Para
tornar os empreendimentos mais acessíveis, imobiliárias e construtoras
investem na acessibilidade para deficientes físicos e pessoas com a
mobilidade reduzida nos imóveis e condomínios de Goiás.
Parte dos
esforços é para atender a uma norma da Caixa Econômica Federal, que
exige que, no mínimo 3% dos apartamentos dos edifícios feitos com
recursos do Minha Casa Minha Vida, sejam acessíveis em seu interior.
Em Aparecida de Goiânia,
na Região Metropolitana da capital, um condomínio horizontal de lotes
será entregue com todas as calçadas acessíveis.
De acordo com Paulo
Henrique Ribeiro, engenheiro civil e diretor da CINQ Desenvolvimento
Imobiliário, responsável pelo projeto, a percepção da necessidade se deu
a partir de experiências próprias.
Ele afirma
que o projeto é o primeiro condomínio, no Brasil, com calçadas
projetadas e entregues em todos os lotes e áreas comuns.
“Tiramos a ideia da nossa experiência. Apesar da empresa ser nova, os proprietários são bem antigos no mercado e percebemos que nos condomínios, hoje, os moradores não conseguem andar nas calçadas, porque não tem e quando tem, está mal cuidada. Um vizinho fez de um jeito e o outro fez de outro, tem um degrau, um desnível”, relata.
O
egenheiro desenvolveu um loteamento com calçadas projetadas para serem
acessíveis aos seus moradores.
O projeto inclui, além da calçada com
largura de 4 metros para cadeirantes e pessoas com mobilidade
reduzida, o piso tátil, que ajuda a direcionar pessoas com deficiência
visual.
O diretor
acrescenta que o condomínio também apresentará lombofaixas, que são
passagens elevadas para pedestres, que permitem que a pessoa não precise
descer um degrau para atravessar a rua.
“Ao atravessar a rua com a lombofaixa, o morador não precisa descer para o asfalto. Ele fica no mesmo nível da calçada e a largura da lombofaixa é a mesma da via de pedestre, de tal forma que chama atenção do carro. A própria coloração diferente chama atenção e faz o motorista reduzir a velocidade, além do desnível. Então, um cadeirante ou pessoa com dificuldade, uma babá com carrinho, todos conseguem atravessar com mais segurança”, analisa.
Ele conta
que, para que o cliente possa entender a dimensão real do condomínio,
foram reproduzidos 3 lotes de tamanhos reais, com a representação das
calçadas, lombofaixas e demais características inclusas no projeto
“Reproduzimos três lotes para que o cliente possa entender o que é. Todas as calçadas com o piso tátil. Aqui, o cliente consegue visualizar exatamente o tamanho do lote, consegue entender o que estamos falando de calçada acessível”, revelou.
Ribeiro
ressalta que o morador, ao comprar o lote, não pode realizar
intervenções nas calçadas.
“Não pode mexer, nem pintar, porque senão ficaria diferente uma da outra e perderia esse senso de unidade. A calçada tem que ser nivelada, tem que ter o piso tátil e tem ser padronizada. Se cada uma for de um jeito, cada um botar um piso de um jeito, perde o sentido”, completa o diretor.
Apartamentos acessiíveis
A
adaptação também tem invadido a categoria dos apartamentos econômicos.
Thiago Scarparo, engenheiro de instalação da MRV Engenharia, afirma que a
empresa já está cumprindo a determinação da Caixa Econômica Federal.
Segundo ele, os empreendimentos possuem soluções para melhorar a
qualidade de vida dos moradores com deficiência.
“A gente faz alteração no tipo de acabamento hidráulico com torneiras diferentes para tornar mais acessível. As portas são maiores, mais largas. As bancadas são mais baixas. No banheiro, colocamos portas de correr, fazemos adaptação das barras para deficiente também no banheiro. Além da área externa, que também é adaptada”, salienta.
O
engenheiro conta que toda a área externa possui adaptações, o que torna
possível que o deficiente físico passe por todos os ambientes do prédio.
“Foram projetadas rampas de acesso para cadeira de rodas, todas obedecendo a inclinação de oito graus. Calçadas adaptadas, que respeitam a largura e piso tátil na área externa. Acesso à área de lazer. Além de vagas de estacionamento para deficientes, com espaço ideal para o acesso de cadeiras de rodas”, conclui o engenheiro.
Experiência
O André Jonas de Campos, advogado da
Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (ADFEGO) é
cadeirante. Ele é tetraplégico e revela que adquiriu um apartamento há
três anos e precisou fazer adaptações antes de se mudar.
“Eu comprei o apartamento na planta e fiz um termo aditivo para falar todas as adaptações que seriam necessárias. Toda vez que eu adquiro um imóvel eu faço isso, porque se eu fosse utilizar outro imóvel sem as alterações, não atenderia as minhas necessidades”, revela Campos.
O advogado
conta que cada deficiente tem suas próprias necessidades e que teve que
fazer alterações nos tamanhos das portas, para deixá-las mais largas.
Ele afirma que chegou a procurar outros imóveis com adaptação, mas
nenhum, de fato, atendia às suas necessidades.
Campos
acrescenta que, no local onde comprou o imóvel, não tinham apartamentos
adaptados, por isso precisou exigir as alterações. Ele releva que não
teve que arcar com nenhum custo para realizar os reparos.
Para ele,
tanto na vida pessoal quanto como advogado da associação, é importante
que sejam feitos imóveis acessíveis próprios para deficientes físicos e
pessoas com mobilidade reduzida.
“Eu acredito que quando trabalhamos com acessibilidade, não estamos preocupados só com a presente geração, mas também a futura. Essas necessidades de hoje vão também atender as pessoas da terceira idade”, lembra.
Campos
revela que um dos maiores obstáculos para um cadeirante, em uma casa ou
apartamento que não é adaptado são as portas dos banheiros.
“Na maioria das casas que eu vou, casa de amigos, as portas não atendem a um distanciamento que caiba a cadeira de rodas. A grande maioria é assim”, conclui o advogado.
Fonte: Sempre Incluidos
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