Um tetraplégico americano de 23 anos conseguiu
movimentar suas mãos e dedos por meio do pensamento, com a ajuda de um
sistema criado por pesquisadores dos Estados Unidos. Ian Burkhart sofreu
uma lesão de medula quatro anos atrás e foi o primeiro paciente a
utilizar o Neurobridge (“Ponte Neural”, em tradução livre), um sistema
que permite que as informações sejam transmitidas diretamente do cérebro
para os músculos.
“Nós pegamos os sinais do cérebro, passamos pela
lesão e os levamos diretamente para os músculos”, explica Chad Bouton,
cientista do centro de pesquisa sem fins lucrativos Battelle e um dos
autores do estudo. Outras pesquisas nessa área já haviam utilizado
microchips implantados para controlar membros robóticos, ou utilizado
computadores para controlar membros paralisados, mas os pesquisadores
consideram este feito como algo inédito no ramo.
O paciente teve um microchip menor do que uma ervilha
implantado na região do cérebro responsável pelos movimentos do braço,
para receber os sinais emitidos pelo órgão. Os sinais são interpretados
com ajuda de algoritmos, que enviam instruções para um conjunto de
eletrodos colocados no braço do paciente, que estimulam o músculo,
provocando o movimento em apenas um décimo de segundo.
Antes de conseguir realizar movimentos nos dedos e
girar a mão, Burkhart precisou utilizar os eletrodos no braço por alguns
meses para estimular os músculos a voltarem a responder com mais
facilidade, depois de um longo período de inatividade.
A colaboração entre a equipe de Bouton e
pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos,
teve início há dois anos, quando começaram a planejar testes clínicos
que comprovariam a viabilidade da tecnologia Neurobridge.
Em abril deste
ano, Burkhart recebeu o implante, em uma operação que durou três horas.
De acordo com Ali Rezai, que realizou a cirurgia, esta técnica pode ser
utilizada no futuro para casos de derrame e trauma cerebral, além de
lesões medulares.
A ideia de um implante cerebral que registrasse os
sinais elétricos e os enviasse a um computador também fazia parte dos
planos iniciais de Miguel Nicolelis durante o desenvolvimento de seu
exoesqueleto, que fez uma breve aparição na abertura da Copa do Mundo,
mas o pesquisador acabou optando por eletrodos externos, posicionados na
cabeça do paciente.
A diferença, porém, é que enquanto os estímulos
cerebrais são direcionados para mover o exoesqueleto, no caso do
neurocientista brasileiro, no trabalho atual os pesquisadores americanos
encaminharam as “ordens” do cérebro diretamente para os músculos do
paciente.
Fonte: Planeta Sustentável
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