A deficiência visual não é barreira para fotógrafo profissional João
Batista da Silva, 41 anos, morador do Brás em São Paulo, capital – aluno
de fotografia eduK há 1 ano e meio.
João perdeu a visão aos 28 anos por consequência de uma uveíte
bilateral. A doença deixa sequelas que só são constatadas tempos depois
e, no caso de João, o olho direito teve descolamento de retina, além de
zerar a pressão ocular e no esquerdo, uma lesão no nervo ótico o deixou
com a visão muito baixa. Hoje ele percebe vultos, cores e formatos
(quando estão bem definidos e próximos).
Na adolescência e juventude, João foi atleta e treinou para
participar de Olímpiadas: praticava lançamento de peso, dardo e disco.
A
deficiência visual atropelou o sonho, mas ele superou, se entregou para
a fotografia e, em setembro próximo, João vai fotografar as
Paralimpíadas Rio 2016 e será o primeiro fotógrafo com deficiência
visual a cobrir o evento.
Ele utiliza um aplicativo de celular que o
direciona de toda a cena da foto por voz e atende ao comando dele para
os cliques, além de câmeras convencionais de fotografia profissional.
A fotografia entrou na vida de João ainda na adolescência, mas ele
mesmo se define como um simples amante da arte desde então. Tem como
ídolo e referência Evgen Bavcar (fotógrafo esloveno – deficiente visual –
de grande destaque internacional).
João acredita que a disponibilidade
para estar sempre se atualizando e aprendendo é essencial para
fotografar.
Ao ser diagnosticado com a deficiência visual, aos 28 anos de idade,
João perdeu o emprego de carteiro.
Passado o período de aceitação, ele
se atirou na fotografia: tomou conhecimento sobre maneiras de se
aperfeiçoar. Ele é especialista da editoria de esportes e se dedicou a
cobrir eventos como o Circuito Caixa de Atletismo:
“Como eu já tinha familiaridade com o ambiente, rotina e toda a percepção do atletismo, ficou mais fácil e hoje acabo conseguindo cliques até melhores que os fotógrafos sem deficiência. Eu sei onde e como o atleta estará no momento da largada, da chegada...sei como me posicionar, monto meu tripé com minha DSLR e disparo o automático na hora exata. ”
João considera a eduK essencial para a carreira dele: “com os cursos
eu consigo entender detalhes, voltar a cena e pegar todo o conteúdo com
muita facilidade”.
Hoje, com a meta de participar de um evento olímpico alcançada, João
estabeleceu outro objetivo: o de levar a fotografia com acessibilidade
para todo o país.
“Quero montar uma exposição acessível com minhas fotos onde tenham legendas em braile ou relevo para expandir ainda mais este universo e mostrar que a deficiência não é um fim e sim um começo de uma nova vida. Defino fotografia em 3 palavras: luz, conhecimento e oportunidade”, João Batista da Silva, fotógrafo paulistano, 41 anos, aluno eduK. Primeiro deficiente visual a cobrir uma Paralimpíada.
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