Foram quase cinco anos de espera até que Gabriel Vicalvi, 26 anos, deficiente visual
desde o nascimento, passasse a enxergar através dos passos da golden
retriever Júlia.
A cadela nascida e treinada no Brasil foi entregue como
cão-guia ao analista de sistemas nesta sexta-feira (17), em uma feira de reabilitação em São Paulo.
Gabriel tem uma doença congênita e esperava ansioso por um cão-guia que
fosse compatível ao seu perfil. Júlia surgiu então para acompanhá-lo na
rotina de uso do transporte público, em seu trabalho e na vida
familiar, com os pais e a noiva. “É uma mudança completa de vida. É como
se eu aprendesse a andar novamente, mas esperei muito por isso. Estou
muito feliz e orgulhoso de fazer parte desse grupo tão restrito de cegos
que podem contar com a ajuda de cães-guia”, disse ao G1.
Agora, já com Julia, Gabriel deverá passar por um mês de treinamento e
só depois desse período passará a ser guiado efetivamente pela cadela.
“Será o momento de nos conhecermos, sentirmos um ao outro e só depois
disso ela será minha guia.”
No Brasil, de acordo com a Projeto Cão Guia Brasil,
são mais de 5 milhões de deficientes visuais e 71 pessoas com
cães-guia. Outros 12 mil deficientes esperam pelo seu melhor amigo em
uma fila que não leva apenas em consideração a ordem de chegada, mas a
compatibilidade entre o cão e o futuro dono.
“Até os três meses de vida o cachorro fica com outros cães para
entender como vivem. Depois disso, ele passa cerca de 1 ano e meio em
convivência com seres humanos para compreender nossa rotina. Só então
ele passa a ser efetivamente treinado a parar diante de obstáculos,
desviar, a aprender como ser um bom guia.
Há restrições a cães
agressivos e até mesmo a altura e o peso do cão influenciam na escolha
do dono, além do tipo de vida que esse dono leva”, diz Moisés Vieira
Junior, instrutor. Júlia é o quarto cão-guia entregue pelo Instituto Iris neste ano no
Brasil. Os três doados anteriormente foram treinados em parceria com uma
escola americana. Já Júlia nasceu e foi treinada no Brasil pelo
instrutor George Thomaz Harrison, diretor presidente do Cão Guia Brasil.
“Não é um simples adestramento, é um estudo de comportamento. Hoje para
mim é um dia muito emocionante. Passei dois anos com esse cão e agora
entrego a Júlia para quem vai passar com ela o resto de sua vida”, diz
Harrison. O treinamento de Júlia durou dois anos. Nesse período, além de
George, ela contou com o apoio da empresa Brazilian Pet Foods, que
patrocina essa e outras ações do Projeto Cão Guia. O custo para a
manutenção de um cão-guia durante seu treinamento, de acordo com a
Laurita Fila Bortoletto, gerente da empresa e do projeto “Ajude a
Treinar um Cão Guia”, gira em torno de R$ 30 mil por ano.
“Você nasce de novo. Ganha segurança, liberdade. Um cão-guia é capaz de propiciar interação. Não é apenas uma questão de mobilidade. É uma questão de inclusão”, afirma ao G1 uma das fundadoras do Instituto Iris, Thays Martinez, que há 12 anos conta com a ajuda de um cão-guia.
“Você nasce de novo. Ganha segurança, liberdade. Um cão-guia é capaz de propiciar interação. Não é apenas uma questão de mobilidade. É uma questão de inclusão”, afirma ao G1 uma das fundadoras do Instituto Iris, Thays Martinez, que há 12 anos conta com a ajuda de um cão-guia.
Fonte: http://g1.globo.com/
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