Um medicamento diurético poderia aliviar os sintomas de certos
distúrbios do autismo, segundo um estudo realizado por cientistas do
Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica francês Inserm,
divulgado esta terça-feira (11).
O ensaio foi realizado pelo método duplo-cego aleatório, que permite
analisar a eficácia de um novo medicamento, evitando que o cientista e o
indivíduo testado tenham conhecimento se a substância usada é
experimental ou uma substância inócua.
Participaram do estudo 60 crianças com idades entre 3 e 11 anos,
portadoras de várias formas de autismo, que tomaram, aleatoriamente,
durante três meses, ora o diurético bumetanida -- na proporção de 1 mg
por dia -- para "reduzir os níveis de cloro" nas células, ora um
placebo.
As crianças foram acompanhadas durante quatro meses, o último deles sem terem ingerido o medicamento.
A severidade dos distúrbios autísticos das crianças foi avaliada no
início do estudo e ao final do tratamento, ou seja, ao cabo de 90 dias e
um mês depois deste prazo.
Embora não seja uma cura, o tratamento permitiu a três quartos das
crianças tratadas uma diminuição da severidade dos distúrbios
autísticos, segundo pesquisadores do instituto francês cujo trabalho foi
publicado esta semana no periódico "Translational Psychiatry".
Com a suspensão do tratamento, alguns problemas reaparecem."Mesmo que não possa curar a doença, o diurético diminui a severidade
dos distúrbios autísticos da maioria das crianças.
Segundo os pais
destas crianças, eles são menos presentes", segundo Yhezkel Ben-Ari,
pesquisador do Inserm em Marselha, na França, um dos co-autores do
estudo. A título de exemplo, os profissionais notaram melhora na atenção
e na interação.
Para determinar a população abrangida por este tratamento, os
cientistas apresentaram um pedido de permissão para fazer um estudo em
vários centros em escala europeia e, no futuro, obter uma autorização
para esta indicação.
Os cientistas reforçaram a necessidade de se avaliar o efeito a longo
prazo deste tipo de tratamento e aprofundar a pesquisa sobre seus
mecanismos de ação.
Em um comentário divulgado pelo periódico, um especialista, o professor
emérito Uta Frith, do Instituto de Neurociência Cognitiva da University
College, de Londres, na Inglaterra, disse ser "cético" por ver vários
tratamentos do autismo surgir e depois desaparecer.Ele julgou "modesto" o efeito do medicamento, mas destacou, entretanto, a seriedade do estudo.
Fonte: G1
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