30 de set. de 2015

PMs recebem curso de libras para dialogar com surdos em São Carlos

Grupo de policiais militares observa as instruções do professor

Soldados do 38º Batalhão da Polícia Militar de São Carlos (SP) têm recebido treinamento sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para facilitar a comunicação e melhorar a abordagem a pessoas que são surdas. 


Dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em 2010 a cidade tinha aproximadamente 9 mil surdos com diversos graus de deficiência.


O projeto do 38º BPM, inédito no Estado de São Paulo, visa oferecer o curso a mais de 300 militares de cidades como Ibaté, Ribeirão Bonito, Dourado, Descalvado, Porto Ferreira e Santa Rita do Passa Quatro.


A ideia surgiu a partir de uma matéria chamada 'Procedimento Operacional Padrão (POP)', oferecida durante o Estágio de Aprimoramento Profissional, período em que todos os policias em âmbito estadual são retirados das ruas para uma semana de reciclagem de habilidades e conhecimentos.


Atualmente, o que era apenas uma apostila que orientava os militares na hora de abordar pessoas com deficiência se transformou em aulas práticas com um intérprete de libras e surdos voluntários. A meta é auxiliar os militares nessa abordagem.


“O grande desafio da polícia hoje é conseguir identificar em uma abordagem ou uma ocorrência a pessoa como deficiente auditivo. Em um segundo momento, o desafio é de como agir, como conversar com eles, como deixá-los tranquilo e como ajudá-los”, falou capitão Jefferson Lopes Jorge. 


Segundo ele, mesmo durante as aulas práticas os policiais sentem a dificuldade de interagir com os surdos.


Além dessas aulas, o batalhão disponibilizou uma turma, com duração de 3 meses, para que policias e familiares se aprofundem na linguagem de sinais. 


No futuro, a ideia é oferecer um curso com duração de 40 horas semanais, realizado em São Carlos para todos os batalhões do Estado de São Paulo.


“Nós já formalizamos esse curso junto ao comandante geral, em São Paulo, que será muito mais avançado, com muito mais detalhes e com mais profundidade. Esses policiais seriam, então, multiplicadores em suas unidades. Diferente do que é dado agora, que são noções gerais”, completou o capitão, que prevê o início do curso para 2016.

 

Aulas


Apesar de nunca ter se deparado com uma situação em que tivesse que lidar com esse tipo de deficiência durante o trabalho, o sargento Carlos Eduardo Pasian, de São Carlos, disse achar o projeto de extrema importância.


“No nosso dia a dia podemos nos deparar com essas pessoas em uma abordagem ou na hora de auxiliar em um acidente, e esse curso facilita a comunicação, tanto para receber quanto para passar as informações e evitar um mal entendido por conta de um sinal mal dado ou uma informação que a gente não consiga compreender”.


Atualmente, o responsável por ministrar o curso é o interprete de libras Alexandre Moreira, que disse se sentir honrado em poder ajudar a polícia. Ele acredita que esses cursos poderiam ser estendidos para outros profissionais e outros locais 


“O governo precisa ter um enfoque de libras nas salas de aula”, declarou.


Para ajudar os policiais, alguns surdos voluntários participam dos cursos. É o caso de Ronaldo José de Moura, que apoia a iniciativa. 


“É bom. É importante a polícia aprender e é bom ensinar, eu estou feliz”, relatou.



 

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