8 de jan. de 2014

Mãe de deficiente intelectual denuncia preconceito em central do VEM

Símbolo de acessibilidade é formado por diversas pessoas
Uma mãe que levava o filho com deficiência intelectual e epilepsia de difícil controle até a central de atendimento do cartão VEM (Vale Eletrônico Metropolitano), na rua da Soledade, bairro da Boa Vista, disse ter sido vítima de discriminação por parte dos funcionários do local. 


Segundo Nieta Kátia Brasiliano, de 45 anos e mãe da pessoa com deficiência neurológica José Luiz da Silva Júnior, de 23 anos, por volta das 12h30 desta sexta-feira (3), ao perguntar se poderia ir até algum banheiro para trocar a fralda de seu filho, teria sido vítima de gestos e piadas preconceituosas.


Nieta Kátia foi, acompanhada do filho, até a central do VEM para realizar a troca da antiga carteira de livre acesso, documento que permite a gratuidade de passagens de ônibus para deficientes na Região Metropolitana do Recife – RMR, pela nova edição da carteira. Ao chegar ao local, o seu filho, que utiliza fraldas geriátricas, acabou defecando.


“O meu filho usa fraldas e não sujou nada. Eu só perguntei se poderia levá-lo até algum banheiro, mas fui alvo de chacotas e olhares preconceituosos dos funcionários. Eles afastaram as cadeiras do meu filho e fizeram sinais com o dedo no nariz. Meu filho é só um deficiente, ele não é um monstro”, disse, enquanto enxugava as lágrimas, a mãe do rapaz.


Gabriela Sales, 35 anos e operadora de telemarketing, tinha ido até o local para retirar a segunda via do seu cartão VEM e acabou testemunhando o ocorrido. 


“Um funcionário se aproximou da mãe do rapaz e disse algo, mas não cheguei a escutar o que ele falou. Vi também que o funcionário levou uma cadeira embora. Depois disso, uma pequena confusão se formou e a mãe do rapaz começou a gritar que a culpa, por não existirem banheiros no VEM, era do governo e não dela”, contou.


Abordados pela reportagem do portal FolhaPE, dois funcionários da central de atendimento do cartão VEM, que não quiseram se identificar, disseram que não existe nenhum tipo de banheiro, para pessoas com deficiência ou não, no espaço, que funciona de segunda a sexta-feira, das 07h às 20h, e atende a centenas de pessoas por dia.


A assessoria de comunicação da Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Pernambuco), entidade responsável pela central de atendimento VEM, informou que uma estrutura com diversos banheiros químicos adaptados foi montada para uso dos deficientes físicos que fossem até o local para realizar a troca da antiga carteira de Livre Acesso pelo novo Cartão VEM Livre Acesso, mas que esses banheiros foram removidos após o término do primeiro período de troca de carteiras, que se encerrou no último dia 30.


Ainda segundo a Assessoria de Comunicação da Urbana, os funcionários da central VEM poderiam ter conduzido a pessoa com deficiência, junto com sua mãe, até um banheiro que fica em uma área restrita aos trabalhadores da Central. 


Perguntada sobre o processo de capacitação dos funcionários da central VEM, a assessoria da Urbana não soube dizer se existem capacitações específicas para atendimento a deficientes, mas lamentou o ocorrido e informou que a empresa tem se esforçado para atender a diferentes públicos.


Fonte: Folha PE


Nenhum comentário:

Postar um comentário