Convidado para falar sobre as mudanças da Lei Brasileira de Inclusão
(LBI), Dr. Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, 56 anos, paulistano que
reside atualmente em Curitiba, esteve em Sergipe na última sexta-feira
para realizar palestra organizada pelo Instituto Iluminar de Inclusão
Social e demonstrou os desafios enfrentados no dia a dia de sua jornada
enquanto primeiro desembargador do trabalho com deficiência visual.
Nasceu com baixa visão, ficou cego ainda nos tempos da faculdade,
quando contou com apoio dos colegas que gravavam livros para que ele
pudesse estudar e isso fez toda diferença em sua vida impulsionando sua
formação.
Estagiou enquanto acadêmico de Direito como auxiliar de Juiz,
um estímulo para prestar concurso público para o Ministério Público
Federal, onde exerceu a carreira de Procurador por 18 anos até ter sido
nomeado pelo Presidente da República em 2009, tornando-se o primeiro
juiz cego da história do Brasil, Desembargador Federal do Trabalho, em
Curitiba.
Participou ativamente como relator durante a elaboração da Convenção
das Pessoas com Deficiência pela ONU, finalizada em 2007, e na
elaboração da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), está dando oportunidade à
quebra de barreiras para que outras pessoas possam seguir os caminhos
da inclusão social e respeito à cidadania.
- A luta é coletiva, podem até dizer que você não é capaz, mas temos
que brigar e buscar o Ministério Público, pois ele tem papel fundamental
para o cumprimento desta lei e cabe às pessoas com deficiência unirem
forças em busca dessas conquistas.
A deficiência não está nas pessoas
que tem uma limitação física, auditiva, visual ou mental, mas sim, nas
barreiras que se impõem ao livre acesso à cidadania, sejam estas
barreiras, de atitudes, tecnológicas, sociais, de transporte ou de
comunicação.
- Podem até dizer que você não é capaz. Tenho muito orgulho de dizer
que fui o primeiro juiz cego e temos que brigar por esta causa, cobrar
da esfera pública e privada por direitos muitas vezes deixados para
trás. Não é fácil, mas a união faz a força e muito tem sido feito para
tal, explicou Dr. Ricardo.
"O Trabalho da Pessoa com Deficiência e a Lapidação dos Direitos Humanos”.
Ao final da palestra,
apesar de cansado, cantou junto com o auditório lotado, deixando a
plateia presente ao Tribunal da Justiça do Estado de Sergipe com a
sensação de que muito tem se conquistado, mas há muitos caminhos ainda a
serem abertos, não somente pelos governantes, mas por toda sociedade.
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