Soldados do 38º Batalhão da Polícia Militar de São Carlos (SP) têm
recebido treinamento sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para
facilitar a comunicação e melhorar a abordagem a pessoas que são surdas.
Dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) apontam que em 2010 a cidade tinha aproximadamente 9
mil surdos com diversos graus de deficiência.
O projeto do 38º BPM, inédito no Estado de São Paulo, visa oferecer o
curso a mais de 300 militares de cidades como Ibaté, Ribeirão Bonito,
Dourado, Descalvado, Porto Ferreira e Santa Rita do Passa Quatro.
A ideia surgiu a partir de uma matéria chamada 'Procedimento
Operacional Padrão (POP)', oferecida durante o Estágio de Aprimoramento
Profissional, período em que todos os policias em âmbito estadual são
retirados das ruas para uma semana de reciclagem de habilidades e
conhecimentos.
Atualmente, o que era apenas uma apostila que orientava os militares na
hora de abordar pessoas com deficiência se transformou em aulas
práticas com um intérprete de libras e surdos voluntários. A meta é
auxiliar os militares nessa abordagem.
“O grande desafio da polícia hoje é conseguir identificar em uma abordagem ou uma ocorrência a pessoa como deficiente auditivo. Em um segundo momento, o desafio é de como agir, como conversar com eles, como deixá-los tranquilo e como ajudá-los”, falou capitão Jefferson Lopes Jorge.
Segundo ele, mesmo durante as aulas práticas os policiais sentem a
dificuldade de interagir com os surdos.
Além dessas aulas, o batalhão disponibilizou uma turma, com duração de 3
meses, para que policias e familiares se aprofundem na linguagem de
sinais.
No futuro, a ideia é oferecer um curso com duração de 40 horas
semanais, realizado em São Carlos para todos os batalhões do Estado de
São Paulo.
“Nós já formalizamos esse curso junto ao comandante geral, em São Paulo, que será muito mais avançado, com muito mais detalhes e com mais profundidade. Esses policiais seriam, então, multiplicadores em suas unidades. Diferente do que é dado agora, que são noções gerais”, completou o capitão, que prevê o início do curso para 2016.
Aulas
Apesar de nunca ter se deparado com uma situação em que tivesse que
lidar com esse tipo de deficiência durante o trabalho, o sargento Carlos
Eduardo Pasian, de São Carlos, disse achar o projeto de extrema
importância.
“No nosso dia a dia podemos nos deparar com essas pessoas em uma abordagem ou na hora de auxiliar em um acidente, e esse curso facilita a comunicação, tanto para receber quanto para passar as informações e evitar um mal entendido por conta de um sinal mal dado ou uma informação que a gente não consiga compreender”.
Atualmente, o responsável por ministrar o curso é o interprete de
libras Alexandre Moreira, que disse se sentir honrado em poder ajudar a
polícia. Ele acredita que esses cursos poderiam ser estendidos para
outros profissionais e outros locais
“O governo precisa ter um enfoque de libras nas salas de aula”, declarou.
Para ajudar os policiais, alguns surdos voluntários participam dos
cursos. É o caso de Ronaldo José de Moura, que apoia a iniciativa.
“É bom. É importante a polícia aprender e é bom ensinar, eu estou feliz”, relatou.
Fonte: G1 / Vida Mais Livre
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