A elite do atletismo paralímpico nacional fez bonito neste sábado no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), na Zona Sul de São Paulo.
Destaque para Terezinha Guilhermina, que venceu os 100m rasos da classe T11 (cego total)
e igualou o recorde mundial que pertencia a ela própria, com 12s01.
A
marca, contudo, não será homologada pelo Comitê Paralímpico
Internacional (IPC), já que o vento estava acima do permitido no momento
da realização da prova.
Depois de quase quebrar o próprio recorde, a
cega mais rápida do mundo voltou à pista, durante a tarde, para vencer
mais uma prova na classe T11. Terezinha correu os 200m em 25s cravados e
encerrou sua participação na 1ª etapa do Circuito com duas medalhas de
ouro.
“Eu ainda quero correr os 100m abaixo dos 12s, e quero que seja em
breve”, comentou Terezinha momentos depois de receber a segunda medalha
dourada do dia.
Outro destaque foi a jovem campeã mundial Verônica Hipólito, 18. Ela correu os 100m da classe T38 (paralisados cerebrais),
levou o ouro, bateu o recorde brasileiro da prova e ainda ficou a
apenas cinco centésimos do recorde mundial da distância.
A atleta do
SESI-SP percorreu a distância em 13s09, enquanto a marca mais rápida do
mundo, que pertence a britânica Sophie Hahn, é de 13s04.
“No Mundial de Atletismo, em Lyon, no ano passado, tinha feito 13s19,
que era o recorde brasileiro até agora. Hoje, meu treinador e eu
percebemos que a saída não foi boa, fui a última a sair do bloco. Dei
uma escorregadinha, mas consegui fazer uma boa recuperação e correr bem.
Acredito que se eu não tivesse errado, teria feito abaixo de 13s”,
comentou Verônica.
A atleta já correu a distância em 13s cravados em uma competição
olímpica em junho deste ano. Segundo ela, nas disputas olímpicas, o
nervosismo não a atrapalha e isso a leva a ter um desempenho melhor.
“No
olímpico, estou diminuindo bem meus tempos porque não me sinto com
tanta responsabilidade quanto no paralímpico. Mas estou encaixando cada
vez melhor, crescendo como atleta e como pessoa no paralímpico. Até o
final do ano, faço 13s ou menos nos 100m. Quero o recorde mundial”,
prometeu.
Horas depois, foi a vez da paulista enfrentar o salto em
distância. Apesar de não ser sua especialidade, cravou 4,49m e levou a
segunda medalha de ouro do dia.
“Não fui muito bem, mas foi suficiente
para ganhar. Posso treinar mais e melhorar essa distância”, planejou.
O campeão paralímpico e mundial Alan Fonteles, classe T44 (biamputados),
voltou às pistas e venceu com tranquilidade os 100m (11s50). Nos 200m –
prova na qual brilhou em Londres-2012 e Lyon-2013 -, mais uma vez foi
superior aos rivais.
Com o tempo de 24s84, o paraense ficou quase um
segundo à frente do segundo lugar e subiu no ponto mais alto do pódio
pela segunda vez no dia.
Entre os atletas da classe T47 (amputados de membros superiores),
a briga foi boa. O promissor paraibano Petrucio Ferreira, de apenas 17
anos, venceu o alagoano campeão paralímpico e mundial Yohansson Ferreira
nos 100m por apenas sete centésimos de diferença. Petrucio completou em
10s96 – e bateu o recorde brasileiro que era de 10s97 desde 2003 –
enquanto Yohansson fez a distância em 11s02. Na parte da tarde, os dois
voltaram a se enfrentar nos 200m. Mais uma vez o paraibano foi o melhor e
fechou a distância em 22s36, menos de três décimos à frente do campeão
paralímpico.
“Tive um dia bom. Achei legal correr tão forte e vencer um
cara tão vitorioso quanto o Yohansson. E desta vez não teve mergulho”,
brincou Petrucio, relembrando a vitória na mesma prova em abril, durante
o Open Brasil, em São Paulo, quando tropeçou e caiu de peito no chão
logo após cruzar a linha de chegada.
Outro recorde que chamou a atenção foi o do paulista André Luis da Rocha Andrade, do arremesso de peso, classe F54 (para cadeirantes).
André alcançou a marca de 9,02m e estabeleceu o novo recorde das Américas. A marca anterior era de 8,61 e durava desde 2003.
Os competidores voltam à pista do COTP neste domingo, 3. Além das
provas de campo, os corredores vão enfrentar as provas de 400m, 1500m e
10 mil metros. As disputas começam às 8h (horário de Brasília).
Os atletas ganharam o direito de fazer parte das etapas nacionais do
Circuito nas fases regionais da competição ou nos eventos com chancela
do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) na temporada de 2014.
Os que
lideram os respectivos rankings de suas classes já tinham o lugar
previamente garantido.
Mais duas etapas nacionais do Circuito Caixa Loterias estão programadas
para o segundo semestre.
A próxima será disputada de 12 a 14 de
setembro, também em São Paulo. Em novembro, de 14 a 16, os atletas
fecham a temporada na 3ª etapa, em Fortaleza (CE).
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