Seis estudantes do curso de Química, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, no oeste do Paraná, estão desenvolvendo um projeto para a construção de uma tabela periódica em resina cristal para pessoas com deficiência visual.
De acordo com o professor Marcos Freitas de Moraes, a ideia surgiu em
2008, quando outra turma de alunos fez a pesquisa para o trabalho de
conclusão de curso.
“Eu tinha participado de um curso sobre inclusão
oferecido pelo programa institucional de ações relativas às pessoas com
deficiência (PEE), na Unioeste, campus de Cascavel, e tive contato com
materiais para a educação de pessoas com deficiência, escrevi artigos a
respeito e dei a sugestão de tema para o grupo”, conta. Porém, após a
conclusão do curso pelos universitários, o projeto ficou na gaveta por
quatro anos.
Em 2013, a aluna Letícia Costa Curta, sugeriu ao professor que o
projeto fosse retomado. “Eu falei que iriamos precisar de mais gente
porque era trabalhoso e de imediato apareceram mais alunas
interessadas”, relembra o professor.
Junto com Letícia e orientadas por
Moraes, as alunas Anna Caroline Rodmann, Bruna Rafaella da Silva,
Ligiany Rodrigues Passos, Karolina Royer e Paula Nogueira resgataram o
projeto.
A estudante Ligyani conta que entrou no grupo porque precisava de um
trabalho de pesquisa e extensão, mas acabou se envolvendo.
“Tive um
crescimento social com a pesquisa e, ainda, estou colaborando para o
desenvolvimento da sociedade”, salienta.
O material usado para fazer a tabela foi escolhido depois de muita
pesquisa. “As tabelas tradicionalmente usadas em braile são de papel e
com o tempo ficam desgastadas porque a pessoa com deficiência aperta e
as marcações acabam sumindo. Na busca pelo material ideal descartamos o
plástico porque precisa de uma máquina para aquecer e é muito caro.
Então, chegamos à resina cristal, que é usada em chaveiros e é fácil de
moldar, além de secar rápido”, explica o professor.
De acordo com o professor, no papel a tabela periódica também funciona
no ensino, mas não é prática para o aluno.
“É muito grande e fica
complicado o manuseio em sala de aula porque a carteira é pequena. E o
abrir, fechar e passar os dedos faz com que o relevo comece a
desaparecer. Na resina o aluno aperta a vontade e sente melhor as
informações contidas”, complementa.
Depois que o protótipo foi montado, o grupo decidiu inscrever a pesquisa no programa de incentivo da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) em parceria com a Fundação Araucária,
e conseguiram uma bolsa de iniciação científica de R$ 72.9 mil.
“Começaram tudo do zero, e dois meses depois abriu o edital da FPTI,
fizemos e inscrição as meninas ganharam a bolsa de dois anos e o projeto
recebeu uma verba para a compra de material”.
A pesquisa também tem o apoio do Núcleo Regional de educação de Toledo e
o objetivo do grupo é visitar as seis escolas que ensinam alunos cegos.
“Estamos trabalhando com uma aluna do Centro Estadual de Educação
Básica de Jovens e Adultos (CEEBJA), mas a partir de outubro ou setembro
vamos começar a visitar os colégios da região para os professores e
alunos conhecerem o material”, diz.
O grupo acredita que o projeto será distribuído nas escolas depois que a
pesquisa for concluída. “Se a Fundação achar que deve ser distribuído
em larga escala, eles vão registrar a patente e fazer a distribuição por
conta.
A gente acredita que eles façam, sim”, diz o professor
confiante. “Posso ajudar outros alunos a terem a mesma oportunidade que
eu tive de estudar”, finaliza Ligyani.
Fonte: G1
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