O narguilé, também
chamado de cachimbo d’ água, shisha ou Hookah, é um dispositivo para
fumar no qual o tabaco é aquecido e a fumaça gerada é resfriada pela
água antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma mangueira.
O
narguilé pode parecer menos nocivo que outros produtos de tabaco, porém,
assim como todos os produtos de tabaco fumados, causa câncer de pulmão,
boca e bexiga, estreitamento das artérias e doenças respiratórias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde,
uma sessão de narguilé com duração de 20 a 80 minutos pode corresponder à
exposição aos componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 a 200
cigarros.
Além dos malefícios causados pela fumaça, o compartilhamento
do narguilé com outros usuários pode expor o fumante a alguns riscos
particulares, como o de contrair doenças infecciosas como herpes,
hepatites virais e tuberculose.
Uma possível explicação para a crença do
menor risco à saúde é que a água presente no narguilé filtra parte da
nicotina, tornando-a menos concentrada na fumaça.
No entanto, essa menor
concentração de nicotina no narguilé exige que o usuário aumente o
tempo de exposição para alcançar o nível necessário da substância capaz
de suprir sua dependência.
Assim, o narguilé acaba expondo o fumante a
níveis mais elevados de compostos químicos que causam câncer e gases
nocivos, como monóxido de carbono.
Vale lembrar que o carvão
usado para aquecer o tabaco nesse tipo de dispositivo também é fonte de
substâncias tóxicas adicionais, dentre elas o benzeno e o alcatrão,
aumentando o potencial de toxicidade do narguilé.
Mesmo quando o tabaco é
substituído por outras folhas ou ervas, o carvão acarreta prejuízos à
saúde. Sendo assim, até os narguilés que não contém tabaco também
liberam toxinas.
Especialmente usado por jovens, o narguilé tem
uma característica peculiar que incentiva o aspecto da socialização. Um
único cachimbo pode ser usado por várias pessoas simultaneamente,
reforçando o uso em grandes grupos.
Esse é o caso da
universitária Thaís Moraes e seus amigos. O narguilé faz parte dos
momentos de diversão do grupo, que se reúne aos finais de semanas para
confraternizar e fumar.
“Fumo há uns três anos. Sempre em momentos de descontração com meus amigos. Temos um grupo de mais ou menos dez pessoas que se reúnem em casa ou em barzinhos”, conta.
O uso do cachimbo pode durar horas. “Dependendo do ânimo do pessoal, podemos passar a noite fumando. Na sexta-feira passada, por exemplo, começamos por volta das oito e fomos até meia noite”, fiz Thaís.
A jovem
de 22 anos já anda preparada para estes momentos.
“Tenho meu próprio narguilé. Ando com ele no porta-malas do carro para fumar quando quiser”, disse.
O tabaco do narguilé é regularmente adocicado e aromatizado e o cheiro e gosto doces da fumaça podem explicar porque algumas pessoas, em especial os jovens, que de outra forma não fumariam cigarro, começam a usar o cachimbo.
Adolescentes fumantes têm alta
probabilidade de se tornarem adultos fumantes, sendo a experimentação o
primeiro passo para uma futura adesão ao consumo regular dos produtos de
tabaco e de outras drogas.
Quanto mais cedo se estabelece a dependência
do tabaco, maior o risco de câncer e de outras doenças crônicas não
transmissíveis, morte prematura na meia idade ou na idade madura.
De
acordo com a pesquisa Vigilância de Tabagismo em Escolares (Vigescola)
do Ministério da Saúde, realizada em 2009 pelo Ministério da Saúde, o
consumo de narguilé por jovens de três capitais (São Paulo/SP, Campo
Grande/MS e Vitória/ES) foi elevado tanto em meninas quanto em meninos,
atingindo prevalências semelhantes às encontradas nas regiões orientais
do Mediterrâneo.
A prevalência do consumo do narguilé em São Paulo foi a
mais alta: 93,3% dos entrevistados que consumiam outros derivados do
tabaco fumado, além do cigarro industrializado, declararam usar o
narguilé com maior frequência.
A boa notícia é que o ato de
fumar está cada vez menos popular entre os brasileiros.
O número de
fumantes permanece em queda. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS),
realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE, revela que o
índice de pessoas que consomem cigarros e outros produtos derivados do
tabaco é 20,5% menor que o registrado cinco anos atrás.
Em 2013, do
total de adultos entrevistados, 14,7% afirmavam fumar. Esse índice era
de 18,5% em 2008, conforme a Pesquisa Especial de Tabagismo do IBGE
(PETab).
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