O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) pretende coordenar visitas a 100 mil pessoas com deficiência que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), até 2014, oferecendo a elas a chance de se qualificar para o mundo do trabalho. Essa é uma das principais metas do BPC Trabalho,
direcionado a cerca de 900 mil beneficiários com idades entre 16 e 45
anos em todo o país.
O programa foi instituído em 2 de agosto e integra
as ações do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite.
A proposta do BPC Trabalho é quebrar o paradigma de que pessoas com
deficiência são incapazes de trabalhar. “Hoje, o foco mudou: não é a
pessoa que é incapaz de trabalhar, mas o mercado que não está preparado
para recebê-la. E cabe ao Estado atuar para identificar e eliminar as
barreiras que impedem o acesso ao trabalho”, explica Elyria Credidio,
coordenadora-geral de Acompanhamento dos Beneficiários do Departamento
de Benefícios Assistenciais. Além do MDS, o BPC Trabalho envolve ainda
os ministérios da Educação (MEC) e do Trabalho e Emprego (MTE) e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
A ação divide-se em duas etapas: a primeira, de responsabilidade do
MDS, prevê visitas domiciliares, que serão feitas pelas equipes do
Sistema Único de Assistência Social (Suas). O objetivo é fazer um
diagnóstico social dos beneficiários e de suas famílias, captar suas
demandas específicas, encaminhá-las às políticas setoriais capazes de
resolvê-las e sensibilizá-las sobre a oferta de qualificação
profissional. “Nessa fase, deixamos claro que participar dos cursos e
trabalhar não é uma condição, mas uma opção, e que, ao fazer os cursos,
as pessoas não perdem o benefício”, explica Elyria.
A partir dessa primeira abordagem, os beneficiários interessados na
qualificação são encaminhados a vagas em cursos do Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) criadas no âmbito do Plano
Viver Sem Limite. Entre as metas do plano está a criação de 150 mil
vagas nesses cursos específicos pelo MEC, e a previsão de que, durante
toda a qualificação, as pessoas com deficiência tenham acompanhamento de
núcleos de apoio nos Institutos Federais de Educação e em outras
instituições que ministrem cursos do Pronatec. O encaminhamento ao
mercado de trabalho após os cursos será responsabilidade do MTE.
Projeto-piloto – O BPC Trabalho começou a ser
elaborado em 2010, com a implantação de uma experiência piloto nos
municípios de São Paulo e Santo André. No ano passado, foi ampliado para
outras sete capitais brasileiras: Belém, Fortaleza, Teresina, João
Pessoa, Recife, Campo Grande e Porto Alegre. Em setembro, o MDS fará um
balanço dos resultados do projeto-piloto e dos ajustes necessários para a
nacionalização do BPC Trabalho. Inicialmente, o foco serão as capitais e
os municípios de grande porte, que já tenham estrutura para oferecer
cursos e vagas de trabalho.
Elyria avalia que o trabalho dos profissionais de assistência social na
abordagem domiciliar dos beneficiários e de suas famílias permite
resultado melhor do que campanhas em meios de comunicação. “Primeiro
porque são pessoas que já têm a segurança da renda mensal e que, em
geral, não costumam procurar essa qualificação.
Segundo porque é preciso
deixar claro como devem proceder para ter acesso aos cursos e o que
acontece se arranjarem emprego”, diz. “Muitos receiam perder o
benefício, mas, na verdade, ele fica apenas suspenso quando a pessoa
comunica ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que está
trabalhando. Se ela perder o emprego, volta a receber o BPC sem
necessidade de novo registro.”
A garantia de retorno ao BPC se ampara em recentes mudanças na Lei
Orgânica da Assistência Social (Loas). Além disso, as pessoas com
deficiência podem ser contratadas como aprendizes, independentemente da
idade. Caso isso ocorra, elas podem acumular o salário e o BPC por um
período de até dois anos.
BPC tem quase 3,7 milhões de beneficiários
O BPC garante a transferência mensal de um salário mínimo ao idoso, com
idade de 65 anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer
idade,com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, que, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas. O programa é gerido pelo
MDS e pago pelo INSS, comrecursos do Fundo Nacional de Assistência
Social. Hoje, o BPC tem quase 3,7 milhões de beneficiários, dos quais
1,9 milhão são pessoas comdeficiência. Por mês, o pagamento do benefício
representa investimento de R$ 2,3 bilhões.
Fonte: http://www.mds.gov.br
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