O Ceará é o quarto estado brasileiro com o melhor índice de escolas públicas aptas a receber pessoas com deficiência.
Dos 184 municípios, 160 possuem colégios adaptados (87%).
O Estado está atrás do Distrito Federal (100%), Mato Grosso do Sul (92,30%) e Rio de Janeiro
(89,13%).
A média nacional é de 66,36%, enquanto a do Nordeste é de
61,48%.
As informações são da Pesquisa de Informações Básicas Municipais
- Perfil dos Municípios (Munic) de 2011, divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme a pesquisa, políticas de inclusão educacional para as pessoas
com deficiência foram detectadas em 139 (75%) municípios.
Mas, quando o
assunto é a acessibilidade no transporte público,
o estudo mostra que no Ceará, 42 (22,82%) municípios garantem o
quesito. Índice, ainda assim, acima das médias nacional (18,20%) e
nordestina (16,22%).
As cidades que incluem a distribuição de órteses e próteses somam 85 (46,19%). Outro item avaliado é em relação à melhoria da acessibilidade a espaços públicos de esporte e lazer,
que abrange 92 municípios (50%) cearenses. Já os que visam a geração de
trabalho e renda ou inserção no mercado de trabalho somam 44 (23,91%).
João Bosco de Farias, 28, nasceu com glaucoma congênito, doença que só
se manifestou aos 11 anos. Depois, foi perdendo gradativamente a visão.
Ele, que hoje cursa o 7º semestre do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará (Uece),
diz que a pesquisa parte do princípio da acessibilidade física, de
acesso aos espaços, com rampas e portas largas, mas lembra que não é só o
quesito arquitetônico que vai garantir a acessibilidade.
"Geralmente, as pessoas sem deficiência pensam que
todo deficiente vai precisar de rampas de acesso", frisa. E mesmo no
quesito arquitetônico, acrescenta o jovem, tem um ponto fundamental que
costuma ser esquecido: o piso tátil - com textura e cor em destaque para
que seja perceptível a pessoas com deficiência visual ou de baixa
visão.
Alunos com deficiência visual, lembra João Bosco, vão precisar de material em braile
(sistema de leitura com o tato para cegos), computador com leitor de
telas e maior sensibilização dos professores, para que possam atender
melhor.
Língua
No caso dos surdos, reforça que não adianta colocá-los
em uma escola regular sem que haja um intérprete, pois ele não domina o
português como a Libras - que é a sua primeira língua.
"As barreiras atitudinais não são levadas em conta pela pesquisa, que
seria o preconceito em relação à pessoa com deficiência. As pessoas
pensam que cegueira pega. Falam com o acompanhante, mas não falam com o
deficiente visual e pré-julgam o que eles são capazes de fazer", lamenta
João Bosco.
Para a coordenadora da Associação dos Cegos do Ceará,
Elinalva Alves de Oliveira, o índice ainda não é o esperado. "É
necessário que se empregue mais políticas públicas para que se alcance a
inclusão social, que é um capítulo a parte, porque a escolar ainda não
está como preconiza a legislação. Ainda persistimos na questão da
formação do professor", destaca.
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