Lucas Radaelli tem 23 anos, é apaixonado por tecnologia, música e trabalha no escritório de desenvolvimento da Google, em Belo Horizonte (MG).
O rapaz, nascido no Paraná, passa seus dias analisando e tentado
melhorar o sistema de buscas da gigante, assim como seus colegas de
trabalho.
A diferença é que Lucas tem deficiência visual e compreende e “lê” todas as linhas de código por meio de áudio.
“Uso as mesmas coisas que outros engenheiros: um navegador para a
internet e um editor de texto para os códigos. A única diferença é que,
por cima deles, uso leitores de tela“, explica o programador em
entrevista à Info.
Para permitir a acessibilidade de deficientes
visuais, existem softwares específicos que transformam o texto da tela
do computador em áudio.
A fim de tornar o trabalho mais ágil, Lucas
mantém a voz de auxílio ajustada para pronunciar 700 palavras por
minuto, em português – em uma conversa comum, esse número dificilmente
passa dos 180.
Mas se isso parece complicado para você, o programador
tira de letra e conta ainda que, enquanto usa a audição para decifrar os
códigos, não dispensa um bom heavy metal.
Na Google, Lucas passou pelo mesmo processo de contratação dos outros
candidatos, tendo suas provas e métodos de avaliação apenas adaptados às
suas necessidades.
No dia a dia, a diferença para os outros colegas é,
além do uso do leitor de tela, a companhia constante de Timmy, seu
cão-guia.
O rapaz é graduado em Ciência da Computação pela UFPR
(Universidade Federal do Paraná) e costumava contar com a ajuda de
amigos e professores para ter acesso a textos e materiais que não
estavam disponíveis em braile ou em áudio.
“As pessoas com deficiência costumam ser encaixadas em dois patamares: o
de coitado ou o de herói. Não gosto de nenhum deles. Não sou exemplo de
superação. Superação é quando você passa por uma coisa e ela acaba.
Isso é algo que a gente tem de conviver todos os dias. Além do mais, não
sou o único que faz isso“, afirma.
Lucas participa do grupo Cegos
Programadores, que reúne mais de 165 pessoas interessadas na área da
tecnologia, provando que com os recursos adequados de acessibilidade,
pessoas com deficiência são mais do que capazes de desenvolver qualquer
função, na área que desejarem.
Em um canal no YouTube chamado Canal
Ponto de Vista, há alguns anos atrás, Lucas chegou a mostrar como é a
interação de deficientes visuais com computadores e tablets.
Confira alguns dos vídeos:
Fonte: Hypeness / Vida Mais Livre
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