Após um abaixo-assinado virtual e de ter o caso divulgado pela mídia, a
mãe que denunciou a cobrança de pagamento de um facilitador para
matricular o filho com deficiência na escola pública conseguiu ter seus direitos garantidos.
A tecnóloga em radiologia médica Sheila Velloso tentava desde o começo
do ano colocar o filho Pedro, de 8 anos, na rede municipal de ensino do
Rio de Janeiro, mas a Escola Pedro Ernesto, na Lagoa Rodrigo de Freitas,
na zona sul da cidade, onde ele foi matriculado, informou que não seria
possível deixar o menino acompanhar as aulas por falta de um mediador.
Pedro tem a Síndrome de Cornélia de Lange, uma doença neurológica rara, e
precisa de acompanhamento constante.
Na sexta-feira (29), Sheila foi recebida pela secretária Municipal de
Educação, Helena Bomeny, que prometeu colocar um profissional para
acompanhar o garoto.
“Ela me recebeu super bem, me tratou bem, falou:
'Não se preocupa, segunda-feira (1º) você pode levar ele que a gente vai
disponibilizar uma pessoa'”.
Hoje, no primeiro dia de aula, Pedrinho
teve o acompanhamento de um profissional designado pelo Instituto Helena
Antipoff (IHA), centro de referência em educação especial da rede
municipal.
“O Pedrinho ficou três horas na sala, ele ficou uma hora sentado na
carteira, eu não acreditei. Foi muito gratificante. Foi por isso que eu
briguei e botei a boca no trombone, porque eu sei que existe esse
trabalho legal dentro das escolas”, disse Sheila.
A mãe explicou que a diretora do colégio a recebeu hoje e adaptou as
atividades de Pedrinho na escola.
“A diretora mexeu na grade dele. Na
hora do inglês, ele vai para música. Eu pedi desculpas para a diretora
porque o caso repercutiu mal, mas eu sei que não estava ao alcance dela.
Não precisava eu ir para a mídia para conseguir isso, que é um direito
dele. Eu acredito no trabalho, eu gostei do que eu vi na escola hoje”,
disse.
“Para você ver a importância dele estar numa escolinha trocando essa
experiência. Os amiguinhos fizeram trabalhinho, fizeram desenho escrito
bem-vindo Pedrinho. Eu não queria que isso fosse só para o Pedrinho, mas
para o Davi, o João, todas as crianças que têm essa necessidade”,
acrescentou.
A fundadora da organização não governamental Escola de Gente, Cláudia
Werneck, destacou que a pedagogia atual indica que crianças com
deficiência frequentem as aulas regulares, o que é garantido por lei.
“Existem leis que garantem que toda escola pública seja inclusiva. O
Decreto 186/08, decreto da convenção sobre pessoas com deficiência da
[Organização das Nações Unidas] ONU, uma lei de 1989, que diz que é
crime uma instituição rejeitar uma criança com deficiência”.
Fonte: EBC / Vida Mais Livre
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