A união de robôs e humanos de forma cooperativa parece assunto para a ficção científica, mas um estudante do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que isso pode ser real e ganhou 10 mil dólares por desenvolver um braço mecânico capaz de copiar movimentos.
Vinícius Bazan Pinto Fernandes, de 22 anos, está concluindo o curso de
Engenharia Mecatrônica na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e
conquistou o segundo lugar no concurso global Toradex Design Challenge
com o projeto Wearable Interface for Teleoperation of Robot Arms.
O WITRA permite que o usuário manipule um robô de forma intuitiva, com o
movimento do próprio corpo.
Quer que o braço robótico erga algo? Faça o
movimento e ele reproduzirá. Tudo porque sensores colocados no braço,
antebraço e punho do operador captam as variações.
Os dados são enviados
para um microcomputador que lê as informações e faz com que a máquina
as interprete, recriando a trajetória de maneira quase instantânea.
Para o estudante, o diferencial de sua proposta na comparação com os
demais concorrentes foi a interface intuitiva.
“Tenho uma espécie de
lema: dar para qualquer usuário, independentemente da idade e da
escolaridade, a mesma performance. Criar sistemas complexos, mas com
interfaces simples”, explicou o jovem, que vê nessa concepção uma opção
mais amigável para o futuro da relação entre máquinas e homens.
“Eu acredito que é uma possibilidade para a indústria e toca em um
ponto que não é a substituição do homem pela máquina, e sim a
cooperação. Unir as duas coisas: a inteligência do humano com a força e a
precisão do robô”, afirmou.
“Esse é o futuro para mim, essa mudança de
pensamento da substituição para a cooperação”.
Percurso
Vinicius realizou iniciação científica com o professor Glauco Augusto
de Paula Caurin na área de reabilitação robótica, como o uso de robôs em
fisioterapia, e em agosto de 2012 embarcou para os Estados Unidos para
um intercâmbio na New York University pelo programa Ciências sem
Fronteiras.
“Me inscrevi em uma matéria do mestrado em mecatrônica e desenvolvi um
projeto em robótica. Trabalhei durante oito meses no laboratório da
universidade e, quando voltei, fui conversar com o professor Glauco. O
projeto do desafio, que é também meu trabalho de conclusão de curso
(TCC), é similar ao que fiz em Nova York, mas lá era um protótipo. O
professor gostou da ideia e aqui criamos uma 2ª versão melhorada,
robusta”.
De volta ao Brasil, Vinicius ficou sabendo do concurso e resolveu se
inscrever. Efetuou o registro sozinho, mas em todo o percurso contou com
o apoio do professor Glauco e também de Daniel Magalhães, Kleber
Andrade e de colegas e funcionários da USP e da New York University.
“Trabalhei muito pensando em ficar entre os dois primeiros. Sabia que
era difícil porque é uma competição global, mas trabalhei muito”,
contou.
O empenho deu resultado. Após sete meses de competição, o estudante foi
informado que havia conquistado o 2º lugar e que, em maio, iria receber
um cheque de 10 mil dólares.
Agora com o dinheiro em mãos, ele pretende
investir o montante para, no futuro, definir a melhor forma de usá-lo.
“Pretendo trabalhar com inovação e levar o conhecimento para outras
pessoas, provavelmente usar para criar um negócio”.
Fonte: G1 / Vida Mais Livre
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