Uma dor que acomete metade da cabeça e que pode durar de
poucas horas até três dias.
Não por acaso, é uma das 20 causas mais
frequentes de incapacitação, segundo a OMS: em média, 18% das mulheres e
6% dos homens sofrem de enxaqueca.
Durante uma crise, há dilatação de
vasos sanguíneos da cabeça, o que causa dor pulsátil, e a hiperativação
de regiões do córtex cerebral que processam informações dos sentidos –
daí a característica intolerância a estímulos visuais, olfativos e
auditivos. Determinados cheiros e luz podem ser um verdadeiro tormento.
Não
há cura ou mesmo causa definida da síndrome, que parece resultar de uma
ampla combinação entre fatores genéticos, ambientais e emocionais.
No
entanto, o sofrimento pode ser atenuado com medicamentos, preventivos e
de “resgate”.
Nesse caso, é interessante procurar o médico neurologista
logo que as dores de cabeça comecem a se tornar frequentes ou interfiram
nas atividades diárias.
A automedicação deve ser evitada – analgésicos
comuns, vendidos em farmácia podem, em excesso, romper o mecanismo de
autorregulação neurovascular e causar uma cefaleia rebote.
Quase
sempre as crises são desencadeadas por algum fator, o “gatilho”. O
principal é o estresse, relacionado a mais de 30% dos episódios de
enxaqueca.
Outros fatores importantes: alterações na rotina de sono,
ficar muito tempo sem comer, consumo de álcool e de cafeína (ou mesmo a
abstinência no caso desta).
Com menos frequência, determinados cheiros,
alimentos e esforço físico podem desencadear a dor.
Conhecer os
“gatilhos” permite controlá-los melhor, explica o neurologista Clóvis
Roberto Francesconi, professor da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS).
De acordo com o médico, fazer um diário das crises ajuda a
identificar e a evitar hábitos possivelmente relacionados aos sintomas
da enxaqueca.
“Isso não quer dizer que certa
comida ou um copo de bebida vão sempre desencadear uma crise. Mas
reconhecer que existe associação entre episódios de dor e alguns
comportamentos pode ajudar o paciente a se tornar menos vulnerável,
sabendo o que evitar ou como se cuidar em certas ocasiões”, diz
Francesconi.
No caso das mulheres, o diário é especialmente útil para
observar se há relação entre as crises e mudanças hormonais do ciclo
menstrual, o que possibilita tratamento preventivo focado no período,
com doses menores de medicamentos que agem nos vasos sensibilizados.
Importante ressaltar, aliás, que mulheres com enxaqueca, principalmente
com aura (alterações visuais), são mais suscetíveis a doenças
cerebrovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC), risco que
aumenta mais de dez vezes se associado ao uso de pílula anticoncepcional
e ao hábito de fumar.
Fonte: Mente e Cerebro
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