O transplante de medula óssea para portadores de esclerose sistêmica,
que não apresentam melhora com o uso de medicações, aumenta a
capacidade funcional e dá independência para atividades do dia a dia.
Esses são resultados de um estudo com portadores da doença, submetidos
ao transplante autólogo de células-tronco sanguíneas na Unidade de
Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto (HCRP) da USP.
A qualidade de vida desses pacientes, que antes do transplante
viam progressivamente a perda de movimentos de dedos e mãos, além de
falta de ar, foi observada com acompanhamento e testes de nove mulheres
de média de idade de 32 anos e dois anos de diagnóstico da esclerose
sistêmica antes do transplante.
E os resultados positivos, comprovados cientificamente, são
festejados pela fisioterapeuta e pesquisadora Karla Ribeiro Costa
Pereira, garante que:
“até hoje, não existiam artigos publicados sobre essas alterações funcionais pós-transplante; são de extrema importância esses conhecimentos tanto para pacientes quanto para a ciência”.
O trabalho é parte da pesquisa de doutorado de Karla, ainda em
andamento na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, com a
orientação da professora Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, da
Divisão de Imunologia, Departamento de Clínica Médica da FMRP.
E com o
título Avaliação funcional de pacientes com esclerose sistêmica pós-transplante de células tronco hematopoéticas, o estudo recebeu o prêmio Fani Job de
melhor trabalho apresentado no último Congresso da Sociedade Brasileira
de Transplante de Medula Óssea, realizado em Foz do Iguaçu, PR, em
agosto último.
Benefícios
Karla acredita que os benefícios observados em seu estudo
auxiliem os pacientes a optar pelo tratamento, quando indicados ao
transplante com células tronco.
Ela comenta que esse transplante para
esclerose sistêmica vem sendo estudado mundialmente pois, apesar de ser
um procedimento com grandes riscos, pode ser a única resposta para
muitos desses doentes.
É que a melhor terapia medicamentosa hoje
disponível, a ciclofosfamida, só evita a progressão da doença em poucos
casos.
Doença autoimune que afeta progressivamente as células do tecido
conjuntivo, causando alterações vasculares e fibrose da pele e de órgãos
internos, a esclerose sistêmica é relativamente rara; atinge uma em
cada 50 mil pessoas.
Mas pode levar à morte se afetar tecidos de órgãos
como o pulmão, coração ou intestino. Em casos graves, a taxa de
mortalidade pode chegar a 50% em cinco anos.
Como causa uma espécie de endurecimento da pele, o diagnóstico é
feito com o aparecimento de sintomas como: dificuldade para movimentar
os dedos das mãos, que também ficam roxas, especialmente no frio.
Com a evolução da doença, o endurecimento da pele se expande, e o
paciente apresenta limitação das atividades de vida diária, com
dificuldade para pegar objetos, se vestir e caminhar longas distâncias.
Além da pele, diz a pesquisadora, a esclerose sistêmica pode causar
“fibrose no pulmão”, que traz dificuldade de oxigenação e sensação de
falta de ar em alguns esforços.
Como é grande o número de pacientes que não respondem ao tratamento
convencional, o transplante autólogo de células tronco hematopoéticas realizado com células do sangue do próprio paciente, acaba sendo o
único tratamento possível para um bom número de casos. E os resultados
têm sido animadores, apesar dos riscos do procedimento.
Capacidade funcional restaurada
Com a diminuição do endurecimento da pele de outros tecidos do
organismo após o transplante, esses pacientes recuperam também força
muscular respiratória, forças e aumento da amplitude dos movimentos das
mãos e, consequentemente da qualidade de vida.
Esses foram os principais resultados da pesquisa de Karla. Para o
grupo que ela estudou, o transplante de medula óssea mostrou-se:
“Um procedimento benéfico, que leva a uma melhora da capacidade funcional e da independência dos pacientes nas atividades do dia a dia”, conclui.
Fonte: Agência USP de Notícias
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