O relatório final da proposta de Estatuto da Pessoa com Deficiência (PL 7699/06) deve ser reapresentado no Plenário da Câmara dos Deputados
em breve e pode até ser votado em abril, caso a pauta esteja
destrancada.
O texto reunirá ideias contidas em quase 300 projetos de
lei e 400 sugestões enviadas pela população por meio dos canais de
comunicação da Câmara.
Uma das novidades do relatório será a punição para o gestor público que não cumprir as leis de acessibilidade, que inclui o acesso a espaços e equipamentos urbanos, a edifícios, transporte e meios de comunicação.
A relatora, deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), quer que o gestor que não cumpra as regras seja processado por improbidade administrativa.
"O que a gente teve até hoje foi um decreto federal [5296/04] que não
estabelece autuação para quem não cumpre a legislação. Como o estatuto é
um projeto de lei, a gente tem essa prerrogativa de colocar formas de
autuar. Isso talvez faça uma grande transformação”, afirma Gabrilli, que
é tetraplégica.
Outro ponto do relatório deve alterar o Estatuto das Cidades (Lei
10.257/01) para deixar claro que é das prefeituras e não do proprietário
do imóvel a responsabilidade pela manutenção das calçadas em boas
condições de circulação.
Segundo a deputada, poderá haver convênios do
gestor público com o particular, mas a responsabilidade será da
administração municipal.
"Hoje, na legislação de todos os municípios do Brasil, o proprietário é
o responsável. Por isso que praticamente 99% das calçadas do País são
ruins, mesmo para uma pessoa que caminha com autonomia", aponta.
TCU
A criação de instrumentos para garantir o cumprimento da lei também é
uma preocupação do Ministério Público, que promove a campanha "Pela
acessibilidade total" para provocar os tribunais de Contas a verificar
se as atuais normas de acessibilidade estão sendo cumpridas pelos
gestores.
O procurador do Tribunal de Contas da União (TCU), Sérgio Caribé,
ressalta a necessidade de o estatuto trazer instrumentos efetivos que
obriguem o poder público a garantir a plena acessibilidade.
“Infelizmente, no Brasil, a realidade é de leis que pegam e de leis que
não pegam. E tenho muito temor de que o estatuto acabe por não pegar”,
diz.
“É importante que a Câmara tenha a preocupação não só com o conteúdo do
estatuto, mas também com a previsão de ferramentas que permitam o
acompanhamento das ações desenvolvidas pelo poder público e a cobrança
para que essas ações sejam efetivamente implementadas", acrescenta
Caribé.
Fonte: Agência Câmara Notícias
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