28 de jan. de 2014

Fernando Fernandes explica foto em pé, mas é realista sobre voltar a andar

Fernando Fernandes está em pé, segurando uma barra


Tetracampeão mundial de paracanoagem e campeão brasileiro de canoagem velocidade ao lado de três canoístas sem qualquer deficiência, Fernando Fernandes chamou a atenção nas redes sociais nesta Segunda-Feira ao postar uma foto em que aparece de pé, com a cadeira de rodas ao lado, apenas segurando uma barra com a mão direita para manter o equilíbrio. Sem poder andar desde 2009, quando sofreu um grave acidente de carro, ele explicou que está usando uma órtese que o possibilita ficar dessa maneira.


Mas, por trás da publicação na internet, há um motivação: promover a corrida global "Wings for Life World Run", que acontecerá simultaneamente em 38 países no dia 4 de maio e terá a participação de esportistas célebres, como o tetracampeão da Fórmula 1, Sebastian Vettel. 


No Brasil, a prova será realizada na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. O evento tem como objetivo arrecadar fundos para a entidade beneficente "Wings for Life", que busca uma cura para lesões como a de Fernando.
 
- Na verdade, isso é uma coisa que faço sempre. Fico de pé com a ajuda de uma órtese (apoio que fica por baixo da calça). Assim enxergo o mundo de novo com 1,90m e mato saudades. 


O grande intuito dessa foto foi chamar atenção para uma corrida que vai ter, a "Wings for Life World Run". Estou como embaixador, já que o objetivo dela é buscar fundos para a cura da lesão medular. 


O mundo está começando a olhar mais para isso. O maior beneficiado desse evento sou eu e outras pessoas na minha condição. 


A ideia é sensacional, é tudo simultâneo: corrida no deserto, no frio, no calor, vários países juntos. Quanto mais pessoas tiverem, mais bonito vai ser e mais atenção vamos atrair para um problema que não é só meu. 


Eu carrego essa bandeira. Tive essa força, mas não é todo mundo que tem. É o mínimo que posso fazer - comentou .


Fernando acrescentou ainda que a questão de voltar a andar ou não independe dele. Se fosse por sua força de vontade, certamente já estaria dando os primeiros passos. 


Afinal, além de praticar canoagem profissionalmente, ele faz outras atividades e ainda complementa com fisioterapia. Ou seja, depende muito mais da evolução da medicina, já que, no momento, não há cura para lesões desse tipo na medula espinhal.
 
- A medicina não me dá resposta até porque eles não têm essa resposta. Eu faço muito, mas não depende de mim. É uma incógnita. Se dependesse, estaria curado. 


Depende do dinheiro ser investido em uma cura. Há interesse? Nos Estados Unidos foi autorizado o teste de células-tronco em humanos. 


Sei que há pessoas dispostas a tentar apesar de qualquer complicação que possa ter. Agora as coisas estão no caminho certo. Senti, pelas informações que recebo de fora, pelo fato dos Estados Unidos estarem fazendo isso e pela "Wings for Life" estar fazendo esse evento, que é o caminho certo - disse, esperançoso.


Após sua participação de três semanas no reality show Big Brother Brasil, ele dormiu ao volante voltando para casa após um jogo de futebol e sofreu um grave acidente que causou a lesão na medula. A trajetória na canoagem começou em um centro de reabilitação em Brasília. 


Os profissionais usavam o esporte como forma de lazer e no processo de recuperação. Mas Fernando lembra que a sensação ao remar em um caiaque nas águas foi tão boa que não parou mais.
 
Atualmente, está perto de estrear no K2, modalidade em que há dois atletas no caiaque. Além disso, o esportista tem treinado com um barco olímpico, diferente do paralímpico. Ele diz que é o único paracanoísta no mundo a fazer isso. 


Viciado em esportes, Fernando se profissionalizou na canoagem, mas continuou praticando outros, como o motocross. Os próximos objetivos são uma longa travessia no Havaí e, claro, as Paralimpíadas do Rio 2016.


- Cada esporte que eu conquisto é uma vitória grande. Não dá para dizer qual é a maior, mas cada vez vou mais me encontrando com meu eu, com o Fernando antigo que fazia tudo. E um grande objetivo meu vai acontecer em maio. 


Vou fazer a travessia Molokai-Oahu, de 64 km, no Havaí. Serão seis horas remando em um mar enorme. Ali eu tenho certeza que vai ser uma das coisas mais difíceis. É a canoagem que me alimenta - relatou.
As inscrições para a "Wings for Life World Run" vão até o dia 20 de abril de 2014. Somente quem a completar até 23 de fevereiro terá seu nome impresso em seu número de participação.


Para se inscrever, é preciso ter mais de 18 anos e preencher um formulário no site da prova. Além de ajudar a instituição beneficente, os "Global Champions" ("Campeões Globais") terão como prêmio uma viagem ao redor do mundo. 


Já os "campeões locais" poderão escolher qualquer cidade do mundo para largar na próxima edição da "Wings for Life World Run".
 
Além de corredores amadores e profissionais, muitos atletas e ex-esportistas correrão a prova. Sebastian Vettel, que corre a Fórmula 1 pela equipe Red Bull, é o principal. Mas os ex-pilotos David Coulthard e Eddie Jordan, o windsurfer Robby Naish, o corredor cadeirante Thomas Geierspichler, os velejadores Hans Peter Steinacher e Roman Hagara, a corredora de longas distâncias alemã Sabrina Mockenhaupt, e o ex-esquiador que virou piloto de corridas, Luc Alphand, também participarão da "Wings for Life World Run".



Fonte: GloboEsporte




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