O Fantástico contou a história de um pai e de um
filho. Um pai que lutou para que o filho viesse ao mundo mesmo sabendo
que ele sofria de uma grave deficiência. Um pai que faz questão de mostrar para todo mundo que o que ele pode fazer, o filho pode pelo menos acompanhar.
“Em toda corrida ou algum momento difícil da corrida eu sempre lembrava
das pernas dele para me dar mais forças para mim naquela hora de
dificuldade, na hora do desconforto”, relembra Neves.
José Rosa das Neves é praticante de triatlo. É do
filho Elkier que vêm a energia e a vontade para correr. O rapaz tem 22
anos, mas seu corpo tem o tamanho do de uma criança. É um dos efeitos da
mielomeningocele.
A doença afeta a coluna, os braços,
as pernas, a fala, a respiração, o cérebro e deixa o Elkier totalmente
dependente de ajuda.
Toda manhã, em uma casa simples na grande Curitiba, o Luís Iran, irmão
de 16 anos, é quem cuida de tudo enquanto o pai trabalha. A mãe dos
meninos não mora mais com eles.
Durante anos, a vida do Elkier foi
limitada as paredes, até que, um dia, o Neves viu que não precisava ser
assim: o filho podia participar da sua maior paixão.
Fantástico: Você juntou duas coisas que você ama.
José Rosa das Neves, praticante de triatlo: É, o meu filho e o esporte.
Porque muitas vezes eu deixei ele em casa pra ir correr. Não via a hora
de terminar a corrida pra voltar pra casa mostrar um troféu pra ele,
uma medalha pra ele. Sempre quis isso.
Mas surgiram as dificuldades... “Eu desempregado na época. Fiquei 18 meses desempregados para poder cuidar deles”, conta Neves.
Como levar o Elkier na água na prova de natação? E no trajeto com
bicicleta? Um a um, os problemas foram superados. Eles ganharam um barco
inflável e um carrinho especial, e começaram a treinar nas ruas do
bairro. O filho mais novo decidiu seguir os passos do pai. Virou atleta.
Em 2013, Neves e os dois filhos completaram a primeira prova juntos.
Fantástico: Você sentiu alguma diferença no comportamento dele?
José Rosa das Neves: Dá uma diferença grande porque o mundo dele era
uma cama, um sofá, quatro paredes e uma televisão. Quando nós passávamos
em frente ao público que tinha no local, que o pessoal aplaudia, ele
ficava muito empolgado.
No meio de tantos competidores, lá está a família Neves. Eles chegam
bem cedinho para a segunda etapa do campeonato de triatlo, em Brasília.
“É uma força de superação que até me emociona. Mais é muita superação. É
uma coisa muito bacana de ver. O pai que dando a maior força pro filho.
Isso é tudo de bom”, elogia uma atleta.
Mesmo puxando o bote com o filho, o Neves consegue nadar junto com os outros competidores.
Na primeira transição, nnguém pode ajudar o Neves, senão ele pode ser
desclassificado. Mesmo com o carrinho, ele manda muito bem! A equipe do
Fantástico de moto tem que acelerar pra pegar ele.
O Neves checa se está tudo bem com o filho. A última etapa é a troca da
bicicleta pra corrida. O sorriso do filho dá força para seguir em
frente.
Minutos antes da linha de chegada, o Luís Iran reencontra o pai e o irmão.
O pai e os dois filhos chegam juntos em mais um triatlo! Uma hora e
quarenta e sete minutos: o tempo não importa. Para eles, é como uma
vitória.
“Precisamos desses exemplos mesmo, viu pai? Pra gente aprender a
ser pai. Valeu, hein”, elogia um homem.
Fonte: Fantástico / Vida Mais Livre
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