24 de nov. de 2015

Optar por escolas inclusivas pode definir a pessoa que seu filho irá se tornar





Em época de “matrículas abertas” na fachada das escolas vale refletir sobre as escolhas de onde matricular os filhos. 


Optar por escolas inclusivas mesmo que seu filho não tenha nenhuma deficiência é extremamente recomendável para o adulto que ele vai se tornar. 


Para Carolina Freire de Carvalho, coordenadora geral da Fundação Síndrome de Down, a convivência com as diferenças faz a pessoa se tornar um adulto mais flexível. 


“Uma pessoa que conviveu ao longo de sua vida cotidiana com as diferenças, tende a ser um adulto com pensamento mais flexível, tem acesso a modelos sociais mais amplos, e, portanto, estará melhor preparado para viver numa sociedade diversificada”, ressalta. 


Recentemente a entidade realizou um levantamento junto aos usuários em idade escolar (entre 6 meses e 18 anos) que revelou que 62% estão matriculados em escolas públicas enquanto 38% frequentam escolas privadas.


O número não surpreende quem convive com esta realidade: muitas escolas privadas relutam em receber alunos com alguma deficiência, principalmente a intelectual. 


Isso acontece, principalmente, porque todas as escolas devem, desde 2008, seguir a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, mas as escolas públicas costumam estar mais adequadas a esta Política. 


As instituições particulares que fecham as portas não sabem, no entanto, os benefícios que aceitar crianças com deficiência podem trazer para os demais alunos da escola e para a própria instituição. 


“A escola inclusiva proporciona uma convivência e desenvolvimento humanos em um espaço de diferenças, que considera cada um em sua singularidade no processo de ensino-aprendizagem e de convívio social, desenvolvendo respeito mútuo e uma postura inclusiva perante a vida”, explica Carolina.


De acordo com Daniel Nascimento, pedagogo e coordenador de processos da Fundação, o principal relato das mães de pessoas com deficiência intelectual ainda é negar a matrícula. 


“Dentre as reclamações que ouvimos de pais de pessoas com deficiência intelectual, a principal é a negativa de matrícula. Ainda que há anos já tenhamos legislação proibindo este tipo de discriminação, são incontáveis os relatos que temos de escolas que negaram a matrícula ao saberem que o estudante tinha deficiência intelectual. Outra reclamação que ouvimos sistematicamente diz respeito à qualidade da educação oferecida.Muitos pais, corretamente, questionam os métodos e apoios oferecidos por suas escolas, exigindo que sigam exatamente a legislação vigente. Querem, com isso, que seus filhos de fato sejam incluídos em todos os processos relativos à vida escolar sem serem excluídos de algumas disciplinas ou conteúdos”, relata.


Não são raros os pais com filhos na Fundação e com condições de pagar por escolas particulares, mas que optaram pelas públicas por entenderem que teriam acesso à uma educação de melhor qualidade com essa mudança.






Nenhum comentário:

Postar um comentário