A pesquisadora brasileira Eugênia Velludo Veiga, da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, e sua colega canadense Lyne
Cloutier, da Université du Québec à Trois-Rivières (UQTR), trabalham no
projeto Rastreamento da hipertensão arterial em países emergentes
para reduzir os problemas cardiovasculares no Brasil, Haiti e Camarões.
No Brasil, o objetivo é construir um banco de dados nacional que
reflita de fato os valores da pressão arterial na população brasileira.
Para isso, os pesquisadores já iniciaram os trabalhos com a fase
preliminar do projeto que ocorreu em abril deste ano, junto à Campanha
Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, comemorada no
dia 26 de abril.
Durante essa Campanha Nacional, colocaram em prática projetos
elaborados especificamente para três cidades brasileiras: Ribeirão
Preto, Franca e São Paulo.
Antes de colocá-los em prática, a
pesquisadora informou que realizaram treinamentos por videoconferência,
principalmente para atualizar os profissionais que medem a pressão
arterial, em especial quanto aos fatores de risco para doenças
cardiovasculares.
Também lembraram de cuidados extras que se deve ter,
como a calibração dos aparelhos.
Somente nessa primeira ação, em abril, das 204 pessoas avaliadas 35%
apresentaram pressão arterial elevada no momento da medida e, destas,
25% desconheciam a presença da hipertensão.
Os trabalhos, realizados nas
três cidades paulistas, mobilizaram alunos de graduação e pós-graduação
e profissionais de instituições de saúde, que chegaram à população em
parques e terminais rodoviários, esclarecendo sobre a doença silenciosa e
medindo a pressão arterial dos populares.
A ação de abril contou com a colaboração dos professores Luiz
Aparecido Bortolotto, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e diretor
da Unidade de Hipertensão Arterial do Instituto do Coração (INCOR) da
USP, Maria Claudia Irigoyen, da FMUSP e Presidente da Sociedade
Brasileira de Hipertensão (SBH), Leila Maria Marchi Alves e Simone
Godoy, ambas da EERP, Evandro Cesarino, da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, Cynthia Bachur, da
Universidade de Franca (UNIFRAN), Frida Plavnik (SBH), Carlos Alberto
Machado, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), alunos de graduação e
pós graduação e profissionais de instituições de saúde.
Rastreamento
Antecipa a pesquisadora que o “foco do rastreamento está tanto na
comunidade quanto na atualização dos profissionais que estão envolvidos”
e que essas ações devem ser estendidas para outros estados brasileiros
em breve.
Elegerão, para isso, datas comemorativas, “relacionadas a
doenças cardiovasculares, junto com as sociedades especialistas, como
por exemplo: sociedades brasileiras de cardiologia, de hipertensão e a
estadual de nefrologia (que promove do Dia do Rim)”.
O projeto de rastreamento da hipertensão arterial é financiado pela
Agência Universitária da Francofonia (AUF), associação fundada no Canadá
que financia projetos universitários de ensino e pesquisa.
Ele integra
um projeto maior do grupo internacional de pesquisadores e especialistas
em hipertensão arterial — o Blood Pressure Screening Programs Groups, liderado pelo também canadense professor Norm Campbell, da Universidade de Calgary.
O grupo foi criado em 2013 pela Liga Mundial de Hipertensão – World Hyperthension League (WHL),
com sede nos EUA. As representantes do Brasil e Canadá,
respectivamente, nesse grupo de especialistas em hipertensão, são as
professoras Eugênia e Lyne.
O objetivo do grupo é aplicar, em outros
países, a experiência canadense bem sucedida em rastreamento da
hipertensão arterial.
Segundo a professora brasileira, o Canadá “foi bem sucedido porque
identificaram muitas pessoas com pressão arterial elevada; aumentaram a
taxa de controle da pressão e, consequentemente, reduziram as taxas de
mortalidade cardiovascular a custo baixo”.
Perseguindo o mesmo objetivo
para a população brasileira, diz a pesquisadora que querem “identificar o
valor alterado da hipertensão e mandar tratar”.
Ela adianta que já
participam do projeto nacional várias universidades brasileiras, com um
Comitê Consultivo Brasileiro vinculado à Liga Mundial de Hipertensão.
Em junho último, a professora Eugênia e a pesquisadora da EERP, Ana
Carolina Queiroz Godoy Daniel (aluna de doutorado da EERP), estiveram na
Universidade du Québec, juntamente com a professora Lyne, atuando no
projeto de rastreamento da hipertensão.
A cooperação entre a EERP e a
UQTR, afirmam as pesquisadoras brasileiras, “está rendendo bons frutos”,
com estágios de alunos da USP de Ribeirão na Universidade canadense.
Fonte:Agência USP de Notícia
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