A jovem nadadora Tisbe Andrade, 16 anos, estreou em 2012 como profissional no Circuito Caixa Loterias, mas neste domingo, 3, em São Paulo, alcançou o principal feito de sua carreira, até o momento, ao bater o recorde dos 50m costas, classe S5 durante a primeira etapa nacional da principal competição paralímpica nacional de atletismo e natação.
A paranaense nadou a distância em 58s81 e superou a marca que já durava
quase dois anos. O Circuito começou no sábado, 2, e terminou neste
domingo. Ao todo, mais de 500 atletas competiram em provas de atletismo e
natação.
Tisbe teve um fim de semana vitorioso na competição e vai voltar para
Curitiba com duas medalhas no peito - além da medalha de ouro nos 50m
costas, ainda ficou com o bronze nos 200m livre.
“Valeu a pena treinar
em alguns sábados, abrir mão de diversão com os amigos. Gostei do que
fiz aqui hoje”, conta a jovem.
A curitibana agora pretende se manter
como a mais rápida da prova, mas também quer aparecer, no futuro, na
lista de convocados para a Seleção Brasileira.
“Não quero pular etapas,
mas vou cumprindo minhas metas, fazendo meus tempos e os resultados vão
me levar à seleção”, projeta.
A nadadora nasceu com uma doença conhecida como artrogripose e, por isso, sofre com atrofia muscular e tem a mobilidade reduzida
por ter as articulações rígidas nos braços e nas pernas.
“Desde que
nasci, já passei por cirurgias para mexer as pernas, usei gesso, fiz
fisioterapia e tudo que pude para me mover”, resume a atleta.
A história na natação começou em 2010, quando a fisioterapeuta sugeriu a
modalidade para melhorar os movimentos dos membros. Em Curitiba,
procurou um local para praticar o esporte e encontrou Rui Menslin, um
dos técnicos da Seleção Brasileira de natação paralímpica atualmente.
“No dia que fui conhecer o local, ele [Rui] me falou que treinava
atletas de ponta, para competir. Fiquei meio nervosa, mas segui no
esporte”, relembra. Um ano depois, em 2011, Tisbe competiu nas
Paralimpíadas Escolares para, em 2012, ser inscrita no Circuito Caixa
Loterias.
Além da paranaense, outros atletas brilharam na piscina do Sport Club
Corinthians Paulista. A campeã mundial Susana Schnarndorf venceu os 100m
peito SB6 (prova na qual se consagrou no Mundial de Montreal-2013).
Edênia Garcia foi a mais rápida nos 50m costas S4. Verônica Almeida
fechou os 100m peito SB7 em primeiro. Entre os homens, a classe S9 teve
Andrey Garbe na ponta nos 100m costas e Vanilton Nascimento como
vencedor dos 100m livre. Na S10, Phelipe Rodrigues foi o mais rápido nos
100m livre. Ao todo, 24 novos recordes foram anotados durante o fim de
semana de competição.
No atletismo, na pista do COTP, destaque para o jovem velocista e
saltador Diogo Ualisson Jerônimo da Silva, que conquistou dois ouros
(100m, com 11s45, e 200m, com 23s29) e uma prata no salto em distância
(5,83m). Aos 21 anos, o carioca já ocupa um lugar importante no
atletismo paralímpico. Atleta de baixa visão, Diogo faz parte da nova
geração de competidores da classe T12, categoria em que o Brasil ainda
não briga por medalhas nos Jogos Paralímpicos.
“Essa nova leva de atletas jovens tem velocistas muito bons na classe
T12, como o Diogo. Ele está se aproximando do alto nível e é uma
realidade para 2016. Em breve, teremos na classe T12 uma condição
similar à da classe T11 (cego total), onde podemos contar com excelentes
atletas, como os medalhistas mundiais e paralímpicos Lucas Prado,
Daniel Mendes e Felipe Gomes. Isso significa não só mais medalhas para o
Brasil, como também mais opções de atletas para o revezamento”, explica
Ciro Winckler, coordenador de atletismo do Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB).
Diogo nasceu com baixa visão e com seis dedos em cada mão devido à
rubéola contraída pela mãe ainda na gravidez. Os dedos extras se foram
com uma cirurgia, mas a baixa visão não teve como ser revertida. Aluno
do Instituto Benjamin Constant, o carioca conheceu o atletismo para
cegos por um amigo da escola e começou a praticar em 2009.
Em 2012, entrou para a Seleção de jovens do Brasil. Neste ano, sua
maior meta é bater o atual recorde brasileiro nos 100m T12, que pertence
a Pedro Cézar da Silva Moraes desde 2007.
A marca de Pedro é de 11s09,
já o melhor tempo de Diogo é 11s20, feito no Open Internacional Caixa
Loterias, em abril deste ano.
“Acredito que consigo bater esse recorde,
sim, até o final do ano. Ainda tenho mais duas etapas do Circuito Caixa
neste ano. Se eu baixar meu tempo, já entro para o hall dos melhores
atletas do mundo na minha classe, o que me colocaria em uma provável
final paralímpica. Sei que tem muito chão até 2016, mas já quero figurar
entre os melhores”, projeta.
Depois de quase bater o recorde mundial nos 100m T38 no sábado, 2, e
faturar um ouro no salto em distância, a jovem Verônica Hipólito
conquistou mais um primeiro lugar neste domingo, 3. Desta vez, nos 400m,
com 1min06s59. Nos 400m T11, Lucas Prado queimou a largada e não
competiu.
O campeão da prova foi o atual campeão mundial na distância,
Daniel Mendes, com 51s62. Com duas pratas no sábado, nos 100m e nos
200m, Yohansson do Nascimento voltou às pistas para os 400m T47 e também
terminou em segundo, atrás de Emicarlo Souza.
No atletismo, 33 recordes brasileiros e 15 recordes das Américas foram
batidos na 1ª etapa nacional do Circuito Caixa Loterias. Somados aos da
natação, foram 72 recordes, no total, durante o fim de semana.
Os atletas ganharam o direito de fazer parte das etapas nacionais do
Circuito nas fases regionais da competição ou nos eventos com chancela
do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) na temporada de 2014. Os que
lideram os respectivos rankings de suas classes já tinham o lugar
previamente garantido.
Mais duas etapas nacionais do Circuito Caixa Loterias estão programadas
para o segundo semestre.
A próxima será disputada de 12 a 14 de
setembro, também em São Paulo. Em novembro, de 14 a 16, os atletas
fecham a temporada na 3ª etapa, em Fortaleza (CE).
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