ressalta a falta de infraestrutura acessível para
chegar às praias e ao mar.
“Maceió aquece o corpo, a alma e o coração de
quem visita essa terra linda. Mas, os estabelecimentos, transporte e
vias públicas, em sua maioria, ainda estão um caos. Pessoas com
deficiência sofrem para ir, vir e fazer uso de serviços que são direito
de todos", diz.
Se nos bairros nobres da capital alagoana a acessibilidade é precária,
na periferia e parte alta da cidade o problema se agrava. As calçadas
são desniveladas e raramente são acessíveis, com guias rebaixadas em
travessias.
Há bairros em que na maioria das ruas sequer existe asfalto. Algumas
são cobertas por paralelepípedos, que são horríveis para quem faz uso de
cadeiras de rodas.
Os estabelecimentos públicos também não possuem
acessibilidade. Exemplo disso é a Pinacoteca da Ufal, que não possui
acessibilidade para cadeirantes.
“Acho uma ofensa e agressão um órgão
público não ser de uso e direito de todos”, desabafou Dolores. Há muitos
anos, a professora luta por mais respeito às pessoas com deficiência.
Ela alerta que um carro estacionado em uma calçada põe em risco a vida
de um cadeirante.
“Inúmeras vezes em São Paulo, e agora como moradora em
Maceió, tive que ir para o meio da avenida, pois havia automóveis na
calçada travando a circulação de pedestre e cadeirante.
Consequentemente, vou à rua e prejudico o trânsito, além de colocar
minha vida e de outros em risco por imprudências e desrespeito de
condutores.”
A professora apela à mídia e às prefeituras para que informem às
pessoas como tornar calçadas acessíveis e que não as obstruam com lixo
ou outros objetos. E mais: que haja punição para quem não cumpre a lei.
“Pessoas com deficiência sofrem para ir, vir e fazer uso de serviços que
são direito de todos. Infelizmente, em sua maioria possuem baixo nível
de escolaridade, quando não, das famílias que muitas vezes, veem os
serviços às pessoas com deficiência como uma ajuda, um favor, uma
benevolência."
A acessibilidade, o direito de ir e vir, de assistência a
saúde, educação, trabalho e cultura é um direito do cidadão e um dever
do estado.
Fonte: Extra Alagoas
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