Em época de “matrículas abertas” na
fachada das escolas vale refletir sobre as escolhas de onde matricular
os filhos.
Optar por escolas inclusivas mesmo que seu filho não tenha
nenhuma deficiência é extremamente recomendável para o adulto que ele
vai se tornar.
Para Carolina Freire de Carvalho, coordenadora geral da
Fundação Síndrome de Down, a convivência com as diferenças faz a pessoa
se tornar um adulto mais flexível.
“Uma pessoa que conviveu ao longo de sua vida cotidiana com as diferenças, tende a ser um adulto com pensamento mais flexível, tem acesso a modelos sociais mais amplos, e, portanto, estará melhor preparado para viver numa sociedade diversificada”, ressalta.
Recentemente a entidade realizou um
levantamento junto aos usuários em idade escolar (entre 6 meses e 18
anos) que revelou que 62% estão matriculados em escolas públicas
enquanto 38% frequentam escolas privadas.
O número não surpreende quem convive com
esta realidade: muitas escolas privadas relutam em receber alunos com
alguma deficiência, principalmente a intelectual.
Isso acontece,
principalmente, porque todas as escolas devem, desde 2008, seguir a
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, mas as escolas públicas costumam estar mais adequadas a esta
Política.
As instituições particulares que fecham as portas não sabem,
no entanto, os benefícios que aceitar crianças com deficiência podem
trazer para os demais alunos da escola e para a própria instituição.
“A escola inclusiva proporciona uma convivência e desenvolvimento humanos em um espaço de diferenças, que considera cada um em sua singularidade no processo de ensino-aprendizagem e de convívio social, desenvolvendo respeito mútuo e uma postura inclusiva perante a vida”, explica Carolina.
De acordo com Daniel Nascimento,
pedagogo e coordenador de processos da Fundação, o principal relato das
mães de pessoas com deficiência intelectual ainda é negar a matrícula.
“Dentre as reclamações que ouvimos de pais de pessoas com deficiência intelectual, a principal é a negativa de matrícula. Ainda que há anos já tenhamos legislação proibindo este tipo de discriminação, são incontáveis os relatos que temos de escolas que negaram a matrícula ao saberem que o estudante tinha deficiência intelectual. Outra reclamação que ouvimos sistematicamente diz respeito à qualidade da educação oferecida.Muitos pais, corretamente, questionam os métodos e apoios oferecidos por suas escolas, exigindo que sigam exatamente a legislação vigente. Querem, com isso, que seus filhos de fato sejam incluídos em todos os processos relativos à vida escolar sem serem excluídos de algumas disciplinas ou conteúdos”, relata.
Não são
raros os pais com filhos na Fundação e com condições de pagar por
escolas particulares, mas que optaram pelas públicas por entenderem que
teriam acesso à uma educação de melhor qualidade com essa mudança.
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