4 de jun. de 2015

Amigos fazem rifa para ajudar colega com deficiência visual em Araxá, MG

Foto de Yasmin e sua mãe lendo braile


Os olhos de Yasmin de Castro Rosa Silva, de seis anos, são as mãos. Moradora de Araxá, em Minas Gerais, a estudante nasceu sem as pálpebras e teve os dois olhos perfurados em uma cirurgia de tentativa de correção, aos sete dias de vida.


Apesar dos problemas, Yasmin leva uma vida normal. A mãe da menina, Elbe Raquel de Castro Rosa, fez curso de braile e hoje ajuda na alfabetização da filha junto a escola. 


No entanto, durante o processo de aprendizado, Yasmin sentiu dificuldade ao escrever com o método de punção, que usa um objeto pontudo para marcar a folha.


Durante um curso para pessoas com deficiência visual, conheceu uma máquina de escrever em braile. 


O valor do equipamento era cerca de R$ 5 mil, o que seria inviável para família. Porém, a mãe de uns dos coleguinhas de Yasmin, Janice Guimarães, se sensibilizou com o caso e teve a ideia de fazer uma rifa.


Quando soube da oportunidade, a estudante não ficou de braços cruzados. Ao lado dos amigos de sala, saiu para vender a rifa na escola. 


“Eu sai de sala em sala e dizia: estou vendendo para me ajudar a comprar a máquina do braile. É R$ 10, quem quiser, pode ajudar. Fala com a mamãe ou com o papai que estamos rifando um bezerro”, contou.


E deu certo. Foram 500 rifas vendidas a R$ 10 e o valor da máquina foi alcançado. 


“A máquina vai chegar dos Estados Unidos e eu achei uma atitude muito boa dos meus amigos. Vou agradecer sempre a todos que me ajudaram”, afirmou.


Segundo a estudante, a diferença do método de punção para a máquina de escrever é que, no segundo caso, não há dores nas mãos. 


“É fácil escrever e ler em braile. O difícil é que dói as mãos. Agora eu vou comprar a máquina pra ser mais fácil ainda”, explicou.


A mãe Elbe contou que se surpreendeu, pois não esperava que as pessoas aderissem à rifa tão rápido. 


“Eu cheguei a pensar em não fazer a rifa, mas a Janice insistiu. Então conseguimos vendê-las, e a avó de uma coleguinha dela comprou a máquina nos Estados Unidos. Eu senti que minha filha é muito amada por todos”, disse.


A idealizadora da rifa, Janice Guimarães, disse que ficou feliz em ter alcançado o objetivo. 


“Eu sou apaixonada pela Yasmin. Quando ela falou que precisava e que não tinha o dinheiro, a sugestão foi instantânea. Foi de coração”, afirmou.


A rifa continua sendo vendida pela estudante e irá ajudá-la nos custos dos tratamento feitos em São Paulo e nas manutenções das próteses.


Yasmin na escola


 
A rotina da estudante não é diferente de outras crianças. Como cada dia uma delas faz a oração, Yasmin também tem o momento dela. 


Boa oradora, segundo a professora Roberta Maria Batista, é dedicada e além de aprender também ensina.


“É a primeira vez que estou tendo a experiência de dar aula para alunos de inclusão. É uma experiência de muita valia, pois não estou só ensinando, estou aprendendo muito. Terminei o curso de braile, por causa da Yasmin, que é uma aluna diferente e especial”, comentou.

 

Má formação 



Elbe contou que a filha nasceu com uma má formação no rosto e sem as pálpebras. 


Na cirurgia de correção, ela teve os olhos perfurados e por riscos de infecções, a família, junto com os médicos, decidiram retirar os olhinhos dela. 


Com isso, Elbe contou que optou em adaptar a filha com próteses. Com seis anos, Yasmin já passou por três cirurgias e trocou de prótese três vezes.


“A adaptação dela é muito boa. Ela é muito compreensiva, nunca escondemos nada. Já perguntaram porque ela não enxerga e ela conta que enxergava e com acidente que aconteceu perfurou os olhinhos. A prótese incomoda muito, então foi algo difícil de aceitar, mas insistimos e hoje ela sente falta se ficar sem a prótese. Tira para dormir e descansar e depois fica o dia todo com ela”, contou.


Além da adaptação da filha, a mãe também teve que se acostumar com a nova vida e decidiu fazer curso de braile para ajudar na alfabetização de Yasmin. 


“Deus coloca a criança na vida da gente porque sabe que vamos suportar. Queria  mostrar para ela que eu precisava saber (braile) também, sentia necessidade em me aprofundar para ajudá-la. Queria ajudar nas tarefas da escola, ler recadinhos deixados na agenda por ela e até mesmo um cartãozinho do dia das mães”, finalizou.






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