A exposição itinerante Para Todos - O Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil, que pode ser vista até esta quinta-feira (23/08), na Estação Bonsucesso do trem urbano (Teleférico do Alemão), no Rio de Janeiro,
tem provocado polêmica pelo fato de o local onde foi montada ser uma
exceção à regra dentro do sistema de trens do Rio de Janeiro.
O local é acessível às pessoas com deficiência, mas, segundo a superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD),
Teresa Amaral, apenas duas estações do sistema de trem da capital
fluminense, de um total de 99, estão completamente adaptadas.
'A questão é: como uma empresa que não tem a responsabilidade da
acessibilidade em 97 estações faz uma exposição falando dos direitos da
pessoa com deficiência, se ela própria não respeita?'. Apenas as
estações de Manguinhos e Bonsucesso estão totalmente adaptadas, com
elevadores e piso tátil.
Teresa aponta que o trem é um dos principais meios de transporte da
população do Rio de Janeiro, com 540 mil passageiros por dia, sendo
cerca de 4.600 pessoas com deficiência. 'Os trens são totalmente
inacessíveis, não só as estações. Por exemplo, tem uma distância muito
grande entre o trem e a plataforma, em alguns lugares a cadeira de rodas
não passa nas catracas, tem escadas onde as pessoas têm que ser
carregadas. Então, todas as estações, praticamente, impedem o direito
constitucional de ir e vir da pessoa com deficiência', relata Teresa.
O decreto 5.296/04 determina que a adaptação do sistema ferroviário
seja feita até dezembro de 2014. Mas, de acordo com a SuperVia,
concessionária que administra o trem urbano do Rio de Janeiro, a
previsão é que a acessibilidade de todas as estações fique pronta apenas
em 2020, com investimento de R$ 150 milhões.
Por enquanto, a concessionária adota a acessibilidade assistida, na
qual todos os funcionários das estações são treinados para ajudar as
pessoas com deficiência. A SuperVia informa que a gestão atual assumiu a
administração no ano passado e já começou a fazer as adaptações
necessárias. As estações Olinda, Mesquita, Saracuruna e Japeri têm
rampas para acesso e as obras já começaram em Piedade, Quintino e
Cascadura. Padre Miguel, Triagem e Japeri serão as próximas a passarem
pela reforma.
A Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDH/PR),
que promove a exposição, informa que avalia a acessibilidade do local
que vai receber o evento, mas não faz o levantamento completo sobre as
condições oferecidas pela empresa.
A curadora da mostra, Vera Rotta, diz que não sabia que apenas duas
estações do sistema de trens fluminense são adaptadas. Ela explica que
um dos objetivos da mostra é chamar a atenção para o problema da falta
de acessibilidade nos locais de um modo geral e que, portanto, a
exposição na estação de trem cumpre o seu papel. 'O fato de a gente
colocar a exposição em uma das duas únicas estações no Rio de Janeiro
que são acessíveis, para mim, é uma questão até de publicizar o quanto
as outras não são. Então, é importante nesse sentido. O que importa é
que o local que a gente [a exposição] vai colocar seja acessível e
desperte no Poder Público, na população, a necessidade de que os outros
também se tornem [acessíveis]'.
A exposição Para Todos - O Movimento Político das Pessoas com
Deficiência no Brasil traz um recorte sobre a história da mobilização e
conquistas alcançadas em termos de acessibilidade e direitos. Os painéis
já foram vistos por mais de 30 mil pessoas em São Paulo, Florianópolis e
Porto Alegre. Do Rio de Janeiro, a mostra segue para Campo Grande,
Belém, Recife e Brasília.
Fonte: Agência Brasil / Edição: Lana Cristina / http://noticias.br.msn.com
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