"‘Ele ganhou autonomia" disse a mãe de Henrique Coimbra que tem 11 anos
e nasceu com Síndrome de Down.
Ele é um dos pacientes do Centro Básico
de Equoterapia de Divinópolis, projeto que utiliza o cavalo como
principal recurso para estímulos sensoriais, motores, educacionais,
sociais e emocionais.
Henrique faz o tratamento há um ano e meio e segundo a mãe, Tânia
Coimbra, muitas pessoas perceberam mudanças na criança, pois o cavalo o
ajudou a conquistar autonomia e dominar o medo.
Segundo ela, o resultado
tem sido satisfatório, já que o garoto tinha dificuldades em se
relacionar, era tímido e inseguro.
“Na equoterapia cada um trabalha de acordo com a necessidade e para o meu filho foi muito importante, principalmente porque focaram na melhoria da insegurança, timidez e do medo que ele tinha. Ele era muito retraído, tinha muita vergonha, hoje eu sinto o Henrique com maior autonomia, além disso, ele está mais educado e sabe diferenciar os deveres e os direitos dele”, disse.
De acordo com a diretora do projeto Naira Cândida Prado, o método de
desenvolvimento e melhorias ocorre de acordo com cada paciente. No caso
de Henrique, as mudanças vieram depois de um ano de tratamento.
“No início, Henrique nem entrava na baia, porém durante o processo nós fomos conversando e mostrando a ele que o animal era dócil. Aos poucos, ele subiu no cavalo e hoje depois de muito trabalho e persistência ele já está aprendendo a usar a rédea e para que isso ocorresse durou um ano e meio”, finalizou.
Além de Henrique, a Ana Luiza Alves de Oliveira, de 10 anos, que faz
tratamento equoterapêutico há quatro meses no Centro de Divinópolis,
também teve melhorias no desenvolvimento da coordenação motora e
emocionalmente.
Ela, que aos três anos foi diagnosticada com atrasos no
desenvolvimento e déficit cognitivo na coordenação motora, é uma das
crianças beneficiadas pelo projeto da Equoterapia de ‘Apadrinhamento’,
um benefício que ajuda crianças carentes a realizar o tratamento de
graça, com apoio de empresas da cidade.
“O tratamento para a minha filha está me ajudando muito, tanto no motor, quanto no emocional, pois ela era muito agitada, hoje está mais calma e teve melhoras significativas na sala de aula. Eu não teria condições de pagar o tratamento, porque eu preciso manter outros gastos, como natação, médicos, e outros tratamentos para ela, que ficam muito caros. É graças à ajuda deste projeto de apadrinhamento que minha filha tem estimulado mais o corpo, está andando com mais equilíbrio, está conseguindo escrever .Está desenvolvendo bastante, dentro dos limites dela”, disse Erica Cristina Alves, mãe da paciente.
Centro Básico de Equoterapia em Divinópolis
O Centro Básico de Equoterapia em Divinópolis está em funcionamento
desde 2013 e atende 18 pacientes, sendo a maioria crianças, com diversas
patologias, entre autismo, paralisia cerebral, transtornos de déficit
de atenção, hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down, atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor e dificuldade na aprendizagem, entre
outros.
Durante o tratamento são trabalhados a fisioterapia e a terapia
ocupacional.
De acordo com a diretora Naira Prado, o cavalo realiza movimentos
tridimensionais, que estimulam músculos e proporcionam benefícios como
equilíbrio, padrão motor de movimentação, coordenação dos movimentos,
conscientização corporal e aumento da autoconfiança.
Além disso, o
tratamento com a equoterapia previne a evolução do quadro do paciente e
contribui para uma redução de sintomas, além de ajudar o paciente a ter
mais autonomia, facilitando a reinserção de portadores de necessidades
especiais na sociedade.
Para Bruna Nascimento, de 23 anos, que é estudante de fisioterapia e
faz estágio no local, além dos cuidados com o desenvolvimento dos
pacientes, a equoterapia desenvolve um trabalho de disciplina e
educação, que auxiliam na melhoria do desenvolvimento emocional e
psicológico.
“O trabalho realizado pela equipe de equoterapia vai muito além dos cuidados com motricidade, equilíbrio, flexibilidade Eu observo que existe um olhar multidisciplinar no atendimento. Eles realizam o tratamento em busca da melhor funcionalidade de cada criança, além do carinho e respeito com elas, cada sorriso, ou movimento conquistado pela criança é uma alegria enorme para todas nós”, concluiu.
O cavalo, além de tornar-se um instrumento para que o deficiente ganhe
força física e autonomia, ele auxilia no desenvolvimento emocional, já
que durante o tratamento são realizados exercícios de cumprimento e
atividades de relacionamento com o animal, como penteá-lo e alimentá-lo.
A diretora do projeto também informou que o objetivo da equoterapia é
fazer com que o paciente se torne funcional.
“O desenvolvimento pode ou não ser demorado, mas os resultados são ao longo do tempo e de forma sútil. O que queremos é a independência do paciente, que ele se torne funcional e consiga realizar atividades diárias necessárias, como lavar a mão, escovar os dentes e pentear o cabelo”, disse Naira Prado.
Projeto de Apadrinhamento
O Centro de Equoterapia de Divinópolis recebe ajuda de três empresas.
Conforme Naira, o objetivo do projeto é dar a oportunidade para crianças
que não possuem condições financeiras de realizar o tratamento.
A
empresa faz um contrato de 12 meses com o centro, e recebe a cada seis
meses o relatório de desenvolvimento do apadrinhado. Além de custear o
tratamento, a empresa pode fazer ainda a troca de serviços.
“Nós queremos oferecer o tratamento equoterapêutico também para quem não pode pagar, eu estou aqui para atender e foi por isso que criei o projeto de ‘Apadrinhamento’. No início batia de porta em porta nas empresas para conseguir parcerias, nós já conseguimos, mas quem quiser ajudar é só procurar o Centro aqui em Divinópolis e nós damos o recibo, que pode ser descontado no imposto de renda. Além disso, em alguns casos, também realizamos a troca de serviços”, explicou.
Atualmente cinco pessoas são atendidas pelo apadrinhamento. A terapeuta
fez uma seleção de crianças que são tratadas na APAE e na Associação
Céu Azul e, segundo Naira, a prioridade é atender famílias que realmente
não têm condições de arcar com o tratamento.
“Temos três empresas que são parceiras do projeto. Um dos padrinhos nos ajuda com parte do feno e ração para tratar dos cavalos. Mas, só ter o apadrinhamento não adianta, a criança tem que ter encaminhamento médico, ela tem que estar autorizada a fazer o tratamento e o padrinho pode vir conhecer o afilhado”, finalizou.
Fontes: G1 / Vida Mais Livre
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