Para evitar que o Aedes aegypti, mosquito transmissor da
dengue, chikungunya e zika, aproxime-se das crianças, o uso de
repelentes é o primeiro cuidado de todos os pais. Mas antes de ir às
compras, é preciso levar diversos aspectos em consideração, como as
substâncias presentes no mercado e a idade da criança.
A seguir, veja 12 perguntas e respostas sobre o tema.
1 - Quais substâncias procurar no rótulo dos repelentes infantis?
Os pais devem escolher um produto que tenha na fórmula IR3535, DEET ou
icaridina. Além disso, é indicado conferir com o pediatra a concentração
ideal de substância ativa, o que varia de acordo com a idade da
criança. Dependendo do país, a concentração de princípio ativo varia. "O
Brasil segue a corrente canadense, mais restritiva. Nos Estados Unidos e
na França, são liberadas concentrações maiores de DEET, por exemplo",
afirma Kerstin Taniguchi Abagge, pediatra e dermatologista, presidente
do Departamento Científico de Dermatologia da SBP (Sociedade Brasileira
de Pediatria).
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2 - Criança maior de 6 meses e menor de 2 anos pode usar qual substância?
De acordo com a SBP, o indicado é o repelente com IR3535, que protege
por cerca de quatro horas. Ele é usado na Europa há vários anos e em
concentrações de 20% é eficaz. Porém, estudos divergem quanto ao período
de ação contra o Aedes aegypti, que parece ser muito curto. A despeito
da orientação da entidade, Anthony Wong, responsável pelo Ceatox (Centro
de Assistência Toxicológica) do Instituto da Criança do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirma
que, acima dos seis meses, crianças já podem usar repelentes com DEET
com concentração de 10% --a de 20% pode levar à intoxicação-- e com
icaridina --também a 10%. Ambos não devem ser reaplicados em menos de
seis horas. "Estudos na área de toxicologia revelam que é seguro, ao
contrário do que muitos médicos defendem", fala Wong.
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3 - E como proteger os menores de seis meses?
Kerstin explica que não há estudos sobre segurança de repelentes nessa
faixa etária, por isso o uso do produto não é indicado. A recomendação
de Wong é aplicar na roupa dos bebês repelentes com DEET a 10% ou
icaridina a 10% antes de vesti-los, deixando a peça secar bem. "No caso
de exposição inevitável a ambientes em que há perigo evidente de a
criança ser picada, é possível usar o que é recomendado para maiores de
seis meses e menores de dois anos, sempre seguindo a orientação do
médico", diz Kerstin. É consenso que o uso de mosquiteiros e telas nas
janelas são eficientes, tal como o de repelentes elétricos.
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4 - Para crianças maiores de 2 anos, a concentração dos ativos pode ser maior?
Sim, e isso faz com que o efeito do produto dure mais. Uma fórmula com
cerca de 5% de DEET protege por cerca de 90 minutos, com 7%, quase duas
horas, e, com 20%, cinco horas. A maioria dos produtos com DEET à venda
no Brasil têm menos de 10% da substância na composição. A icaridina em
concentrações de 10% confere proteção entre três a cinco horas. Na
concentração de 20%, de oito a 10 horas. A substância tem se mostrado
mais potente contra o Aedes aegypti do que o DEET e o IR3535.
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5 - Como escolher um bom repelente elétrico?
Esses dispositivos contêm piretróides, um grupo de inseticidas
relativamente seguro. O importante é utilizá-los corretamente;
instalando-os em tomadas mais próximas à porta do cômodo e cerca de três
metros distantes do berço. Wong explica que, para um quarto que tenha
entre seis e oito metros quadrados, um só dispositivo basta. Os
repelentes elétricos são uma boa solução para proteger as crianças à
noite, quando não é recomendado passar repelente na pele. Kirsten diz,
no entanto, que o uso enquanto a criança dorme não é formalmente
contraindicado. "A recomendação visa que a pessoa não fique com o
produto durante muitas horas sobre a pele, já que isso aumenta o risco
de reações. Entretanto, em tempos de zika e dengue, essas orientações
podem ser extrapoladas", fala.
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6 - Repelentes que emitem ondas sonoras ou eletromagnéticas são eficazes?
Não. De acordo com diversos estudos científicos, eles não se mostram eficientes no que diz respeito a afastar os insetos.
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7- Repelentes naturais, como citronela ou cravo da índia, têm alguma validade?
Para Kirsten, a eficácia das plantas isoladamente se dá por um tempo
muito curto, portanto, é essencial que o uso desses repelentes seja
combinado com as substâncias já citadas. Além disso, tanto a citronela
quanto o cravo podem causar reações alérgicas na pele.
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8 - Roupas podem ajudar a proteger as crianças?
Sim. A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é vestir as
crianças com peças que tenham mangas longas e calças compridas
--mosquitos como o Aedes têm predileção por tornozelos. Também é melhor
evitar roupas escuras, que atraem mais insetos, e as que ficam muito
coladas ao corpo, pois facilitam o contato do mosquito com a pele.
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9 - Existem áreas do corpo da criança em que não se deve aplicar repelente?
Sim. As mãos, por exemplo, já que a criança pode usá-las para coçar os
olhos. Segundo Wong, também não é interessante passar o produto próximo
dos lábios, pois o local pode ficar levemente irritado. Áreas machucadas
devem ser igualmente poupadas da aplicação.
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10 - A pele deve ser limpa quando o repelente não for mais necessário?
Sim, assim que o uso do produto não for importante para a criança, ele deve ser retirado com água em abundância e sabonete.
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11 - Como proteger as crianças do sol ao mesmo tempo que das picadas?
O uso de repelentes com hidratantes ou protetores solares deve ser
evitado, segundo indicação da Sociedade Brasileira de Pediatria. As
fórmulas reagem entre si, e os repelentes reduzem o efeito dos
protetores quando aplicados juntos. O mais indicado é aplicar primeiro o
protetor solar e, após 20 a 40 minutos, passar o repelente.
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12 - É possível que a pele da criança fique irritada com o uso do repelente?
Antes de aplicar o repelente no corpo todo é fundamental testar em uma
pequena área, como na dobra do pulso, e analisar se ocorre alguma
reação, como vermelhidão. Os rótulos dos produtos, normalmente, trazem
orientações sobre como fazer essa prova de toque. No caso de alguma
reação, suspensa o uso e busque orientação médica sobre um substituto.
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