Sem
a necessidade de um cão guia ou de um cuidador, o professor Nelson
Santos Cauneto, deficiente visual há 15 anos, conquistou a segurança
para andar nas ruas com a ajuda apenas da bengala.
“Ela veio para somar,
ajudar a gente a ter uma independência de locomoção. É mais um
instrumento que com certeza pode nos ajudar bastante no futuro. Hoje já
está me ajudando”, diz Nelson.
O equipamento não é uma bengala comum, ela foi
melhorada. Um dispositivo preso no começo dela indica ao deficiente
visual aonde existem obstáculos no caminho. O equipamento emite
vibrações sensíveis ao toque das mãos.
Em um passeio na praça, Nelson consegue subir e descer escadas, identificar onde estão os bancos, desviar das pessoas e de animais. A pessoa com deficiência recebe o sinal de alerta com até três metros de distância de um obstáculo.
Essa bengala adaptada traz ainda outra diferença em
relação a comum. O equipamento avisa sobre obstáculos na altura da
cabeça, como galhos de árvore, por exemplo, que se não identificados
pelo deficiente visual podem até machucá-lo.
“Se ele detectar um
obstáculo aéreo, vibra a parte de cima. Se detectar um obstáculo
terrestre, vibra a parte de baixo”, explica o professor, que agora
caminha pelas ruas com mais tranquilidade.
O equipamento inteligente foi desenvolvido no
laboratório da Faculdade de Tecnologia de Garça por dois alunos do curso
de mecatrônica.
“Ver os deficientes usando o equipamento, conseguindo
detectar os obstáculos, desviar deles sem acidentes, é uma felicidade
muito grande”, conta o estudante Henrique Betoni.
O dispositivo ainda está em fase de testes, mas enche
de orgulho o estudante Leandro Nakahata. “A bengala é composta por uma
bateria, um controlador, dois sensores e dois motores elétricos”,
explica Leandro.
O desafio foi proposto pelo professor do curso de
mecatrônica, Gustavo Coraíne, que já tinha visto bengala semelhante à
venda no exterior, mas a um preço alto demais.
“Todos os dispositivos se
encontram no mercado em qualquer loja de eletrônicos, basta uni-los. No
exterior, um produto como esse, industrializado, custa R$ 3 mil. É
fácil encontrar na internet. Aqui no Brasil nós não temos nada parecido,
e a gente consegue desenvolver um desses com facilidade por R$ 500”.
Dados do IBGE mostram que no Brasil mais de 6 milhões
de pessoas tem alguma deficiência visual, sendo que dessas, 528 mil são
cegas. Agora, com a nova bengala, essas pessoas poderão ter mais
qualidade de vida.
“A bengala com o detector dá mais segurança e
autonomia também. O que a gente busca na vida é autonomia”, diz Nelson,
animado com a novidade.
Depois da fase de testes, os alunos pretendem produzir o dispositivo em grande quantidade e colocá-lo à venda no mercado.
Texto Original: G1
Fonte: Rede Saci
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