Atualmente muito se fala sobre o diagnóstico do autismo,
principalmente pela importância de uma intervenção precoce.
Os pais que
têm essa confirmação podem encontrar ampla informação na Internet e na
mídia sobre o assunto, principalmente relacionada ao desenvolvimento na
infância.
O que acontece é que essas crianças crescem e precisam também
de uma abordagem diferenciada.
Por isso, também é muito importante
discutir na área da saúde, da educação e na sociedade como um todo sobre
como lidar com o acolhimento da pessoa com autismo na vida adulta.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma
condição do neurodesenvolvimento de início precoce, caracterizado por
alterações na comunicação social e presença de comportamentos e
interesses repetitivos e restritivos.
No Brasil não existem estudos que
determinam com precisão o número de autistas no país.
Entretanto,
atualmente adota-se como critério de prevalência mundial 1% da
população, o que revela cerca 70 milhões de pessoas no mundo, dentre
elas dois milhões de brasileiros.
No TEA é comum a ocorrência de outras patologias, principalmente a
deficiência intelectual, a epilepsia e a síndrome de Down.
Com o aumento
da expectativa de vida da população, estamos convivendo com um evento
novo que é o envelhecimento do autista.
Contrariando muitos
prognósticos, eles estão chegando à velhice e nessa fase da vida podem
demandar mais cuidados do que outros idosos.
É comum a ocorrência do
envelhecimento precoce devido à neurofisiopatologia do TEA, que pode ser
agravada pela exposição à terapia medicamentosa intensa durante toda a
vida.
Indivíduos com diagnóstico de deficiência intelectual grave não
conseguem desempenhar as tarefas cotidianas sozinhos e na ausência dos
pais e na inexistência de mecanismos públicos que oferecem suporte,
ficam em condições de vulnerabilidade social.
A abordagem multidisciplinar, a participação da família e a atuação do
poder público são condições imprescindíveis para garantir a qualidade de
vida dessas pessoas.
Referência no Brasil no atendimento a adultos com deficiência
intelectual, o Censa Betim, acolhe pessoas de todo o país com os mais
diversos diagnósticos.
Em um ambiente projetado, adaptado e acolhedor,
elas desenvolvem diferentes habilidades, através de atividades como
aulas de música, artesanato, equitação, bocha, atletismo e natação, além
de contar com uma equipe transdisciplinar composta por médicos,
psicólogos, fisioterapeuta, pedagoga, enfermeira, nutricionista e
cuidadores em tempo integral.
Ao longo de quase 20 anos no acolhimento de pessoas com deficiência
intelectual, percebo que o envelhecimento precoce é uma realidade que
gera novos desafios para os profissionais que atuam nessa área.
Recentemente, discutimos sobre o Autismo na Vida Adulta durante o
Primeiro Congresso Internacional Autismo, em São Paulo.
Realizado pela
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pela Associação Autismo e
Realidade (A&R) o evento possibilitou um diálogo profícuo entre as
pessoas com TEA, seus familiares e a comunidade científica internacional
e nacional.
Os principais temas abordados foram as possibilidades de
reinserção social e ocupacional das pessoas com TEA, a sua sexualidade e
adaptação conjugal, o planejamento econômico familiar, o estigma que
eles e seus familiares enfrentam na sociedade e o envelhecer no autismo
com deficiência intelectual grave.
A Assembleia Legislativa de Minas
Gerais também abriu espaço para a discussão do assunto. Além do debate, é
essencial que existam ações e políticas públicas mais consistentes
voltadas para o autista e suas famílias.
Fonte: R7 / Vida Mais Livre
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