O tipo sanguíneo de menos de 10% da população mundial, o grupo AB
estaria relacionado a um maior risco de declínio cognitivo com o
envelhecimento. A conclusão é de um estudo publicado na Neurology.
A hematologista Mary Cushman e seus colegas da Universidade de
Vermont analisaram dados de 30.239 mil afro-americanos e caucasianos com
mais de 45 anos que participam, desde 2007, da pesquisa Razões para
Diferenças Geográficas e Raciais no Derrame (Regards).
A pesquisa busca
entender a frequência acima da média de casos de AVC no sudeste dos
Estados Unidos, principalmente na população negra.
As informações sobre os voluntários são coletadas duas vezes por ano
por meio de questionários respondidos por telefone. As perguntas avaliam
funções executivas (como memória de trabalho e flexibilidade
cognitiva), que são importantes, por exemplo, para a aprendizagem.
Os
pesquisadores se concentraram nos dados de 495 participantes que, de
acordo com os resultados de ao menos dois dos três questionários,
apresentavam sinais de declínio cognitivo.
Eles compararam esse grupo
com 587 voluntários que tiveram desempenho considerado excelente e
observaram que, entre os indivíduos com sangue AB, a probabilidade de
apresentar prejuízos cognitivos em relação àqueles com o tipo A, B ou O
era, em média, 82% maior, mesmo considerando etnia, sexo e geografia.
Outros trabalhos exploraram a relação entre tipo sanguíneo e saúde do
cérebro: alguns apontam que os tipos A, B e AB estão associados a
elevada incidência de doenças cardíacas, derrame e coágulos – problemas
vasculares que podem afetar funções cerebrais.
No entanto, essas
consequências podem estar ligadas a especificidades na coagulação desses
grupos sanguíneos, o que não parece ter contribuído para os prejuízos
cognitivos descritos nesse novo estudo.
Assim, os pesquisadores
suspeitam que outras alterações relacionadas ao tipo de sangue podem
afetar o cérebro, como aglomeração de células ou sua aderência nas
paredes dos vasos sanguíneos.
Os autores enfatizam a necessidade de estudos de acompanhamento para
esclarecer essa relação e os mecanismos envolvidos. Mary Cushman diz
que, até lá, pessoas com o tipo AB não devem de forma alguma tratar o
declínio cognitivo precoce como uma sentença: todos os cérebros,
independentemente do grupo sanguíneo, podem se beneficiar muito de um
estilo de vida que envolva dieta saudável, atividade física regular e
controle do estresse.
Sangue e transtorno mental
Outros trabalhos sugerem associações entre o tipo sanguíneo e alguns
transtornos mentais, mas as evidências ainda não são consistentes. Há
muitos outros fatores determinantes.
A relação tem, ainda assim,
intrigado cientistas, que buscam esclarecer os processos biológicos que
ligam as moléculas do sangue ao aparecimento de problemas mentais.
Algumas relações apontadas, de acordo com o grupo sanguíneo:
- TIPO O: Maior propensão para desenvolver depressão e ansiedade grave; crianças podem apresentar maior risco de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade;
- TIPO A: Maiores probabilidades de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), além de tendência ao TDAH em crianças;
- TIPO B: Risco de TDAH pode ser menor nesse tipo.
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