21 de ago. de 2012

Jovem ganha cão-guia após quase cinco anos de espera em SP

Cão-guia em trabalho
Foram quase cinco anos de espera até que Gabriel Vicalvi, 26 anos, deficiente visual desde o nascimento, passasse a enxergar através dos passos da golden retriever Júlia.

 A cadela nascida e treinada no Brasil foi entregue como cão-guia ao analista de sistemas nesta sexta-feira (17), em uma feira de reabilitação em São Paulo.

Gabriel tem uma doença congênita e esperava ansioso por um cão-guia que fosse compatível ao seu perfil. Júlia surgiu então para acompanhá-lo na rotina de uso do transporte público, em seu trabalho e na vida familiar, com os pais e a noiva. “É uma mudança completa de vida. É como se eu aprendesse a andar novamente, mas esperei muito por isso. Estou muito feliz e orgulhoso de fazer parte desse grupo tão restrito de cegos que podem contar com a ajuda de cães-guia”, disse ao G1.

Agora, já com Julia, Gabriel deverá passar por um mês de treinamento e só depois desse período passará a ser guiado efetivamente pela cadela. “Será o momento de nos conhecermos, sentirmos um ao outro e só depois disso ela será minha guia.”

No Brasil, de acordo com a Projeto Cão Guia Brasil, são mais de 5 milhões de deficientes visuais e 71 pessoas com cães-guia. Outros 12 mil deficientes esperam pelo seu melhor amigo em uma fila que não leva apenas em consideração a ordem de chegada, mas a compatibilidade entre o cão e o futuro dono.

“Até os três meses de vida o cachorro fica com outros cães para entender como vivem. Depois disso, ele passa cerca de 1 ano e meio em convivência com seres humanos para compreender nossa rotina. Só então ele passa a ser efetivamente treinado a parar diante de obstáculos, desviar, a aprender como ser um bom guia. 

Há restrições a cães agressivos e até mesmo a altura e o peso do cão influenciam na escolha do dono, além do tipo de vida que esse dono leva”, diz Moisés Vieira Junior, instrutor. Júlia é o quarto cão-guia entregue pelo Instituto Iris neste ano no Brasil. Os três doados anteriormente foram treinados em parceria com uma escola americana. Já Júlia nasceu e foi treinada no Brasil pelo instrutor George Thomaz Harrison, diretor presidente do Cão Guia Brasil.

“Não é um simples adestramento, é um estudo de comportamento. Hoje para mim é um dia muito emocionante. Passei dois anos com esse cão e agora entrego a Júlia para quem vai passar com ela o resto de sua vida”, diz Harrison. O treinamento de Júlia durou dois anos. Nesse período, além de George, ela contou com o apoio da empresa Brazilian Pet Foods, que patrocina essa e outras ações do Projeto Cão Guia. O custo para a manutenção de um cão-guia durante seu treinamento, de acordo com a Laurita Fila Bortoletto, gerente da empresa e do projeto “Ajude a Treinar um Cão Guia”, gira em torno de R$ 30 mil por ano.

“Você nasce de novo. Ganha segurança, liberdade. Um cão-guia é capaz de propiciar interação. Não é apenas uma questão de mobilidade. É uma questão de inclusão”, afirma ao G1 uma das fundadoras do Instituto Iris, Thays Martinez, que há 12 anos conta com a ajuda de um cão-guia.

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