21 de mai. de 2015

Programador brasileiro com deficiência visual se guia por áudio para escrever linhas de código



Lucas Radaelli tem 23 anos, é apaixonado por tecnologia, música e trabalha no escritório de desenvolvimento da Google, em Belo Horizonte (MG)


O rapaz, nascido no Paraná, passa seus dias analisando e tentado melhorar o sistema de buscas da gigante, assim como seus colegas de trabalho. 


A diferença é que Lucas tem deficiência visual e compreende e “lê” todas as linhas de código por meio de áudio.


“Uso as mesmas coisas que outros engenheiros: um navegador para a internet e um editor de texto para os códigos. A única diferença é que, por cima deles, uso leitores de tela“, explica o programador em entrevista à Info. 


Para permitir a acessibilidade de deficientes visuais, existem softwares específicos que transformam o texto da tela do computador em áudio. 


A fim de tornar o trabalho mais ágil, Lucas mantém a voz de auxílio ajustada para pronunciar 700 palavras por minuto, em português – em uma conversa comum, esse número dificilmente passa dos 180. 


Mas se isso parece complicado para você, o programador tira de letra e conta ainda que, enquanto usa a audição para decifrar os códigos, não dispensa um bom heavy metal.


Na Google, Lucas passou pelo mesmo processo de contratação dos outros candidatos, tendo suas provas e métodos de avaliação apenas adaptados às suas necessidades. 


No dia a dia, a diferença para os outros colegas é, além do uso do leitor de tela, a companhia constante de Timmy, seu cão-guia. 


O rapaz é graduado em Ciência da Computação pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e costumava contar com a ajuda de amigos e professores para ter acesso a textos e materiais que não estavam disponíveis em braile ou em áudio.


“As pessoas com deficiência costumam ser encaixadas em dois patamares: o de coitado ou o de herói. Não gosto de nenhum deles. Não sou exemplo de superação. Superação é quando você passa por uma coisa e ela acaba. Isso é algo que a gente tem de conviver todos os dias. Além do mais, não sou o único que faz isso“, afirma. 


Lucas participa do grupo Cegos Programadores, que reúne mais de 165 pessoas interessadas na área da tecnologia, provando que com os recursos adequados de acessibilidade, pessoas com deficiência são mais do que capazes de desenvolver qualquer função, na área que desejarem. 


Em um canal no YouTube chamado Canal Ponto de Vista, há alguns anos atrás, Lucas chegou a mostrar como é a interação de deficientes visuais com computadores e tablets. 


Confira alguns dos vídeos:

 

 







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