Um jovem de 19 anos sofreu uma lesão cerebral após
receber um 'mata-leão' (espécie de enforcamento) durante uma brincadeira
junto com um colega na noite de Natal em Santos, no litoral de São
Paulo.
Um mês após o acidente, ele se encontra em uma cadeira de rodas,
precisa do auxílio de amigos e familiares para fazer atividades básicas e
tem a esperança de voltar a andar.
Ele e a família esperam que o caso
sirva de exemplo para que outras brincadeiras não terminem assim.
O estudante de direito Guilherme Douretto do Vale Gonzalez estava
reunido com amigos próximo ao posto 2, na orla da praia, na noite do dia
25 de dezembro. Já de madrugada, ele e os amigos resolveram brincar de
lutar um contra o outro.
“Tudo mundo começou com a brincadeira de 'lutinha'. A gente acabou
caindo no chão e ele me deu um golpe chamado 'mata-leão'. Só que ele
apertou muito e eu acabei perdendo a consciência. Eu não conseguia
sentir os braços e as pernas. As coisas ficaram girando. Eu lembro que
tinha alguns amigos em cima de mim, falando alguma coisa. Depois apaguei
de vez”, conta ele.
Guilherme foi levado para o Pronto-Socorro Central de Santos. No
caminho, ele teve uma convulsão na ambulância e, em seguida, outra já no
pronto-socorro. Depois, o jovem foi transferido para a Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Beneficência Portuguesa, onde ficou
três dias internado. Após mais nove dias no quarto do hospital, recebeu
alta médica.
Lesão
O golpe "mata-leão" causou uma falta de oxigenação no cérebro de
Guilherme. Ele teve uma lesão no cerebelo, o que afetou seu equilíbrio.
Os movimentos, a intelectualidade e a fala de Guilherme foram
preservados. Mas, por não ter equilíbrio, o jovem não consegue andar e
nem ficar em pé sozinho. Por isso, ele precisa ficar em uma cadeira de
rodas.
“Ele não tem noção do espaço. Se ele sentar sem apoio, ele vai cair.
Segundo os médicos, a situação é reversível. O que ele não consegue
fazer hoje, ele vai reaprender. Alguma área do cérebro vai assumir essa
falta que ele tem hoje”, explica o pai do menino, Roberto Vieira
Gonzalez, de 41 anos.
Guilherme diz que, no início, foi difícil acreditar no que tinha
acontecido porque não imaginava que fosse causar tudo isso. “Quando eu
soube foi um choque. Por causa de uma brincadeira fui parar na UTI. Teve
uma época em que fiquei bastante triste, bastante desmotivado”, conta.
Recuperação
Os amigos e a família o ajudam a fazer simples atividades diárias, como
se alimentar e se vestir, tarefas que ele ainda não consegue fazer
sozinho. “Não consigo mais fazer coisas básicas. Dou valor para as
coisas pequenas”, diz.
O jovem é estudante de direito e continuará frequentando a faculdade. O
pai pretende levá-lo e auxiliá-lo nas atividades na sala, se
necessário.
"Sabemos que não vai ser da mesma forma, mas que o impacto
seja o menor possível. Tudo que estiver ao nosso alcance, vamos fazer”,
afirma o pai.
A família não quer apontar os culpados pelo acidente. Alguns amigos que
estavam no local ainda visitam Guilherme e dão todo o apoio ao jovem.
Outros, ele perdeu o contato.
“Meu filho estava lá porque queria. Estava
brincando. Ele foi a vitima pela consequência, mas poderia ser com
qualquer um que estava lá”, afirma o pai.
Ele espera que a situação do filho sirva de reflexão e exemplo para os
jovens. “O resultado de uma brincadeira pode causar sério danos a saúde
e, de repente, até causar uma morte. Que os jovens se conscientizem.
Deem valor à vida e pensem antes de fazer algumas brincadeiras, para que
não fique na situação que meu filho se encontra e traga sofrimento para
as famílias”, diz.
Guilherme já iniciou as sessões de fisioterapia, chamada de
reabilitação neurológica. Um mês após o acidente, ainda não há uma
previsão de quando o jovem conseguirá voltar a andar e fazer as
atividades diárias. Ele mostra muita força de vontade para encarar a
situação e conseguir ter uma vida normal.
“É o que eu mais quero agora. Estou fazendo fisioterapia todos os dias.
Tenho percebido uma melhora. O que eu puder fazer estando na cadeira,
eu vou fazer. O que eu puder fazer para sair dela, eu vou fazer em
dobro”, finaliza o jovem.
Fonte: G1
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