26 de ago. de 2015

Menino que nasceu sem orelha recebe implante feito com a própria cartilagem

Foto de Elijah e um médico examinando sua orelha


Quando Elijah Bell nasceu, sua família levou um choque ao descobrir que ele não tinha orelhas


Depois de cinco cirurgias, o garoto americano finalmente pôde começar seu ano escolar, na semana passada, com um par de orelhas novas, feitas com cartilagem retirada de suas próprias costelas.


Elijah, hoje com 8 anos, tem uma condição chamada microtia bilateral e, apesar da ausência das orelhas, é capaz de ouvir com a ajuda de um aparelho auditivo de condução óssea (BAHA, na sigla em inglês).


Descobrir que o filho tinha nascido com esse problema não foi fácil para a família. “Foi assustador, confuso e de partir o coração” disse sua mãe, Colleen Bell, em entrevista ao G1 por e-mail. 


Logo após o nascimento, ele fez exames para verificar a saúde de outros órgãos e checar se era capaz de ouvir normalmente. 


“Ele ouve em volume normal, mas não tem a habilidade de ouvir direcionalmente. Ele usa dois aparelhos auditivos BAHA, que captam os sons, vibram contra seu crânio e isso faz seu ouvido vibrar também”, conta Colleen.


Por causa da microtia, sons muito altos como o de um cortador de grama ou da máquina de lavar louça podem trazer grande incômodo para o menino, que também tem dificuldade em selecionar e distinguir os sons quando está diante de várias fontes de barulho. Mas, na maior parte do tempo, seu cotidiano é como o de qualquer outra criança.


A mãe conta que Elijah sempre foi bem acolhido por outras crianças. “Havia algumas crianças cruéis às vezes, mas de maneira geral nossa igreja, nossos amigos, as escolas e os times de esporte sempre receberam Elijah sem problemas. A parte mais difícil eram os olhares que ele costumava receber”, diz.


Baixa autoestima



Apesar de não dizer que se sentia mal por não ter orelhas, a família percebia que a autoestima de Elijah era baixa. 


“Ele ficava tímido diante das pessoas, não gostava de ser o centro das atenções e tinha um problema com raiva. Ele vinha passando por aconselhamento para ajudar a reconhecer maneiras corretas de expressar seus sentimentos e, a partir disso, surgiu um sentimento de estar chateado por ser diferente. Sabíamos que precisávamos reverter isso”, diz Colleen.


A família decidiu, então, que a criança se submeteria aos procedimentos para ter orelhas novas implantadas. Quem coordenou o procedimento foi o médico 
Ananth Murthy, diretor de cirurgia plástica do Hospital Infantil de Akron, no estado de Ohio. 


Ao todo, foram cinco cirurgias: a primeira, foi quando o menino tinha 4 anos e a última foi no dia 28 de julho.


O médico observa que, com idades entre 6 a 8 anos, as crianças já têm orelhas totalmente crescidas, por isso essa é uma idade boa para a realização do implante.


Primeiro, ele teve cartilagem da costela retirada para “esculpir” uma das orelhas, que foi implantada sob a pele do lado direito da cabeça. Em seguida, o mesmo foi feito do lado esquerdo. 


Depois, houve uma cirurgia para criar espaço entre a orelha e a cabeça. Foram feitas, ainda, duas cirurgias para acentuar as curvas e reentrâncias naturais de uma orelha.


“Ele não entendia totalmente o que estava acontecendo, mas ele amava a ideia de ter orelhas novas e foi a criança mais corajosa do mundo. Foi bem doloroso, mas ele amava o período em que ficava no hospital porque ele ganhava leite achocolatado em todas as refeições”, conta a mãe. 

Ela acrescenta que, entre todas as cirurgias, o procedimento mais doloroso foi a retirada da cartilagem da costela.


Colleen relata que, na segunda-feira passada, Elijah viu a versão final de suas orelhas. “Foi um momento muito especial.”

 


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