Um trabalho voluntário no ensino do balé a deficientes visuais, quando tinha 15 anos de idade, transformou para sempre a vida da fisioterapeuta e bailarina Fernanda Bianchini Saad, hoje com 35 anos.
Há
mais de uma década, a paulistana preside a Associação de Balé de Cegos Fernanda Bianchini – ABCFB,
em São Paulo, organização sem fins lucrativos, que oferece de graça
cursos de dança e artes para crianças e adolescentes cegos e expressão
corporal para idosos com algum tipo de deficiência visual.
A ABCFB é pioneira nesse ensino no mundo, se apresenta em vários
Estados brasileiros, e marcou presença no encerramento das Paralimpíadas
de Londres, na Inglaterra, em 2012.
Fez história ainda no ano passado
no espetáculo Quebra Nozes, e no espetáculo Paquita, em 2014, ambos
realizados na capital paulista. Ainda neste ano, a companhia teve o
reconhecimento internacional do Prêmio JK em Cultura e Inovações pelo
Banco Internacional de Desenvolvimento – BID.
Hoje, a escola trabalha com professores remunerados – exceto Fernanda,
que desenvolve o trabalho de forma voluntária com cem alunos, dos três
anos até a terceira idade. São 60 deficientes visuais, 30 com outras
deficiências e dez sem deficiência – uma espécie de “inclusão às
avessas”.
As aulas variam de balé clássico, sapateado, dança de salão, dança
inclusiva, flamenco a estimulação precoce, ensinadas por meio do toque e
da percepção corporal. “Eles têm a dança como motivação de vida e
superação dos seus próprios limites.”
Neste ano, a entidade teve dois projetos aprovados pela Lei Rouanet, e
mais quatro projetos que aguardam captação de recursos, além de contar
com doações de empresas e pessoas físicas.
“Sem dúvida, a maior de todas
as dificuldades é conseguir manter vivo este trabalho sem apoio
governamental. Esse é meu maior desafio”, diz ela.
Família é o suporte principal
O caminho de Fernanda para manter a instituição em funcionamento até
hoje não se limitou, apenas, às dificuldades financeiras.
“Um dos
maiores empecilhos foi quanto ao método, pois tive que desenvolver do
zero, sendo algo inédito. Houve ainda a questão do preconceito, pois no
início as pessoas não imaginavam que seria possível por a ideia em
prática.”
“Meus pais nunca me deixaram desistir e os próprios alunos sempre
mostraram como é fácil vencer barreiras e dificuldades na vida, quando
se tem força de vontade e acreditamos em um sonho.”
A intenção de
Fernanda é ousada: uma sede própria para a Associação (hoje alugada) e a
expansão do projeto em nível mundial.
“Ao longo dos últimos 19 anos, eu aprendi a enxergar o mundo com os
olhos do ‘coração’ e assim ver um planeta melhor. Para mim, o impossível
não existe mais.”
Fonte: Terra
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